Hoje a tristeza não é passageira

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Naruto Uzumaki

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Naruto Uzumaki

A escuridão da noite havia sido uma mistura de sono inquieto e vigília constante, com a cabeça de Sasuke repousando em seu peito, os dois corpos conectados por uma proximidade desesperada, quase instintiva.

Agora, com a luz da manhã filtrando-se pelas cortinas entreabertas, Naruto estava sentado na cama, de frente para Sasuke, no mais completo silêncio. Ambos tinham as pernas cruzadas e os olhares fixos um no outro. E ambos sabiam, também, que algo não estava sendo dito.

Nenhum dos dois dormiu bem. Era impossível, com Mikoto enterrada há menos de vinte e quatro horas. As olheiras escuras sob os olhos de Sasuke eram evidências claras de seu sofrimento, mas havia também outras marcas: um hematoma roxo na bochecha, uma esfoladura no braço esquerdo e um corte no lábio, contavam a história de um sofrimento recente e diferente do qual Naruto não fazia a menor ideia.

O som da voz de Sasuke através do celular, quebrada e cheia de sofrimento, ainda ecoava em sua mente. E mesmo agora, de frente a ele, Naruto ainda não sabe o que de fato aconteceu. Sasuke não disse. E ele também não perguntou. Não dessa vez.

Naruto sabia, agora, que Sasuke estava escondendo algo. As palavras desconexas daquele dia, seu choro descontrolado e agora seus machucados, eram prova de que algo grave estava acontecendo. Ele desce os dedos pelo rosto de Sasuke, seus toques suaves explorando cada linha e curva.

Para a sua surpresa, Sasuke não recua. Ao invés disso, seu olhar vibra com uma mistura de intensidade e vulnerabilidade, como se estivesse permitindo que Naruto observasse as suas cicatrizes. Havia, nele, uma entrega silenciosa, que deixou Naruto meio desconcertado.

Estaria Sasuke à espera de algo? Talvez de uma pergunta, de uma pista que Naruto não conseguia encontrar. Ele sentia uma frustração crescendo dentro de si, por não conseguir penetrar a camada de silêncio e segredo que Sasuke havia construído ao redor de si.

Com um gesto suave, Naruto segurou uma mecha negra entre os dedos, para depois continuar deslizando os dedos até o lábio machucado. Sentia o calor e a fragilidade da pele sob seus toques, e cada movimento era uma tentativa de expressar seu amor.

Quando passou o dedo delicadamente pelo corte, ele viu uma contração no rosto de Sasuke, um indício de dor, mas também de aceitação. Era como se Sasuke estivesse conformado, ou apenas cansado de lutar, quem sabe. Naruto queria saber. Ele não sabia como perguntar, não sabia como começar a desenterrar a verdade sem forçá-lo.

Algumas horas depois, Naruto pedalava com força, os pedais girando com uma precisão quase automática enquanto ele navegava pelas ruas da cidade, a caminho do restaurante. A música alta nos fones de ouvido e seus pensamentos lutavam para acompanhar o ritmo frenético de seus pés.

O que poderia estar acontecendo com Sasuke? Essa pergunta não cessava de insistir. Naruto olhava para os carros que passavam, mas era como se à sua frente só houvesse a imagem do Uchiha, seus olhos cansados, seus machucados e seu silêncio incomum, junto ao eco da voz desesperada na ligação telefônica.

(Arco 1) Vício Carioca: RaízesOnde histórias criam vida. Descubra agora