7. Que tal um Cafezinho?

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Depois de um dia cheio de desafios e aprendizados no meu novo trabalho, eu saí do elevador, ainda processando tudo o que havia vivido. Estava exausta, mas havia um certo alívio por ter dado o primeiro passo nessa nova jornada. Enquanto caminhava em direção à saída, avistei Fernando esperando do lado de fora, com um sorriso caloroso no rosto.

— Maria! — ele exclamou ao me ver. — Que tal tomarmos um café para comemorar seu primeiro dia?

Um sorriso involuntário brotou no meu rosto. Havia algo gentil e acolhedor em Fernando que me fazia sentir à vontade.

— Claro, seria ótimo — respondi, aceitando o convite.

Caminhamos juntos até uma cafeteria próxima, onde o aroma de café fresco preenchia o ar e o ambiente era iluminado por luzes suaves, criando uma atmosfera aconchegante. Sentamos à mesa próxima da janela, onde podíamos observar o movimento da rua enquanto conversávamos.

As risadas começaram a fluir naturalmente entre nós, enquanto contávamos histórias engraçadas e absurdas sobre nossas vidas. Fernando falava sobre suas aventuras no trabalho, e eu ri quando ele contou como quase derrubou uma pilha de papéis. A cada risada, fui me sentindo mais solta, mas, à medida que a conversa avançava, algo mudou no ar.

— E você, Maria? — perguntou Fernando, agora mais sério. — Me conta um pouco sobre você. Tem algo que marcou sua vida?

Suspirei, hesitando por um momento. Não era fácil falar sobre o que havia acontecido na minha infância, mas, naquele ambiente seguro e com Fernando me olhando com tanta atenção, decidi abrir uma parte de mim que costumava manter trancada.

— Bem... — comecei, sentindo a voz se tornar mais suave e distante. — Eu tive uma infância complicada. Meu pai... ele não gostava de mim. E acho que depois que minha mãe me esteve, acho que ele também parou de amar ela. Eu era muito pequena, mas lembro bem das vezes que ele me batia... e batia nela também. E tudo piorava quando ele bebia.

Olhei pela janela, tentando encontrar as palavras certas.

— Cada vez que ele bebia, parecia que algo dentro dele ficava ainda mais sombrio. A casa se tornava um lugar cheio de gritos e medo. E eu, uma criança, não entendia por que tudo isso acontecia. Então, um dia, ele faleceu. E eu... eu me senti tão aliviada. Foi como se um peso enorme tivesse sido tirado das minhas costas.

Fernando me observava, seu olhar se aprofundando em mim. Havia uma admiração em seus olhos que eu não sabia como interpretar. Aquele momento, embora doloroso, parecia trazer uma conexão entre nós, algo que eu não esperava.

— Às vezes, é preciso passar por tempestades para encontrar a calma — ele disse, quebrando o silêncio.

— É verdade. — sorri timidamente, sentindo um calor no peito. — Às vezes, a vida nos ensina de maneiras estranhas, não é?

Um Amor Que Machuca, Dois Amores Que Fazem Chorar.Onde histórias criam vida. Descubra agora