Um Amor Que Machuca, Dois Amores Que Fazem Chorar.

14. Atração

O dia seguinte chegou e, apesar da noite agitada, fui para o trabalho com o peso daquela mensagem ainda na mente. Cada passo até a empresa parecia um lembrete de que algo muito mais sombrio estava se desenrolando ao meu redor.

Ao final do expediente, enquanto organizava minhas coisas para sair, ouvi uma batida firme na porta. O coração disparou. Lembrei das mensagens, das ameaças veladas, e senti o mesmo arrepio da noite passada.

Respirei fundo antes de abrir, e lá estava Fábio, me observando com uma expressão mais intensa do que o normal.

— Maria... você tem um minuto? — perguntou, sua voz baixa, mas com uma firmeza que me deixou alerta.

— Claro — respondi, tentando não transparecer meu nervosismo.

Ele entrou e se aproximou de mim, os olhos fixos nos meus como se estivesse buscando algo além das palavras. Ele começou a elogiar meu trabalho, destacando minha dedicação e talento, mas havia um tom estranho na voz dele. A cada palavra, a tensão entre nós parecia crescer, o silêncio ao redor nos envolvendo.

— Maria, eu... — Ele parou, hesitante, e deu um passo à frente. — Eu admiro muito você. Não só profissionalmente... você é especial.

Fiquei sem palavras, sentindo meu coração acelerar. Ele me olhava com uma intensidade que misturava admiração e algo mais profundo. Ele estendeu a mão, tocando meu braço com uma delicadeza inesperada.

— E, com tudo o que está acontecendo, quero que saiba que estou aqui para o que precisar. Não quero que você se sinta ameaçada ou desprotegida.

Aquelas palavras de conforto vieram acompanhadas de um olhar tão próximo que, antes que pudesse raciocinar, nossos rostos estavam a centímetros de distância. Fábio se inclinou lentamente e, de repente, seus lábios encontraram os meus em um beijo suave, porém cheio de sentimentos contidos.

Por um momento, deixei-me levar. No calor daquele beijo, era como se todos os mistérios e ameaças desaparecessem. Mas, ao me afastar, uma onda de confusão me invadiu. O peso de todos aqueles segredos e das mensagens ameaçadoras voltou com força.

Eu o encarei, tentando encontrar respostas em seu olhar, mas ele apenas sorriu, um sorriso que parecia guardar algo.

— Não se preocupe, Maria — disse ele, como se soubesse dos meus pensamentos. — Às vezes, algumas respostas estão mais próximas do que pensamos.

Fábio saiu, me deixando sozinha. Olhei para a porta fechada, o coração ainda acelerado. Mas, no fundo, uma sensação estranha me dizia que ele sabia mais do que deixava transparecer.