23. O inferno está em festas

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Meses haviam se passado desde aquela noite terrível, mas os ecos dos acontecimentos ainda reverberavam como um sussurro distante. Maria seguia sua vida, tentando reconstruir cada pedaço quebrado. Fernando agora era uma lembrança que trazia tanto dor quanto saudade, um amor perdido de forma brutal, mas também um símbolo de coragem e carinho que ninguém poderia apagar.

Enquanto isso, Fábio se encontrava onde seus próprios atos o haviam levado: uma cela fria e sombria em um presídio de segurança máxima. Desde o dia em que fora preso, havia se tornado um homem marcado. Os outros presos sabiam de seu histórico e, pouco a pouco, ele passou a enfrentar uma rotina de humilhação e isolamento, sentindo o peso das escolhas que fizera.

Os dias passavam lentamente, e Fábio, antes orgulhoso e arrogante, agora era uma sombra do homem que fora. O rancor, o ódio, e até a frieza que antes dominavam seu olhar pareciam se dissolver, substituídos por um cansaço profundo e um desespero silencioso. Em meio a esse ambiente hostil, uma ferida pequena e aparentemente inofensiva surgiu em seu braço.

No início, Fábio ignorou. Um corte sem importância, talvez resultado de uma briga ou de algum incidente menor. Mas a ferida começou a crescer, inflamando-se e espalhando um odor repugnante que incomodava até mesmo os guardas. Ele começou a perder a força e, lentamente, sentia o corpo febril, os músculos enfraquecendo, o rosto pálido.

A infecção se alastrou rapidamente, tornando-se um caso grave de septicemia. Sem tratamento adequado, a dor cresceu a cada dia, transformando-se em uma agonia que o fazia gritar durante a noite, embora ninguém se importasse o suficiente para ajudar. Nos últimos momentos, enquanto ardia em febre, cercado pelo desespero, Fábio finalmente enfrentou o próprio fim.

Ali, sozinho em uma cela suja e sem ninguém para segurar sua mão ou oferecer uma palavra de conforto, Fábio morreu da mesma forma que vivera nos últimos tempos: mergulhado em dor e abandono. Sua partida foi silenciosa e solitária, como se o próprio mundo tivesse se recusado a lembrar de sua existência.

E assim, o destino de Fábio se fechava. Sua morte foi brutal, mas refletia o peso de seus atos. Longe dali, Maria seguiu sua vida, encontrando um novo propósito e um novo começo. A justiça, de uma forma amarga, havia finalmente sido feita.

Um Amor Que Machuca, Dois Amores Que Fazem Chorar.Onde histórias criam vida. Descubra agora