A Teia do Imperador

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Commodus

A sala de estratégia do palácio está iluminada apenas por um conjunto de tochas nas paredes, lançando sombras pelo chão de mármore. Commodus está sentado ao centro, observando um pergaminho com anotações sobre o passado de Gaia, enquanto Falco, ao seu lado, folheia uma lista de aliados e inimigos da família Annius. Um servo permanece de prontidão à distância, aguardando ordens, mas atento para não chamar a atenção.

Commodus sorri de forma sombria enquanto lê as anotações — Gaia... tão cheia de orgulho, mas tão... vulnerável.  Curioso, não acha, Falco? Ela sobreviveu ao massacre da própria família porque estava..."convenientemente" nos aposentos de uma criada. 

— Conveniente, de fato César. Parece que a pequena Annius teve sorte ou... bons amigos em posições modestas...essa serva, Faustina é amiga de confiança, pelo que dizem. Talvez, Commodus, fosse prudente... separar as duas. Não queremos laços perigosos de lealdade onde deveriam haver apenas correntes. 

Assente, olhos brilhando com um toque de crueldade — Precisamente, Faustina não servirá mais a Gaia. Vou fazer questão de proibi-la de ver aquela... amiga tão leal. Vamos ver como nossa futura imperatriz reage ao saber que até os rostos familiares podem desaparecer. sorri, satisfeito com a própria ideia. A solidão faz maravilhas na disposição das pessoas, não acha?

 De fato. E quanto ao amante? Esse soldado plebeu... Quintus, não é? Desaparecido, mas parece que ainda ronda a mente dela. O suficiente para deixá-la... distraída. Um ponto fraco que poderíamos explorar, talvez?

Fecha o rosto por um momento, com o semblante carrancudo — Ah, sim. O soldado...um amor proibido. Quanto mais descubro sobre ela, mais vejo a hipocrisia da sua "virtude". Ela se apega a este Quintus como uma garota iludida, enquanto age com toda aquela... insolência comigo. dá um riso amargo. Talvez fosse bom deixar que ela se consuma de preocupação. Manter o destino desse Quintus um... mistério. Ela não precisa saber se ele está vivo... ou morto.

— Boa estratégia. A dúvida corrói mais do que a certeza. Agora, quanto ao casamento... aponta para algumas anotações sobre a herança do pai de Gaia.  Sugiro que não haja demora, quanto antes a união for oficializada, mais cedo poderá... extrair os benefícios que a acompanham.

Commodus olha para as anotações sobre a herança, os olhos se estreitando com interesse 
Sim... o casamento. Cada dia que passa, é uma oportunidade desperdiçada. O pai dela deixou mais do que simples ouro. Há rumores sobre alianças valiosas, informações, esconderijos secretos... e até certos segredos que podem se transformar em armas contra os nobres que ainda hesitam em apoiar-me completamente. sorri, sombrio. Imagine, Falco, as cartas que posso obter. A rede de influência, os favores. Gaia pode ser minha chave para dobrar o Senado e os mercadores.

Cruza os braços, pensativo — Inteligente. Mas ela não entregará essas informações de bom grado, você sabe disso. Sugiro paciência, Commodus. Ela precisa ser moldada... aos poucos. Que ela pense que a proximidade traz segurança, quando, na verdade, traz controle.

— Eu sou o mestre desse jogo, Falco. Não preciso de paciência com uma mulher como ela. Se Gaia deseja sobreviver, ela aprenderá a falar... e a obedecer. levanta-se, o rosto assumindo uma expressão calculada. Amanhã, ela saberá que Faustina foi afastada. E se isso não bastar para amolecer sua língua, há outras maneiras de "persuadi-la" a colaborar. Seja como for, a aliança dela será minha. E o casamento acontecerá... imediatamente.

— Quanto antes, melhor. Mas César, lembre-se... é sempre mais prudente manter um inimigo próximo e calmo, do que irritado e à espreita. Ela parece ter uma força interior... dá uma risada leve, diferente das outras mulheres que passou pelo seu caminho.

Ri de forma amarga — Força? Talvez. Mas a força dela está baseada em... ilusões. Acredita ser independente, acredita que pode me desafiar. Mas não passa de uma peça nas minhas mãos. E como qualquer peça, posso movê-la para onde eu quiser. Ela aprenderá que resistir a mim só lhe trará sofrimento. Ele pausa, refletindo, e lança um olhar afiado para Falco. —E se ela ousar tentar algo... mais drástico... sempre podemos lembrar-lhe que o sacrifício de sua família pode ser reencenado. Vamos usar sua querida amiga. 

— Brilhante, meu imperador. Isso a manterá na linha... e deixará claro que o preço da desobediência é a extinção completa de todos que amam. Ela é forte, mas até mesmo os mais fortes podem ser... dobrados. responde com um sorriso frio.

Commodus observa outro pergaminho com um sorriso frio — E quando eu achava que não poderia haver mais podres... Interessante... nossa querida Gaia parece ter mais segredos do que eu imaginava. Veja isso, Falco... uma nota sobre o "trágico" falecimento da mãe dela.

Falco ergue o olhar, curioso — Ah, sim. A mãe dela morreu sob circunstâncias... questionáveis. Dizem que o próprio pai de Gaia teve uma mãozinha no "acidente". Parece que ele se desfez da esposa para... subir um degrau a mais. Casou-se com uma mulher ainda mais rica logo depois, a mãe do jovem Cláudio, o meio-irmão dela.

Commodus ri com um tom de desprezo.  E pensar que ela se enche de moralidade e orgulho quando me encara. E no entanto, nasceu de um homem capaz de assassinar a própria esposa... por dinheiro. o sorriso se torna mais sombrio. Que coisa curiosa, não acha?

— Os Annius têm uma reputação entre os patrícios, mas não estão acima de atos... pragmáticos. Uma boa informação, Commodus. Isso pode ser útil. Nada como recordar à nossa futura imperatriz de onde realmente vem... e que nem sua família é tão nobre quanto ela finge.

Commodus assente, pensativo — Sim... Gaia detesta a hipocrisia, se veste de virtude e honra. Mas é filha de um assassino tão ambicioso quanto eu. sorri.  Isso é algo que ela precisa... lembrar. Talvez, quando a convencermos de que seu sangue não é tão "puro" assim, ela aceite seu lugar com um pouco mais de... humildade.

— Posso ver onde isso vai dar. Nada desarma uma pessoa mais do que destruir suas ilusões. Diga-me... como pretende usar essa informação

Dá de ombros, ainda analisando os documentos.  Mas primeiro, afastamos aqueles que a fortalecem. Faustina, por exemplo. Essa criada é mais do que uma simples serva parece ser a única pessoa em quem Gaia confia de verdade. Pois bem, Faustina não verá mais a sua "amada" senhora. Vou deixá-la saber que, no meu império, até as amizades podem ser apagadas.

— Brilhante, meu imperador. Destruir as bases do orgulho dela... pouco a pouco. Deixar Gaia isolada, sem amigos, sem ilusões... e finalmente sem resistência. Assim, quando o casamento ocorrer, ela será tão útil quanto... moldável.  E  falando nisso, o casamento? Sugiro que ocorra logo. Quanto antes for sua esposa, mais rápido terá acesso à herança do pai dela... e, claro, aos aliados e segredos que ele guardava.

— Muito bem, então, providencie tudo para o casamento. E trate de colocar olhos em todos os cantos dos aposentos dela. Nada deve escapar ao meu conhecimento. pausa, com um sorriso frio Se Gaia quer jogar, então jogaremos.

Curva-se ligeiramente — Considero tudo feito, meu imperador. E quanto a Faustina... providenciarei sua transferência imediata. Serão necessárias novas "responsabilidades" longe da vista de nossa futura imperatriz.

Assente, os olhos cheios de uma satisfação sombria. — Excelente! Gaia achava que poderia resistir... mas não passa de uma peça nas minhas mãos. E como qualquer peça... posso movê-la ou esmagá-la, conforme desejar. ele se inclina para Falco, com um brilho cruel nos olhos.  E se ela ousar desafiar-me, saberá o que acontece quando alguém se opõe ao imperador. A resistência dela será quebrada... assim como os ossos de quem se recusa a obedecer.

Commodus se vira e sai, deixando Falco com um sorriso pragmático, enquanto este começa a planejar os próximos passos para cercar Gaia e garantir que cada movimento dela seja controlado.






Oaths of Revenge - Gladiador (2000)Onde histórias criam vida. Descubra agora