Capítulo XVI - O Adeus que Ecoa no Silêncio.

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O silêncio na sala foi interrompido pela chegada súbita de Wendy, a amiga de Órion, que entrou com o rosto carregado de preocupação. Ela parou ao ver os rostos tensos e a atmosfera carregada de desconfiança, e sua expressão mudou rapidamente para uma confusão inquieta.

- Quem são vocês? - exclamou, lançando olhares desconfiados ao redor até que seus olhos pousaram em Dante, e o reconheceu, surpreendida e irritada. - Você... Valmont Dante! O que faz aqui?

Dante, encostado casualmente na parede, lançou um sorriso desdenhoso, carregado de sarcasmo.

- Não te interessa.

Sem dar atenção à resposta, Wendy foi diretamente até Órion, envolvendo-o em um abraço apertado e protetor.

- Órion! Eu fiquei tão preocupada por ter te deixado aqui daquele jeito. Você sabe como meu pai é... ele ficou furioso quando soube da boate e me proibiu de vir, mas eu tive que escapar para te ver.

- Wendy... você não devia ter feito isso. Ele vai notar sua ausência e não vai ser nada bom. - disse Órion, tocando o rosto dela com um carinho sincero.

- Eu não podia te deixar assim, sem notícias! É tanto tempo sem te ver, e eu pensei em mandar mensagem, mas lembrei que você deixou o celular cair no sanitário e nem o consertou ainda. Está tudo bem com você?

Órion sorriu para ela, tentando amenizar o peso de sua própria preocupação.

- Estou bem, Wendy. E você? Está segura?

- Deixe eu checar uma coisa... - Ela afastou um pouco o cabelo dele, revelando a marca pulsante no pescoço de Órion. - Foi você, não foi? - Ela lançou um olhar furioso para Dante. - Seu imbecil!

Wendy fez menção de ir para cima de Dante, mas Órion a segurou, tentando acalmá-la.

- Wendy, por favor... calma.

- O que isso significa, Órion? Você precisa me contar.

Órion desviou o olhar, a voz vacilante. - Eu... ainda não sei ao certo.

A expressão de Wendy mudou, e seus olhos se encheram de lágrimas. - Eu vim para me despedir de você. Meu pai decidiu me mandar para a cidade de Eldoria, para morar com minha avó.

- Então... eu vou ficar sozinho?

- Eu queria te levar, mas sei que você não poderia ir. E meu pai jamais permitiria... mas eu odeio ter que deixar você aqui, com esse monstro - ela lançou um olhar cortante para Dante - perto de você.

Dante observava tudo de canto de olho, o ciúme queimando intensamente dentro dele, embora tentasse disfarçar.

- Wendy... - Órion murmurou, segurando as lágrimas.

- Ei, não chora, cabelo de fogo. Fique com meu número, e por favor, compre um celular novo. Prometo que vou voltar. Só não esqueça de mim, tá? - Ela estendeu um pedaço de papel, onde seu número estava anotado, e o abraçou, selando um beijo em sua bochecha.

Sebastian observava a cena, sentindo uma pontada de tristeza. Dante, por sua vez, se contorcia de raiva, o apelido e o carinho trocados entre eles atiçando o desconforto dele.

- A gente se vê, meu pequeno. - sussurrou Wendy, dando-lhe mais um beijo na bochecha. Antes de sair, virou-se para Dante e, com coragem no olhar, afirmou: - E você, trate de cuidar dele. Não ache que porque é um vampiro eu vou ter medo de você. Não o machuque!

Ela lançou um último olhar para Órion e saiu sem esperar resposta. Dante, contrariado, murmurou:

- Garota abusada...

Sebastian tentou consolar Órion, vendo a tristeza no rosto do ruivo. - Eu sinto muito, Órion...

Órion secou as lágrimas rapidamente, tentando se recompor. Mas seu coração doía, ansiando por chorar em silêncio.

- Órion... - Dante se aproximou, hesitante.

- Eu preciso de um tempo sozinho - murmurou Órion, interrompendo Dante e subindo as escadas rapidamente. - Tranque a porta ao sair.

Dante observou-o se afastar, e, irritado, comentou com Sebastian:

- Viu isso? Que garoto abusado! - disse Dante, tentando conter o desconforto.

Sebastian suspirou. - Dê espaço para ele. Além disso, precisamos nos preparar para o encontro no Clã Valmont.

Dante, porém, ignorou o conselho e subiu as escadas. Sem bater, abriu a porta do quarto de Órion.

- Ei, ruivo abusado!

Órion estava sentado, cabisbaixo, perdido em seus próprios pensamentos. Dante parou no batente da porta, observando-o. Seus olhos involuntariamente percorreram os lábios de Órion, um desejo crescente e incontrolável tomando conta dele. Por que ele sentia isso? Apertou os punhos, tentando conter a vontade de beijá-lo.

"Isso é errado... eu não posso...", sua mente gritava, mas seu corpo traía essa decisão.

- Eu... - murmurou Dante, a voz rouca e contida. - Preciso ir. Assuntos do clã me chamam.

Órion assentiu, mas sem erguer os olhos para ele. Dante suspirou e, ao perceber que Sebastian já tinha saído, entrou em seu carro e dirigiu-se para o clã.



[Castelo Valmont]

O Castelo Valmont era um espelho do próprio Dante: frio, sombrio e imponente, onde o poder parecia emanar de cada parede de pedra. Ele caminhou até a sala principal, onde os membros do clã estavam reunidos, e se jogou em uma das poltronas de couro escuro, como se toda a situação fosse apenas um incômodo trivial.

Lilian, sempre com seu sorriso sarcástico, o saudou. - Parece que Azrael voltou. Será que devemos nos preocupar?

Dante deu de ombros, como se não tivesse a menor importância. - Azrael é previsível. Nada com o que se preocupar.

A resposta arrancou risos abafados dos membros presentes. Para o Clã Valmont, o retorno de Azrael era apenas mais um jogo de poder, uma distração em meio à guerra que já durava séculos. Lilian, divertida, insistiu:

- Então, qual o plano? Apenas esperar?

- Exatamente. - disse Dante, com indiferença calculada. - Se ele quer algo, que venha até nós.

Os olhos de Lilian brilharam, ansiosos pela possibilidade de uma nova disputa. Mas, enquanto todos discutiam as possíveis ameaças de Azrael, a mente de Dante vagava, voltando sempre para o ruivo, para a expressão de tristeza de Órion.

Ele se pegou pensando, pela primeira vez, se as coisas poderiam ter sido diferentes entre eles.





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