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Sérgio Paviotti
Eu estava terminando de me arrumar para o velório, eu vesti uma camisa social preta e a dobrei até a altura do cotovelo e sentia minhas lágrimas molhando meu rosto. Eu ouvia os soluços na sala onde minha mãe, irmãs e tias choravam amargamente, a noite havia sido uma noite terrível, parecia um pesadelo que não tinha fim.
Quando eu abri os olhos hoje de manhã eu achei que magicamente tudo voltaria ao normal e que os acontecimentos dos últimos dias não teriam passado de um sonho ruim, um pesadelo de uma noite febril.....mas não foi, não era um pesadelo....era a dura e terrível realidade que a minha família enfrentava agora.
Nós saímos de casa e fomos até o carro, minha mãe escondia o rosto em um lenço e chorava copiosamente, a minha tia estava soluçando e minhas irmãs estavam com os olhos inchados por trás dos óculos escuros de tanto chorar. Eu dirigi o carro até o cemitério enquanto fungava e ficava olhando fixamente para a frente, ao meu lado estava o meu tio com os olhos inchados e tentando segurar o choro. Demorou quase 20 minutos para chegarmos ao cemitério da Cacuia e fomos direto para o velório, quando eu olhei meu irmão estava chorando inconsolável ao lado do caixão, ele estava agarrado com o caixão e precisou ser amparado pelos parentes e amigos, o rosto dele estava tão vermelho e molhado como estava na noite anterior no hospital quando recebemos a fatídica notícia e ao lado dele estava ela....
Eu olhei para aquela vadia desgraçada e minha vontade era encher ela de tiros ali mesmo, uma puta desgraçada, uma prostituta interesseira que só trouxe desgraça para a vida do meu irmão desde o momento que ela invadiu e infectou sua vida. Ela estava chorando mas eu sabia que era mentira, ela era a culpada mas eu não tinha provas ainda, porém quando eu tiver eu vou meter uma bala na cabeça dela pelo que ela fez e por destruir uma vida inocente e por destruir a vida do meu irmão.
Nós nos acomodamos e os amigos e outros parentes começaram a chegar e todos tentavam consolar meu irmão e a nossa família, eu estava sentado num canto da capela e segurava em minhas mãos a bonequinha de pano que eu tinha dado para a Letícia no seu aniversário de 9 anos, apenas alguns meses atrás, eu olhava fixamente para a frente e alguns amigos da família e do meu irmão Zezinho chegavam para nos consolar. Eu senti uma mão pousar no meu ombro e olhei para frente,era o meu ex-namorado Jonas e mesmo a nossa separação tendo sido muito conturbada ele veio para prestar suas condolências a nossa família.
-Sérgio...eu sinto muito. - ele disse olhando pra mim.
Eu me levantei e o abracei forte e desabei no choro. Jonas começou a chorar também e ficamos ali abraçados um tempo, ele me guiou para fora da capela para eu respirar um pouco de ar puro e ficamos do lado de fora respirando um pouco enquanto mais gente chegava para o velório e eu estava ali chorando e segurando a bonequinha da Letícia na minha mão.
-Foi ela, Jonas....eu sei que foi ela! - eu disse sentindo as lágrimas no meu rosto.
-Sérgio...
-Eu vou provar que foi ela! - eu disse.
-Sérgio, por favor...respeita a dor do seu irmão. - ele disse.
-E aquela puta desgraçada ainda tem coragem de fingir tristeza quando todos sabem que no fundo isso foi tudo o que ela sempre desejou. - eu disse olhando pra capela.
-Sérgio, para com isso! - Jonas disse segurando meu rosto.
Jonas tinha a pele negra e seus olhos castanhos emanavam uma paz que me fez lembrar da época em que começamos a namorar, os seus cabelos crespos estavam com tranças que formavam um coque no topo de sua cabeça, hoje ele estava especialmente mais lindo do que o normal. Seus lábios grossos e suculentos pareciam tensos ao tentar me acalmar e ele olhou bem pra mim.
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O Amor é Como a Maré
FanficDavid está voltando a sua cidade natal depois de uma década fora trabalhando nos confins do Brasil profundo. Ele seguiu seu chamado para salvar vidas e encontrou muitas respostas e mistérios em suas jornadas. Ele era o orgulho do seu bairro, um rapa...