Capítulo XIII - O Último Suspiro de Vlad.

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A três séculos atrás.


O céu estava carregado de nuvens sombrias naquela noite em Valedorn, enquanto Valmont Dante caminhava pelas ruínas do antigo castelo Darkveil. Seu rosto impassível refletia a frieza de sua alma, e seus passos ecoavam pelas paredes de pedra, o único som quebrando o silêncio opressor.

À frente, no grande salão destruído pelo tempo, Vlad Darkveil o esperava. Sentado em uma cadeira imponente, o irmão mais novo de Azrael exalava arrogância e confiança. Um sorriso astuto se formou em seus lábios ao ver Dante entrar.

- Dante! - saudou Vlad, com um sorriso.
- Eu sabia que você viria. Está na hora de conversarmos como irmãos, não acha?

Dante permaneceu em silêncio, seus olhos escuros observando Vlad com uma calma calculada. Ele não era dado a trocas desnecessárias de palavras, mas permitiu que Vlad continuasse, sempre analisando cada movimento, cada nuance.

- Sente-se. - Vlad acenou para uma cadeira à sua frente, como se oferecesse um banquete a um aliado. - Vamos conversar como iguais. Há muito o que discutirmos.

Dante não se moveu. Ele permanecia de pé, sua postura rígida, fria e intransigente. Sua resposta veio breve e cortante:

- Nós não somos iguais, Vlad.

O sorriso de Vlad vacilou por um breve momento, mas ele se recompôs rapidamente. Sua voz ficou mais baixa, mais persuasiva.

- Dante, pense bem. Eu sei o que você quer. Força, poder... Eu posso lhe dar isso. Juntos, nós poderíamos dominar Valedorn, e além dela. Este mundo pode ser nosso.

Dante continuava impassível, o vento frio entrando pelas frestas das paredes do castelo. Ele observava Vlad como se estivesse ouvindo um discurso que já havia escutado mil vezes.

- Você quer poder, Vlad. - A voz de Dante era fria, cortante como o aço. - Mas poder sem controle é uma fraqueza.

Vlad riu, mas seu riso era áspero, quase desesperado. - Fraqueza? Olhe ao seu redor, Dante! Eu construí isso. O clã Darkveil é mais forte do que nunca. Azrael é cego para o verdadeiro poder, mas eu... Eu vejo o que podemos ser!

Ele se levantou da cadeira, caminhando em direção a Dante com um brilho selvagem nos olhos.

- Junte-se a mim, Dante. Nós podemos eliminar Azrael, e depois... nada poderá nos deter. - Vlad agora estava próximo, quase em tom de súplica. - Você não precisa ser o lobo solitário que sempre foi. Pode ser algo, algo...imortal.

Dante, por fim, quebrou o silêncio, seus olhos penetrantes fixos em Vlad.

- Imortalidade sem propósito é um fardo. - Ele deu um passo à frente, seus olhos frios encarando o brilho maníaco nos de Vlad. - Você está preso em suas ambições vazias, Vlad. Eu nunca serei parte da sua loucura.

A expressão de Vlad mudou, sua súplica se transformando em ódio. A recusa de Dante era uma afronta à sua visão, e ele não podia aceitar isso. O sorriso desapareceu completamente, e uma expressão de fúria tomou conta de seu rosto.

- Então, você está condenado, assim como todos os outros.- A voz de Vlad gotejava veneno. - Se você não se juntar a mim, vai morrer como os outros que ousaram me desafiar.

Dante deu um passo para trás, a mão tocando o punho da espada D'Aubris que recebeu de seu pai, pendurada em sua cintura. Seus olhos eram gélidos, sem um traço de hesitação.

- Você fala muito, Vlad. - murmurou Dante, a voz baixa e fria. - E luta pouco.

A fúria nos olhos de Vlad se intensificou, e em um movimento ágil, ele desembainhou sua lâmina, atacando Dante com uma rapidez feroz. Dante, porém, estava preparado. Ele bloqueou o golpe com facilidade, sua lâmina colidindo com a de Vlad, gerando faíscas que iluminaram brevemente a sala.

O duelo começou. Vlad atacava com selvageria, cada golpe carregado de sua sede de poder. Mas Dante permanecia calmo, desviando e bloqueando os ataques com uma precisão letal. Para ele, essa era apenas mais uma batalha. O desespero de Vlad era evidente, sua fúria cegando.

- Você é fraco, Dante! - gritou Vlad, desferindo um golpe pesado, que Dante facilmente desviou. - Acha que pode me derrotar com essa indiferença?

Dante girou a lâmina com precisão, e com um movimento fluido, desarmou Vlad, jogando sua espada para o chão. O som metálico ecoou pelo salão enquanto Vlad olhava, incrédulo, para o próprio erro.

- A força verdadeira não precisa ser barulhenta. - Dante deu um passo à frente, e em um golpe certeiro, sua espada perfurou o peito de Vlad, atravessando a armadura como se fosse papel.

O rosto de Vlad contorceu-se de dor e surpresa, seus olhos arregalados enquanto o sangue escorria pela lâmina. Ele caiu de joelhos, o corpo tremendo.

- N-não... isso não pode... - sussurrou Vlad, a vida esvaindo-se rapidamente de seus olhos.

Dante abaixou-se, sua expressão permanecendo fria e implacável. Seus olhos encararam os de Vlad, e sua voz saiu baixa, como o último julgamento:

- Guerreiros morrem de pé, Vlad. Não de joelhos.

Com um último suspiro, Vlad desabou, sem vida. O silêncio encheu o salão enquanto Dante retirava sua espada, limpando-a com a mesma calma com que entrara. Ele sabia que a morte de Vlad não seria o fim, mas apenas o início de uma guerra maior.

Antes de sair, Dante lançou um último olhar ao corpo inerte de Vlad e murmurou:

- A fraqueza nunca merece misericórdia.

Com essas palavras, ele se virou e desapareceu nas sombras da noite, sabendo que Azrael logo sentiria o peso dessa perda.


🧛

Espada D'Aubris: é um artefato envolto em mistério, dotado de um poder ainda oculto aos olhos de todos. Trata-se de uma lâmina mortal, capaz de ceifar a vida de qualquer criatura, independente de sua natureza ou espécie - com uma única exceção: o seu portador. Em breve, seu verdadeiro propósito será revelado, assim como a origem do nome D'Aubris, que guarda em si um segredo ancestral.

Até a próxima, leitores. ⚔️

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