Aliança

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Gaia

Gaia estava sentada diante de um grande espelho, enquanto duas servas ajustavam seu penteado matinal. Fios de ouro finos eram cuidadosamente entrelaçados em seus cabelos castanhos, criando um coque elegante. Apesar da aparente tranquilidade do momento, sua mente estava distante, revendo os acontecimentos do banquete da noite anterior. Ela sabia que Commodus havia ficado satisfeito, mas com ele, isso nunca era garantia de paz. Ele era imprevisível  e isso a deixava constantemente alerta.

O som repentino de uma batida firme na porta a fez sobressaltar. Antes que as servas pudessem reagir, a porta foi aberta com força moderada, e Commodus entrou, imponente como sempre, seu olhar avaliando cada detalhe do aposento. As servas imediatamente pararam o que estavam fazendo e se curvaram.

— Deixem-nos.

Sem dizer uma palavra, as servas recolheram suas coisas e saíram apressadas, deixando Gaia e Commodus a sós. Gaia, ainda sentada, tentou recuperar a compostura. Apesar de estarem casados, as visitas de Commodus aos seus aposentos eram raras, e ele sempre trazia consigo uma aura de inquietação. Ela se levantou lentamente, ajustando as pregas de sua túnica, mantendo uma expressão controlada, mas sentindo seu coração acelerar.

— Commodus... uma surpresa vê-lo aqui tão cedo.

Ele não respondeu imediatamente. Em vez disso, caminhou lentamente pelo aposento, passando os dedos por uma mesa com objetos decorativos, como se estivesse inspecionando algo que só ele podia enxergar. Quando finalmente se virou para ela, seus olhos brilhavam com aquele misto de provocação e intensidade que Gaia já conhecia bem.

Com um sorriso leve, quase sarcástico — Deixarei o assunto de Maximus de lado... por enquanto. Ele pode esperar. Hoje, quero falar sobre você, Gaia.

Ela franziu a testa, intrigada. Commodus raramente falava dela diretamente, e isso a deixou desconfortável.

— Sobre mim?.

Dando alguns passos em sua direção, com as mãos cruzadas atrás das costas. — Sim. Tenho observado você... sua habilidade em lidar com os patrícios, sua graça em momentos de tensão. Ele pausa, inclinando a cabeça ligeiramente. — Até mesmo a maneira como fala comigo. Eu diria que você tem um... talento inesperado para sobreviver na arena da política romana.

Gaia sentiu o ar ficar mais pesado. Os elogios de Commodus nunca eram apenas elogios  sempre traziam consigo uma armadilha, algo que ele estava testando. Ele deu mais um passo em sua direção, reduzindo a distância entre eles.

— Mas política, minha querida Gaia, é apenas uma das muitas arenas que regem Roma. Quero saber se você pode lidar com algo mais... prático. Algo que exija mais do que palavras bonitas e sorrisos encantadores. —Quero que você administre a logística militar. Contagem de armamentos, organização de suprimentos, supervisão das rotas de transporte. — Quero que assegure que nossos soldados tenham tudo o que precisam. O império depende disso."

Paralisada por um instante, a voz presa na garganta. — Eu... na logística militar?.

Ela piscou algumas vezes, tentando processar o que acabara de ouvir. O peso da responsabilidade era uma coisa, mas o choque maior era o que aquilo representava. A imperatriz consorte, tradicionalmente, não tinha poder político ou militar direto no Império Romano  era uma figura simbólica, decorativa. Isso quebrava um costume profundamente enraizado.

— E por que não? Não é capaz de fazer isso?.

Ele inclinou a cabeça, os olhos analisando cada detalhe de sua expressão. Gaia, percebendo que não conseguia esconder completamente sua ansiedade, tentou encontrar as palavras certas, mesmo que sua voz estivesse um pouco hesitante.

Oaths of Revenge - Gladiador (2000)Onde histórias criam vida. Descubra agora