O final da colheita de goiabas sempre foi um dos momentos mais aguardados na fazenda. A última festa do ano marcava o encerramento da temporada de frutas, e toda a fazenda se transformava para a ocasião. Desde cedo, as mulheres e as crianças estavam ocupadas decorando cada canto com guirlandas de folhas, flores e ramos de goiabeiras, enquanto os homens ajudavam a erguer grandes tendas brancas no pátio central.
A mesa principal, comprida e cuidadosamente preparada, estava repleta de pratos típicos feitos com goiaba. Tortas fresquinhas com goiaba caramelizada brilhavam à luz das velas que já começavam a ser acesas à medida que o sol se punha. Havia potes de compota de goiaba feitos com a fruta colhida pelos próprios moradores da fazenda, além de bolos fofinhos cobertos por calda de goiaba e goiabada caseira cortada em cubos perfeitos.
O cheiro doce de goiaba no ar misturava-se ao aroma de carne assada nas grelhas e de pão quentinho saindo do forno. As crianças corriam em volta das mesas, rindo e roubando pequenos pedaços de goiabada quando os adultos se distraíam. O clima era de alegria pura, e a fazenda nunca parecera tão viva e bonita.
Jade estava em seu quarto, terminando de se arrumar. Ela havia escolhido um vestido de algodão leve na cor creme, bordado à mão com pequenos detalhes florais. Seus cabelos estavam soltos, levemente ondulados, caindo sobre os ombros. Quando desceu as escadas da casa, sentiu o ar fresco da noite bater em seu rosto e viu as lanternas acesas que iluminavam a festa.
Ela parou um momento para admirar a vista: a fazenda estava deslumbrante. As árvores ao redor, decoradas com pequenos pontos de luz, pareciam cintilar sob o céu estrelado. As mesas, cheias de vida, estavam cercadas de amigos, familiares e funcionários da fazenda que haviam se reunido para celebrar o fim da safra.
Jade caminhou lentamente em direção ao centro da festa, seus olhos brilhando com a beleza do lugar. Foi então que avistou Max, que estava ao lado de Cleiton e Cristiane, conversando e rindo. Ele usava uma camisa branca simples e calças escuras, e parecia tão confortável naquele ambiente quanto ela.
A festa da goiaba estava no auge. O som animado da música ecoava pela fazenda, misturando-se ao riso alto das pessoas e ao cheiro doce dos pratos que preenchiam as mesas. Lanternas de luz amarelada balançavam suavemente ao vento, lançando sombras dançantes sobre os rostos dos convidados.
Max estava ao lado de Cleiton, observando a pista de dança com um copo de suco de goiaba na mão. Sua mente, no entanto, estava longe de qualquer conversa ou piada que Cleiton tentava puxar. Seus olhos estavam presos em um ponto específico da festa: Jade.
Ela estava dançando no meio da multidão, seu vestido leve movendo-se ao ritmo da música enquanto ela ria, com um brilho no olhar que capturava a atenção de todos ao redor. O suor começava a escorrer pela sua testa, pequenas gotas reluzentes em seu pescoço, enquanto seus cabelos lentamente se soltavam do coque que havia feito mais cedo. Cada movimento seu era natural, cheio de vida, e Max não conseguia desviar o olhar.
Ele sentiu seu coração acelerar, mas rapidamente desviou os olhos, forçando-se a olhar para outro lugar. "Não", ele pensou. "Não posso me deixar levar por isso." Ainda assim, cada vez que ele tentava focar em outra coisa, seus olhos inevitavelmente voltavam para ela. Era como se ela tivesse um magnetismo que ele não conseguia resistir.
A música ficou mais animada, e Jade girava, seu riso ecoando pelo ar. Max observava o suor molhar a base do pescoço dela, os cabelos se soltando ainda mais, as bochechas coradas de tanto dançar. O sorriso que ela exibia era como uma faísca de luz, e isso o fez sentir algo que tentava negar: um desejo profundo, quase primitivo, de estar ali, ao lado dela.
"Por que estou me sentindo assim?", pensou Max. "Ela sempre foi apenas... Jade. A menina que eu cresci junto. Por que agora parece diferente?"
Max se pegou olhando para as mãos dela, imaginando como seria segurá-las no meio da dança. Pensou em como seria se aproximar e sentir seu corpo próximo ao dela, o calor de sua pele, o perfume suave que ela sempre carregava. Mas ele sacudiu a cabeça, tentando afastar esses pensamentos. Não podia ceder.