18. Medos, gritos e feridas.

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O calor estava insuportável no interior do carro, e a claustrofobia tomou conta de mim. O movimento irregular e o cheiro abafado me deixaram tonta. Antes que eu pudesse me controlar, as sombras dançantes da realidade se tornaram escuridão total, e eu desmaiei.

Quando finalmente abri os olhos, tudo parecia distorcido. O ar estava pesado, e um cheiro de mofo preenchia o ambiente. Tentei me levantar, mas uma dor aguda na cabeça me forçou a recuar. Olhei ao redor, e a realidade se revelou em toda sua crueldade: estava em uma casa abandonada, com paredes sujas e janelas quebradas que deixavam entrar apenas uma luz fraca.

Meu coração disparou quando percebi que Fernando estava desacordado ao meu lado, a cabeça dele envolta em ataduras manchadas de sangue. Desesperada, me aproximei dele e o chamei:

- Fernando! Acorda! Por favor!

Ele começou a mover os lábios lentamente, como se estivesse lutando contra um sono profundo. Seus olhos se abriram devagar, e a confusão tomou conta de seu rosto.

- Maria? Onde estamos? - ele murmurou, sua voz rouca e fraca.

- Não sei! Estávamos... - A lembrança do sequestro voltou em um turbilhão de emoções. - Estávamos na minha casa, e então... e então eles nos pegaram!

Fernando tentou se levantar, mas um gemido de dor escapou de seus lábios. Eu queria ajudá-lo, mas a impotência me consumia. A tensão aumentava quando a porta rangia e, de repente, um homem com uma máscara preta entrou no quarto.

O meu coração afundou quando ele se aproximou. Em uma das mãos, ele segurava o meu celular. O brilho da tela iluminou seu rosto encoberto, e eu soube imediatamente que algo terrível estava prestes a acontecer.

Ele olhou para nós com um sorriso distorcido, como se a situação fosse um jogo divertido. Então, ele esticou a mão e atendeu a chamada. Fábio estava ligando. As palavras dele ecoaram em minha mente como um aviso.

- Olha só, quem temos aqui... - disse o homem, olhando para o celular. - Parece que alguém está preocupado com você.

- Não! - gritei, tentando me levantar, mas a dor na cabeça e a fraqueza me impediam. - Deixa ele em paz!

O homem riu de maneira cruel e, em um movimento rápido, jogou o celular no chão. O impacto foi ensurdecedor, e o vidro se estilhaçou, espalhando fragmentos brilhantes pelo chão. O grito que escapou dos meus lábios foi de pura desolação.

- Não! O que você fez?! - implorei, enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto.

Fernando estava em silêncio, sua expressão de dor se misturando com raiva impotente. Ele tentava se levantar, mas a força estava desaparecendo. O homem apenas olhou para nós com desdém, ignorando nosso desespero.

- A diversão está apenas começando - ele disse, com um tom sarcástico. - Aproveitem a estadia.

Com isso, ele se virou e saiu do quarto, trancando a porta atrás de si. O som do tranco ecoou na minha mente, um lembrete cruel de que estávamos presos em um pesadelo.

O pânico se instalou em mim. Eu precisava sair dali. Mas como? Fernando estava muito ferido para fazer qualquer coisa, e agora, sem o celular, estávamos completamente isolados.

- Maria... - ele disse, sua voz fraca. - Precisamos pensar em algo.

- Eu não sei como sair daqui, Fernando! - exclamei, desesperada. - Não podemos ficar aqui!

A impotência me consumia. Precisávamos de um plano, mas a realidade era sombria, e o desespero ameaçava nos engolir. Eu não sabia o que nos aguardava, mas sabia que não poderia desistir. A luta pela sobrevivência estava apenas começando, e eu estava determinada a encontrar uma maneira de escapar desse pesadelo.

Um Amor Que Machuca, Dois Amores Que Fazem Chorar.Onde histórias criam vida. Descubra agora