Capítulo 43 - Parte 2

192 19 7
                                    

Após se despedir do genro, Ha-jun trancou a porta, soltando um suspiro profundo, enquanto o silêncio preenchia o espaço ao redor. O alfa voltou na direção de Ji-hoon, que permanecia sentado no sofá, tentando em vão secar as lágrimas que teimavam em cair, como se cada gota fosse uma lembrança da dor que sentiu.

No meio do caminho, Ha-jun parou, perguntando a si mesmo, se era o momento certo para uma conversa tão importante. Mas, ao ver a vulnerabilidade que estampava o rosto do homem que ele tanto amava, fez com que o alfa sentisse um aperto no peito seguido de uma necessidade de agir.

Com passos cautelosos, Ha-jun se aproximou e, sem dizer uma palavra, sentou-se ao lado do ômega, estendendo a mão e entrelaçando seus dedos nos de Ji-hoon, sentindo o tremor suave que ainda percorria o corpo do marido.

— Ji-hoon... nós sabemos que o gesto do Jungkook foi lindo e cheio de significado, mas eu não quero que você se sinta pressionado – o alfa murmurou, com um tom baixo e preocupado — Podemos conversar sobre isso quando você estiver pronto. Só quero que saiba que estou aqui. Mas, se preferir que eu vá embora, eu vou entender

O ômega ergueu o rosto lentamente, revelando seus olhos ainda marejados, porém agora havia algo a mais ali.

Sob a vulnerabilidade, uma força começava a emergir.

— Não... eu não quero que vá – ele respondeu com a voz levemente trêmula — Eu estou pronto para conversar. Se você estiver disposto, podemos fazer isso agora... e depois aproveitamos o jantar que o Jungkook preparou. O que acha?

— Acho uma ótima ideia – Ha-jun assentiu, sentindo o alívio se espalhar pelo seu corpo ao ver Ji-hoon disposto a falar

— As palavras do Jungkook me atingiram profundamente, e foi como se um filme passasse pela minha cabeça... Saber que a nossa história serviu de inspiração para ele guiar o nosso filhote foi um presente que eu não esperava. Mas antes de começarmos a nossa conversa, eu quero te contar algo daquela época que você nunca soube. Está tudo bem para você?

— Claro, fique à vontade para dizer tudo o que precisa. Estou aqui para te ouvir, sem pressa e sem julgamentos – Ha-jun respondeu, acariciando a mão do marido, como um lembrete silencioso de que ele estava presente, com todo o tempo do mundo

— Anos atrás, quando eu fui expulso de casa o meu appa alfa olhou nos meus olhos e disse que eu nunca seria feliz ao seu lado, deixando claro que torcia para que o nosso filhote morresse... – a voz de Ji-hoon falhou, e Ha-jun sentiu como se o ar tivesse sido arrancado de seus pulmões

As palavras do ômega o cortaram fundo, atingindo o alfa como um soco que refletia em seu peito. O rosto de Ha-jun se contorceu, em uma mistura de raiva e dor, mas ele permaneceu em silêncio, oferecendo a Ji-hoon o espaço que precisava para continuar.

— Eu só tinha dezessete anos, e não fazia ideia de como a vida seria difícil longe da casa dos meus appas... Mas, no fundo do meu coração, eu sabia que o meu sentimento por você era real. Na verdade, era a única coisa que me dava forças. Então, eu encarei o meu appa e disse que ele estava errado, que eu seria feliz com você, e que juntos iríamos criar o nosso filhote – Ji-hoon fechou os olhos, tentando controlar a respiração — Ele riu na minha cara, Ha-jun... Disse que eu não duraria um mês antes de voltar rastejando, implorando para ser aceito de volta. E, depois disso, me deu o último tapa, que atingiu o meu rosto e desmaiei

O sangue de Ha-jun fervia. Ele sentia uma fúria silenciosa, crescendo e pulsando em cada célula do seu corpo. "Filho da puta... eu devia ter matado ele," pensou, apertando a mão de Ji-hoon com cuidado, como se quisesse ancorá-lo naquele momento, incentivando-o a continuar.

SOULMATE | Namjin - Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora