Capítulo II - Sussurros nas Sombras.

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A música pulsante da boate ainda ecoava em sua mente enquanto Órion tentava processar o que acabara de acontecer. O olhar penetrante de Dante e a forma como suas palavras cortavam o ar, repletas de uma atração enigmática, o deixavam confuso. Ele nunca havia encontrado alguém tão intrigante, tão... perigoso.

Wendy, percebendo a distração de Órion, balançou a mão diante de seu rosto, tirando-o de seus pensamentos.

- Ei! Onde está sua cabeça? Você está parecendo um zumbi.

- Desculpe. É só... Dante. Ele é... diferente. - Órion murmurou, afastando o olhar da pista de dança.

- Diferente é uma maneira gentil de dizer "perigoso?" - perguntou Wendy, tomando um gole de sua bebida. - Ele é cercado por rumores. Você não deveria se meter com ele.

Mas Órion já estava fascinado demais para ouvir. As palavras de Dante ainda ecoavam em sua mente: "Algumas coisas não devem ser descobertas." O que ele realmente queria dizer com isso? Era um desafio que Órion sentia necessidade de enfrentar.

Com a coragem crescendo dentro de si, decidiu que não deixaria aquela interação terminar assim. Um impulso incontrolável o levou a deixar Wendy para trás, enquanto se dirigia em direção à escuridão onde Dante havia desaparecido.

A boate estava repleta de corpos se movendo, mas ele encontrou seu caminho, guiado pela sensação quase hipnótica que emanava de Dante. Cada passo o aproximava do desconhecido, e uma parte dele ansiava por algo mais profundo.

Finalmente, ele encontrou Dante em um canto mais afastado, onde as luzes eram mais tênues e a música soava distante. O vampiro estava encostado em uma parede, um copo em sua mão, observando os dançarinos como se fosse um espectador de um espetáculo particular.

- Você não se cansa de ser um mero espectador? - Órion perguntou, desafiador.

Dante virou a cabeça para ele, um sorriso divertido surgindo em seus lábios.

- E você, garoto? Está preparado para se tornar parte do espetáculo?

Órion franziu a testa, percebendo a provocação no tom de Dante. Determinado a não recuar, ele deu um passo à frente.

- Não sou apenas um personagem coadjuvante. - Sua voz era firme. - Eu também tenho uma história.

- História não é tudo. - Dante respondeu, sua voz suave, mas a seriedade em seu tom fez Órion hesitar. - O que você realmente quer? O que espera encontrar aqui?

Órion parou, o coração acelerado. Queria dizer que queria descobrir mais sobre Dante, entender o que o tornava tão diferente, tão intrigante. Mas, em vez disso, ele desafiou:

- Eu não tenho medo de descobrir.

Dante sorriu, um sorriso que fazia o estômago de Órion se revirar.

- Então você está disposto a enfrentar as sombras?

A intensidade no olhar de Dante fez com que Órion se sentisse exposto, como se cada emoção estivesse sendo desnudada diante daquele vampiro. O desejo por algo mais profundo crescia, mas a sombra da cautela pairava sobre ele.

- Estou aqui. - respondeu Órion, sem desviar o olhar. - O que você me oferece?

- A verdade. - Dante sussurrou, quase como um segredo. - E talvez um pouco de escuridão.

Órion sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A escuridão que Dante prometia era sedutora, e sua curiosidade sobre até onde ela poderia levá-lo aumentava. Mas, ao mesmo tempo, o medo e a dúvida ameaçavam invadi-lo.

- Estou pronto. - afirmou, com determinação firme.

- Então, venha comigo. - Dante respondeu, estendendo a mão. - Mas lembre-se, nem todos estão preparados para enfrentar o que há nas sombras.

Sem hesitar, Órion pegou a mão de Dante. O toque foi elétrico, como se um vínculo invisível os ligasse naquele instante. O desconhecido o chamava, e ele sabia que não poderia recuar.

Enquanto se afastavam do bar, a boate se transformou em um labirinto de mistérios, e a noite apenas começava.



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Espero que estejam gostando! Até o próximo capítulo, queridos leitores.

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