Traumas de infância

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IDIOTA!

Um estalo ressoa pelo quarto com o som do tapa, seguido por um grito surpreso.

Ai, Joffrey!

— Tio Aem não é um trapaceiro. Você que é burro e provavelmente não entendeu direito.

Lucerys massageia a testa, que ainda arde, e encara o irmão mais novo com uma mistura de incredulidade e irritação.

— Aemond é um canalha! — Lucerys grita, defensivo, o rosto ruborizado de frustração e embaraço. Sentindo-se humilhado por ter apanhado do próprio irmãozinho. — E pare de chamá-lo assim!

Joffrey franze o rosto e, com um olhar desafiador, cruza os braços.

— Você não manda em mim!

Sem hesitar, Joffrey levanta a mão novamente, prestes a desferir outro tapa, mas antes que pudesse avançar, Jacaerys segura firmemente o pulso do irmão, interrompendo a confusão.

— Já chega, vocês dois — o mais velho ordena, sua voz carregada de uma autoridade que fazia os dois irmãos mais novos encolherem os ombros.

Jacaerys havia atravessado o cômodo em passos silenciosos e firmes, posicionando-se ao lado dos irmãos sem que ninguém percebesse. Seu foco, porém, não estava exatamente neles; seu olhar se dirigia a sua mãe, que permanecia em silêncio, fitando um ponto fixo na parede, como se estivesse a milhas dali. Uma sensação de inquietude se instala no peito de Jacaerys. Aquela expressão vazia e distante raramente aparecia no rosto de Rhaenyra, mas quando surgia, geralmente indicava algo sério.

Ele conhecia aquela expressão — fria, como uma tempestade prestes a explodir. Nas poucas vezes que a tinha visto, Daemon havia sido a causa, fazendo algo pelas costas dela. Não importava o que fosse, Rhaenyra sempre descobria, e as brigas entre eles eram intensas e dolorosas de assistir. Mas, dessa vez, Daemon não tinha nada a ver com a situação. Mesmo assim, a postura rígida e os lábios pressionados dela lhe diziam que algo estava errado.

Jacaerys respira fundo e, com cuidado, toca as costas da mão de sua mãe, o polegar acariciando a pele fria. Sua intenção era chamar sua atenção de forma suave, sem assustá-la, mas os olhos dela permaneciam vidrados, sem qualquer sinal de reação.

— Mãe? — ele sussurra, tentando quebrar o estado ausente dela, enquanto Lucerys e Joffrey permanecem quietos, finalmente cientes da mudança de atmosfera no quarto.

Rhaenyra dá um leve sobressalto, como se despertasse de um transe, e Jacaerys sente um aperto no coração. Tanto ser cuidadoso…

— Está tudo bem? — ele pergunta, a voz hesitante, mas carregada de preocupação genuína.

Rhaenyra olha para ele e sorri, mas o sorriso parece forçado, uma máscara frágil sobre a verdadeira tempestade dentro dela. Jacaerys sente o desconforto aumentar; o sorriso de sua mãe nunca havia parecido tão tenso, como se estivesse apenas tentando convencê-los — ou a si mesma — de que estava tudo bem.

— Está tudo bem, querido — Rhaenyra diz, levando uma mão fria ao rosto de Jacaerys. Ele se encolhe levemente com o toque gelado, mas tenta disfarçar, observando-a enquanto ela se volta para Lucerys e Joffrey, sem perceber a reação dele.

Jacaerys acompanha a troca de palavras entre sua mãe e os dois irmãos mais novos, atento a cada detalhe.

— Lucerys, tente dormir um pouco. Você já passou por muita coisa. Depois eu venho ver você, filho. Joffrey, quer vir comigo? — Rhaenyra pergunta, sua voz suave, embora Jacaerys perceba a leve tensão que embarga suas palavras.

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⏰ Última atualização: Oct 28 ⏰

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