Capítulo IV - Sob a Lua de Sangue.

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Órion vagava pela boate, os pensamentos em tumulto. As palavras de Dante ecoavam em sua mente como um aviso constante que ele tentava ignorar. Havia perdido de vista sua amiga e, com o peso da noite, não queria voltar para casa sozinho. Depois de tanto procurar, não achou. Na tentativa de escapar do barulho ensurdecedor da música, decidiu se afastar para a parte mais isolada do lugar.

Ele encontrou uma pequena varanda abandonada nos fundos da boate, onde as luzes eram fracas e o silêncio dominava, exceto pelos sons distantes da festa. A luz da lua de sangue, vermelha e intensa, lançava um brilho ameaçador sobre tudo ao redor. Foi ali que Órion viu Dante, parado contra a parede, braços cruzados e um olhar afiado.

- Você realmente não sabe quando desistir, não é? - A voz de Dante cortou o ar como uma lâmina. Ele nem sequer olhou diretamente para Órion, mantendo os olhos fixos na lua carmesim.

Órion hesitou por um momento, o tom gelado de Dante atingindo-o em cheio.

- Eu não estou te seguindo. - retrucou Órion, tentando soar firme.

- Eu te avisei, moleque. Avisei para ficar longe, mas você parece ter uma fascinação patética pelo perigo.

Órion engoliu em seco, mas não recuou. Sentia a raiva e o desejo de entender Dante crescendo dentro de si, misturando-se de forma incontrolável.

Dante se aproximou, ficando perigosamente perto de Órion. Seus olhos faiscavam, como se a simples presença de Órion fosse uma irritação. Ele estendeu a mão e agarrou o braço de Órion com força, puxando-o para perto.

- Você não tem noção de com quem está lidando, garoto. - disse Dante, os olhos queimando em fúria.

Órion tentou se afastar, mas Dante apertou ainda mais, os dedos como garras firmes em sua pele. O toque dele era frio e abrasador, como se estivesse queimando e congelando ao mesmo tempo.

A expressão de Dante endureceu, e um sorriso sombrio curvou seus lábios. Ele soltou Órion com um empurrão brusco, quase jogando-o contra a parede. A frieza em seus olhos parecia aumentar a cada palavra.

- Eu não me importo com o que você seja, Dante. - Órion desafiou, a voz baixa, mas carregada de determinação.

Dante riu, um som áspero e amargo. Aproximou-se novamente, seu rosto a centímetros do de Órion, os olhos queimando com uma mistura de desprezo e algo que Órion não conseguia decifrar completamente.

- Você é fraco. Não sabe de nada. Eu te arrasaria em um segundo se quisesse. E, honestamente, estou começando a pensar que talvez eu devesse fazer isso agora.

Órion sentiu um calafrio percorrer sua espinha, mas não recuou.

- Vai embora, Órion. - A voz de Dante tremeu levemente, e ele se afastou, como se estivesse lutando consigo mesmo. - Eu mandei você ir embora, garoto. Vai embora e não se atreva a voltar.

- O que está acontecendo com você? Por que suas mãos estão tremendo? - Perguntou Órion, percebendo que Dante estava diferente.

- Eu te dei a chance de ir embora, te falei para não vir atrás de mim, mas você foi teimoso e fez exatamente o que pedi para você não fazer. - Dante disse, já sem controle de seus atos, os olhos completamente vermelhos.

Ele olhou para Órion com uma intensidade feroz, os olhos faiscando de desejo. Sem aviso, agarrou a gola da camisa de Órion, puxando-o com brutalidade. A força no movimento era avassaladora, fazendo Órion sentir o poder esmagador de Dante sobre ele. Antes que pudesse reagir, sentiu o hálito frio de Dante em seu pescoço e, em um relance, os dentes cravaram em sua pele.

A dor foi instantânea e cortante. Órion gemeu, os olhos se arregalando enquanto o corpo congelava. Ele tentou lutar, mas era como se Dante o tivesse imobilizado com um simples toque. O mundo ao seu redor começou a girar, e o som da música e das vozes ao longe desapareceu completamente. Tudo que restava era a sensação dos dentes de Dante cravados em sua carne, e o calor do seu próprio sangue sendo drenado.

Dante segurava-o firme, uma mão enfiada na cintura de Órion, enquanto a outra o puxava contra si. Os segundos pareciam horas enquanto Órion sentia seu pescoço ser sugado com vontade e desejo.

Finalmente, Dante soltou o pescoço de Órion, afastando-se enquanto limpava o sangue dos lábios com o dorso da mão. Seus olhos brilhavam intensamente, como se algo nele tivesse despertado com aquele ato. Ele encarou Órion, que desabava contra a parede, fraco e tremendo, mas ainda consciente.

- Não... - balbuciou Dante, cambaleando para trás. - Isso não era pra ter acontecido... Eu não queria te marcar... Eu mandei você ficar longe de mim!

O ar ao redor deles parecia ter se tornado mais pesado, o brilho da lua tornando o momento ainda mais surreal. Órion, ainda atordoado, olhou para Dante, tentando processar o que acabara de acontecer.

- Dante... o que você fez?

Dante não conseguiu responder. Ele apenas estalou os dedos, fazendo Órion desmaiar, e em seguida o pegou no colo. Dante estava confuso, era pra ele ter matado o garoto. Ficou por alguns minutos olhando o ruivo em seus braços, ainda tentando entender o porquê de ter o marcado. Caminhou até um quarto particular e colocou-o em uma das camas, trancando a porta assim que saiu. Antes de ir embora, precisava encontrar a amiga de Órion.

[ Com Wendy ]

Wendy estava preocupada. Havia procurado por Órion por toda a boate, mas não conseguiu encontrá-lo. A atmosfera da noite estava carregada de tensão, e ela não conseguia se livrar da sensação de que algo estava muito errado. Quando finalmente avistou Dante se aproximando, seu coração acelerou.

Dante tinha uma expressão indecifrável, um misto de frustração e algo mais sombrio. Ele parou diante dela, entregando-lhe um cartão de acesso e uma chave.

- Seu amigo está no quarto 21. Cuide dele. - A voz de Dante era dura, mas havia uma nota de urgência que Wendy não pôde ignorar.

- O que aconteceu com ele? - perguntou Wendy, tentando esconder a preocupação na voz.

- Apenas faça o que estou mandando. - Dante se afastou antes que ela pudesse perguntar mais alguma coisa, desaparecendo na multidão.

Com o coração pesado, Wendy se dirigiu ao quarto 21. Ao abrir a porta, o que encontrou a deixou boquiaberta. Órion estava deitado na cama, pálido e respirando com dificuldade. Seus olhos estavam entreabertos, mas ele parecia confuso e fraco.

- Órion! O que aconteceu? - Ela correu até ele, segurando sua mão gelada.

- Dante... - foi tudo o que conseguiu dizer antes de voltar a adormecer.

Wendy percebeu as marcas no pescoço de Órion e um frio percorreu sua espinha. Sabia que algo muito sério havia acontecido, algo que ia além do que ela podia compreender naquele momento. Tentando não entrar em pânico, buscou algo para limpar as marcas e fez uma compressa fria para colocá-la na testa de Órion.

Enquanto cuidava dele, a mente de Wendy estava em turbilhão. Sabia que precisava entender o que havia acontecido, mas, por agora, a prioridade era garantir que Órion estivesse seguro e se recuperasse. Ela levou Órion para casa dele e o deixou na cama. Saiu da casa e trancou a porta, sabendo que Órion tinha a cópia. Ela precisava ir.



🧛

Eaí, leitores. Tudo bem? Eu espero que estejam gostando, lembrando que é minha primeira fanfic, então talvez esteja mal escrita.

Cœur Enchaîné.Onde histórias criam vida. Descubra agora