Capítulo 2

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Quando acordei dei de cara com minha mãe.

- Oi. - Não sabia como agir depois de tudo que ela falou ontem.

-Oi, filha. - Ela sorriu, mas não retribui -Eu preciso te contar uma coisa...

- Pode falar. - Me preparei para mais uma bomba.

- Como você já sabe, eu me casei. Só que...ele não mora aqui no Rio. - Falou devagar, com medo da minha reação.

- Onde ele mora? - Peguntei me sentando na cama. Era só o que me faltava.

- Em uma cidade no interior do Rio Grande do Sul.

- Você tá brincando com a minha cara, né? Eu não vou. - Já sentia vontade de chorar novamente. Será que ela não podia me dar um tempo para assimilar tudo?

- Nada te prende aqui. - Argumentou

- E a escola? - Tentei rebater, sabendo que era inútil. Todos os meus amigos já deviam estar na faculdade. Não é fácil aceitar que a vida de todos que amava continuou sem mim.

- Você pode fazer supletivo. - Suspirei. Eu iria.

- Quando você pretendia ir?

- Quando você sair daqui.

- E quando eu vou sair? - Perguntei, esperando no mínimo semanas como resposta.

- Depois de amanhã. - Quê?

- Sério? Eu acabei de acordar de um coma de três anos. Que tipo de hospital é esse?

- Você está bem.

- Não estou me sentindo nada bem - Murmurei para mim mesma.

•2 dias depois•

Estava no avião rumo à casa do estranho-que-casou-com-minha-mãe, e já não aguentava mais ficar ali. O principal motivo era uma criança gritando atrás da minha poltrona, parecia que alguém estava esfaqueando seu abdômen, mas ela só queria o brinquedo do irmão, e eu estava quase gritando com a mãe dela por não fazer nada.
Eu estava tão tensa e tão nervosa, e aquela menininha não estava ajudando.

- Você vai amar, é uma cidade ótima, tem muitos jovens... - Minha mãe tagarelava e eu nem mesmo conseguia prestar atenção.

A criança continuou gritando e eu perdi a paciência. Virei para trás.

- Faça alguma coisa, ninguém é obrigado a passar horas dentro de um avião ouvindo sua filha gritar! Então dê um jeito de fazer ela calar a boca, porque eu não aguento mais! - Gritei. Sentindo meu coração acelerar e minha cabeça latejar. Eu só queria meu pai estivesse aqui e que tudo não passasse de uma brincadeira de mal gosto.

- O que você quer que eu faça? Feche a boca dela com fita? - A sirigaita rebateu, visivelmente irritada. Acho que nem ela aguentava mais a filha.

- Não sei. A filha é sua, use a imaginação.

Olhei para frente e depois de uns minutinhos ela parou e agradeci aos céus. Ignorando os olhares alheios que recebi.

Logo chegamos e o tal marido que eu ainda não sei o nome estava nos esperando.

Eu amava minha mãe, mas eu esperava o mínimo de consideração da parte dela para perceber que eu precisava de tempo para me acostumar com a ideia de ter uma vida completamente nova e com a ausência de uma parte de mim. Eu nem pude me despedir e dizer o quanto o amava.

Mas não, eu mal abri os olhos e ela me jogou dentro de um avião para um lugar que eu não conhecia e para viver com uma família que não era minha.

- Oi, amor. - Minha mãe o cumprimentou.

- Oi, como foi a viagem?

- Foi... - Ela olhou para mim como se mal me reconhecesse. Bem vinda ao clube. - mais ou menos.

A mesma mulher do avião passou por nós com a cara fechada, eu apenas a ignorei.

- Essa aqui é a Olivia. - Quebrou o silêncio - E esse é o Bruno. - Dessa vez se dirigiu à mim.

O cumprimentei com um sorriso forçado. O que eu queria mesmo era mandar todo mundo ir se foder, mas a educação falou mais alto, ou pelo menos eu tentei.

O Meu Melhor Erro (Hiatus e  Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora