Capítulo 3

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A casa do marido era bem grande, mas eu ainda prefiro o nosso antigo apartamento no Rio.

O quarto era branco e sem personalidade, como se fosse um simples quarto de visitas. Talvez de fato fosse. Eu realmente não me importava se eles tinham pensado em fazer um quarto para mim.

Eu deixei minhas malas no cômodo e sai daquela casa. Fui caminhando até chegar em um parque, no qual havia muitas pessoas. Sentei num banco e comecei a observar as famílias que ali estavam, todas felizes. Mães brincando com seus filhos, casais trocando carinho. E isso me fez pensar se algum dia eu também serei feliz como eles. Se eu também terei uma família que me ame, ou um namorado que faça eu me apaixonar mais a cada dia. Eu estaria satisfeita com pelo menos um cachorrinho para me fazer companhia.

Meus pensamentos foram interrompidos por um garotinho muito fofinho

- Oi. - Falou, com um sorriso sapeca no rosto, que só criança sabe dar. E foi o suficiente para levar o mal-humor embora.

- Oi. - Retribui sorrindo.

- Você é linda, tia.

- Obrigada, você também é muito lindo. - Apertei de leve sua bochecha rosada.

- Qual seu nome?

- Meu nome é Olivia. E o seu?

- Chlistian.

- Christian, que nome bonito.

- Obligado.

- De nada. - Soltei uma rápida gargalhada.

Ele se aproximou , puxando meu rosto, e deu um beijo babado na minha bocheca. Eu ri e dei um na bochecha dele. Ele fez uma cara travessa e correu até um garoto no outro banco.
O garoto me encarou sorrindo, e parecia que alguma coisa dentro de mim havia derretido, senti meu rosto queimar.
O tal garoto levantou e veio na minha direção. Não sei o motivo, mas eu comecei a suar.

- Oi. - Cumprimentou e apontou para o assento ao meu lado. Indiquei que estava livre e ele sentou.

- Oi. - Dei o melhor sorriso que consegui.

- Qual é o seu nome?

- Depende de quem quer saber.

- Eu quero. - Disse, como se isso resolvesse tudo.

- E quem é você? - Arqueei uma sobrancelha.

- Isso é sério? - Ele perguntou, com um sorriso fraco no rosto.

- Eu pareço estar brincando? - Meu Deus, o que eu estava fazendo? É só dizer a merda do meu nome.

Ele me encarou intrigado, mas depois riu.

- Meu nome é Tomás.

- Olivia.

- Bonito nome.

- Obrigada. É seu irmão? - Indiquei com a cabeça o garotinho que agora mexia em algo na terra do parque.

- É. O que ele te falou para conseguir um beijo? - Ele perguntou divertido.

- Não posso te passar o jogo dele, seria trapaça. - Sorri, e ele assentiu parecendo refletir por um momento.

- O menino tem futuro. - Uma covinha apareceu em sua bochecha.

- Orgulhoso?

- Claro, ensinei tudo que ele sabe. - Eu ri.

- Imaginei.

Ele abriu a boca para falar algo, mas meu celular tocou. O nome da minha mãe apareceu no visor e eu suspirei.

- Eu tenho que ir. Foi um prazer te conhecer, Tomás.

- Todo meu. - Ele me lançou aquele sorriso que deve ter passado anos aperfeiçoando no espelho.

Me levantei pronta para ir embora, mas ele me parou.

- Me dá seu número? - Eu abri a boca, propensa a negar, mas ele foi mais rápido - Não me faça usar meu coringa. - Lançou um olhar para o pequeno Christian. Eu sorri.

- Muito digno, usando uma pobre criancinha para conseguir o número de uma garota.

- Tá funcionando? - Ele ergueu uma sobrancelha. Eu revirei os olhos e estendi a mão, pedindo o telefone dele. Ele sorriu e me entregou. - Sabia que não passei dois anos trocando fraldas a toa.

-  A gente se vê, Tomás.

Cheguei em casa e logo senti o cheiro da famosa lasanha de frango da minha mãe. Ela sempre fazia para o meu pai, era meio que o prato dele.
Eu me distrai por um momento, porém o som estridente do  meu celular apitando me trouxe de volta.

Mensagem:

- Quer ir ao cinema sexta? Prometo deixar meu pupilo em paz.- Sorri e mordi o lábio inferior. Não foi difícil deduzir quem era.

- Claro, vamos ver do que é capaz quando sai debaixo da asa do irmão de dois anos de idade.

Antes de subir, gritei para minha mãe " Tô subindo".
Me joguei na cama e comecei a assistir TV enquanto trocava mensagens com Tomás. Ele é tipo, o pior contador de piadas do Mundo, mas ele insiste em ficar contando várias, elas são tão ruins que chegam a ser engraçadas.

E por um momento, me vi genuinamente alegre, mesmo com tudo que aconteceu.

Logo ouvi a porta da entrada sendo aberta e uma voz masculina levemente familiar gritando" Cheguei!".

Desci para jantar após uma hora, porém congelei no meio da escada. Todo meu corpo estremeceu, e aqueles grandes olhos azuis arregalados me encarando não ajudavam em nada.

- Você deve estar de brincadeira comigo. - murmurei.

O Meu Melhor Erro (Hiatus e  Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora