Capítulo 12 │ A Promessa Que Restou

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Então, hesitando, ele começa a falar.

Killua — Bem... pelo menos você conseguiu sua licença de Hunter, certo?

Desvio o olhar por um momento e balanço a cabeça negativamente antes de responder.

— Desisti da licença para poder vir atrás de você — murmuro, olhando diretamente em seus olhos.

Ele me encara, surpreso, seus olhos se arregalando ao ouvir isso.

Killua — O quê?! E-Eu... Eu não queria isso... É...— sem saber o que dizer, ele solta um suspiro e, tentando manter a calma, ele completa, com uma voz um pouco mais suave — Me desculpe... por isso. Sei que você pode estar chateada... mas, honestamente, estou feliz que tenha vindo. Você e os outros.

Observo-o enquanto ele levanta o olhar para mim novamente, e por um momento hesito, sentindo um calor inesperado no peito. Estar recuperando parte das minhas memórias fez com que eu o enxergue com outros olhos, com uma afeição mais forte que não percebia antes. Ainda assim, a indignação por ele ter escondido tudo isso de mim não me deixa absorver suas palavras completamente.

Logo, Gon, Kurapika e Leorio se levantaram e correram em nossa direção, se posicionando ao nosso redor para cumprimentar Killua. Permaneço em silêncio, distraída, perdida nas emoções conflitantes que sinto.

Enquanto meus amigos trocam comprimentos animados com Killua, sinto meu coração apertado. Cada palavra, cada sorriso dele parece carregar uma carga de lembranças, de alguns momentos do passado que agora voltam à tona de maneira intensa e inescapável. Tento afastar esse conflito interno, mas é difícil, especialmente ao vê-lo ali, tão próximo e tão familiar. Gon me cutuca levemente, tirando-me dos pensamentos.

Gon— Ei, você está bem? Parece meio distante.

Dou-lhe um sorriso breve, tentando disfarçar.

— Só estava... pensando um pouco.

Killua nota minha resposta, o brilho leve em seu olhar sugere que percebeu mais do que eu gostaria de admitir. Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, Leorio solta uma gargalhada e surpreendentemente abraça Killua, bagunçando seu cabelo, embora isso tenha feito com que Killua se irritasse. A leveza da cena me traz de volta ao momento, ainda que eu permaneça sentindo aquele calor inquietante no peito.

Eles começam a conversar e até mesmo repreender Killua depois de tudo o que aconteceu e o que ele nos fez passar. Mas eu permaneço quieta, me mantendo fora da conversa. Assim que a animação entre Gon, Kurapika e Leorio finalmente diminui, Killua se vira para mim, agora com uma expressão séria que não consigo decifrar completamente.

Killua— S/n, antes de irmos... Eu tive uma conversa com o meu pai e... quando soube que você estava aqui, ele desejou falar com você também.

Sinto meu coração dar um salto, meus olhos se arregalando involuntariamente.

— O Silva?

A simples menção do nome dele traz uma onda de tensão dentro de mim. Não é exatamente o tipo de encontro que imaginei ter hoje, e só de pensar em encarar alguém tão formidável quanto Silva Zoldyck desperta uma série de perguntas e receios. Killua, no entanto, apenas me observa, aguardando a minha resposta com a mesma intensidade calma, como se entendesse o peso do pedido.

Por um instante, olho para os outros, mas eles ainda estão envolvidos na conversa, alheios ao que Killua acabou de revelar.

A memória de Silva Zoldyck me atinge com uma intensidade familiar. Embora nossas interações tenham sido poucas na infância, ele sempre foi uma presença marcante, rigoroso em cada palavra e gesto. Não era o tipo de pessoa que deixava margem para distrações, e eu me lembro de como ele observava cada movimento meu, avaliando friamente minhas habilidades e capacidades.

Sharp Love - Killua x Leitora [Hunter x Hunter]Onde histórias criam vida. Descubra agora