13. "Alguns segredos precisam ficar escondidos."

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O dia passou como uma névoa pesada, e o desconforto da manhã parecia ter se espalhado por cada canto do escritório. Mesmo me concentrando em finalizar algumas edições de fotos, a presença de Fernando e Fábio rondava meus pensamentos, cada um com suas intenções não ditas. O peso das fotos que recebi e o tom ameaçador da ligação também não me deixavam em paz. Tudo parecia em suspenso, como se algo estivesse prestes a acontecer.

Quando o horário de almoço se aproximou, a tensão aumentou. Fernando se aproximou da minha mesa antes de Fábio, com um olhar firme e protetor.

— Vamos? — ele disse, tentando esconder o nervosismo. — Podemos almoçar lá fora hoje.

Eu sabia que ele queria conversar, mas antes que pudesse responder, Fábio apareceu ao lado dele, com um sorriso que parecia quase ensaiado.

— Maria, já estamos prontos? Achei que poderíamos conversar sobre o projeto enquanto comemos — ele disse, ignorando completamente a presença de Fernando.

Olhei para os dois, sentindo o peso da escolha. Algo me dizia que a situação estava se tornando mais complicada do que aparentava, mas, ao mesmo tempo, havia uma estranha atração em ir com Fábio. Talvez a curiosidade em entender o que ele realmente queria.

— Acho que vou almoçar com o Fábio hoje, Fernando. Podemos combinar outro dia? — falei, tentando suavizar o impacto.

Fernando assentiu, mas o olhar dele me dizia mais do que palavras. Algo nele parecia preocupado, como se ele soubesse de algo que eu não sabia. Resignado, ele deu um passo para trás e saiu da sala sem dizer mais nada.

Durante o almoço


Fábio escolheu um restaurante elegante, afastado do escritório, e parecia ansioso para impressionar. Enquanto falava sobre o projeto e elogiava meu trabalho, ele se inclinava levemente na minha direção, o olhar perscrutador, tentando captar cada reação minha.

— Sabe, Maria, você tem um talento único — ele disse, segurando meu olhar. — Não vejo muitas pessoas com o seu olhar para capturar a essência das coisas. É inspirador.

A cada elogio, sentia um leve desconforto, algo na maneira dele parecia ultrapassar a linha profissional. Decidi desviar a conversa para o projeto, tentando manter as coisas no campo de trabalho. Mas, conforme o almoço avançava, percebi que o interesse dele não era apenas profissional.

— Gostaria de conhecer mais sobre você, além do que vemos no escritório — ele disse, com um tom insinuante. — Há algo nos seus olhos, uma intensidade... É raro encontrar isso.

Sentia-me desconfortável, mas mantinha a compostura, lembrando que ele ainda era meu chefe. Agradeci os elogios e sugeri voltarmos ao escritório, mas ele não desistia facilmente. Após algumas trocas de palavras, acabei aceitando sua oferta de carona de volta, mais para encurtar o desconforto do que por desejo.

De volta ao escritório

Ao chegarmos, encontrei Fernando na recepção, e o olhar dele era uma mistura de ciúme e alarme. Senti uma tensão densa no ar, como se o que havia começado como um simples almoço estivesse carregado de segundas intenções e sentimentos ocultos.

— Tudo bem com você? — ele perguntou, assim que Fábio se afastou.

— Sim, só falamos sobre o projeto… — tentei dizer, mas o desconforto no meu tom me traiu.

Fernando suspirou, como se estivesse guardando palavras que não poderia dizer. Ele colocou uma mão suave no meu ombro.

— Maria, só tome cuidado. Nem tudo é o que parece.

Antes que pudesse questioná-lo, Fábio chamou meu nome do outro lado da sala, e tive que me afastar de Fernando para voltar ao trabalho.

Mais tarde, naquela noite

Deitada em casa, me encontrava perdida em pensamentos, relembrando cada detalhe do dia. Entre as intenções de Fábio, a reação de Fernando e o mistério das fotos, tudo parecia se entrelaçar em uma trama que eu não compreendia.

Foi então que, no silêncio da madrugada, recebi uma mensagem anônima: “Você não é a primeira a achar que pode controlar isso, Maria. Alguns segredos precisam ficar escondidos.”

Um arrepio subiu pela minha espinha. Tudo aquilo parecia um jogo perigoso do qual eu nunca quis fazer parte, mas que agora me prendia cada vez mais. E eu não fazia ideia de como escapar.

Um Amor Que Machuca, Dois Amores Que Fazem Chorar.Onde histórias criam vida. Descubra agora