Esse mundo não é meu, esse mundo agora é meu

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Sasuke Uchiha

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Sasuke Uchiha

Uma semana se passou. O prazo máximo de Gaara. Sasuke suspirou antes de abrir a porta da própria casa, arrastando a mala de rodinhas consigo.

A última vez que estivera ali, foi com Naruto. Ele ficou ao seu lado, aquela presença quente e reconfortante, enquanto Sasuke recolhia suas roupas e o básico para sobreviver na casa dos Uzumaki dali por diante. Agora, no entanto, era como se o ambiente o comprimisse, deixando-o sem ar. Ele precisou abrir a boca, respirar fundo mais uma vez, implorando para que o oxigênio entrasse, enchesse seus pulmões. Era como se não tivesse nada por dentro.

Oco, vazio.

Caminhando pela sala, cada objeto o olhava, assustadíssimos, como se perguntassem o que aconteceu. Cada canto era um estranhamento, nada daquilo tinha o direito de existir sem Mikoto. Ele notou, logo de cara, que as plantas da mãe morreram. Talvez tenha sido melhor assim, ele não saberia mantê-las vivas. Ele não sabe manter nada vivo. Não tava protegendo ninguém, como Naruto havia lembrado.

O silêncio era opressor, quase palpável, impregnado de ausência. Era como se a casa e Sasuke precisassem se reapresentar. Oi, esse sou eu. Pois é, também não me reconheço.

Sasuke não era mais filho de ninguém.

Mikoto morta numa mesa de cirurgia, e ele não conseguiu se despedir. Agora, é necessário que algumas coisas morram junto com ela – a casa que antes era deles, só deles, Sasuke já até tinha se acostumado com isso. Suportava a perda de Fugaku, até de Itachi, mas a da mãe, não. Tudo tomou um ar fantasmagórico, as paredes, as janelas, as cortinas desbotadas pelo sol, as portas, o sofá, o tapete gasto pelo tempo, a mesa de jantar onde tantas refeições foram compartilhadas, as almofadas, a manta dela, e uma parte dele também precisava morrer. Era preciso explicar para aquela manta rosa de crochê que ela não mais sentiria o calor de Mikoto.

Ele se aproximou da manta, os dedos trêmulos buscando o tecido com uma resignação de quem não quer acreditar que a ordem do dia era definitiva. Num súbito, tomou coragem. Ele a segurou firme próximo do nariz, aspirando profundamente.

O cheiro dela ainda estava ali.

Arrebatador e real.

Seus olhos arderam com lágrimas enquanto a perda o atingia como se fosse um pedaço de concreto sob sua cabeça. Seus joelhos fraquejaram, ele se deixou cair no sofá, a manta ainda pressionada contra o rosto. Os soluços começaram baixinho, balançando seu corpo suavemente, como se o embalasse. Ranho e lágrimas se misturavam ao cheiro, a fusão de mãe e filho uma última vez. Os soluços inaudíveis logo se transformaram em choro convulsivo, profundo e angustiante. Ele se agarrava à manta como se fosse sua última esperança, uma bússola, à procura do caminho de regresso a casa.

Sasuke gritou. Gritou alto, tão alto que ele ainda não tinha percebido o quão silencioso estava. O som saiu abafado pela manta, como um lamento gutural. Era como se ele estivesse tentando expulsar a tristeza, mas a tristeza logo se transformou em raiva, raiva contida, raiva que explode por dentro, raiva contra si, contra todos os seus órgãos, seu interior queimando. Estúpido, por que desapareceu, deixando a mãe morrer assim, sem ter notícias de si? Teria que conviver com esse fardo pelo resto de sua vida.

(Arco 1) Vício Carioca: RaízesOnde histórias criam vida. Descubra agora