Pt.23

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– Quer alguma coisa? Está com fome? - disse Sebastian

– Agora não. - respondi fria

Ana e o mais velho se olharam e saíram do local me deixando sozinha com Sebastian. Ele ficava me olhando aguardando eu falar algo mas eu não falava nada, ainda estava com ódio dele pelo que ele fez comigo.

– Kate... - suspirou Sebastian

– Eu não quero ouvir explicações. Eu quero ir pra minha casa, com minha amiga e meus pais. - digo sem olhar pra ele

– Eu não vou fazer isso. Você não sabe o quanto você me fez falta Kate...

– Fiz? Então por que me vendeu e deixou que aquele  homem me estuprase? Esse é seu jeito de demonstrar seu amor? - Digo com lágrima nos olhos - Eu preferiria estar morta.

Sebastian ficou sério e se retirou do local quando terminei de falar aquilo. Me encolhi na poltrona e comecei a chorar, lembrando do que eu havia vivido a algumas noites atrás. Sebastian ainda teve a coragem de falar que eu fazia falta. Que desgraçado. Eu não podia sair e muito menos ter minha privacidade, eu estava presa com um sequestrador e assassino, como eu vou gostar de um homem assim?

Sebastian voltou e jogou alguns papéis encima de mim, logo após ele saiu novamente. Peguei os papéis e vi que estava escrito "contrato de casamento". Eu li de ponta a ponta do papel e fiquei chocada a cada palavra que eu lia. "Submissa" "tudo que eu quero" "sexo", oque diabos era aquilo? Havia meu nome e o de Sebastian, onde eu teria que assinar e concordar com tudo que estava escrito no papel, havia a assinatura de Sebastian logo abaixo do papel e logo pude deduzir que ele queria que eu fosse toda dele.

Eu jamais iria aceitar esse absurdo, jamais mesmo, depois do que ele me fez passar eu quero é distância desse homem. Deixei os papéis do lado e fui pra fora da casa indo em direção a piscina. Eu fiquei sentada na cadeira ouvindo os pássaros cantar, estava tudo calmo, então eu fechei os olhos e comecei a sentir aquilo.

– Está tudo bem querida?

Abro os olhos e vejo Ana se sentando ao meu lado. Ela estava com um copo de suco na mão e me ofereceu, eu aceitei educada. Dei um gole e a respondi

– Pra ser sincera, acho que não.

– Oque houve?

– Eu quero ir embora. Eu não quero mais viver com Sebastian no meu pé.

– Ah querida, pois saiba que ele não vai te deixar em paz tão cedo. - ela riu - Sabe, tem coisas sobre ele que você precisa saber...

– O que? Que ele é um louco possessivo? Isso eu já sei. - suspirei

– Não... ele nem sempre foi assim.

– E quando que ele mudou?

– Desde o dia que sua ex esposa foi assassinada.

Eu olhei espantada para Ana, com uma expressão de choque. Sebastian era casado? Me arrumei na cadeira para ouvir Ana contar a história.

– Como assim Sebastian é casado? - digo baixo

– Eles eram lindos juntos, ela era um amor de pessoa. Até que um dia, um ex cliente de Sebastian para quem ele vendia as mulheres, sequestrou e matou ela.

– E o que Sebastian fez?

– Matou ele. Desde o ocorrido, ele vinha chorando pelos cantos. - Ana olha nos meus olhos - por favor, cuide bem do meu filho, ele é um bom rapaz...

– VOCÊ É A MÃE DELE? - digo num tom alto

Ana afirma com a cabeça e dá um sorriso. Ela me abraça e eu pude sentir aquela hora sua angústia, estava com a respiração profunda e com um olhar triste.

– Eu me caso com ele... - Digo olhando para os olhos de Ana - mas com uma condição...

– Pode falar querida.

– Ele precisa mudar comigo. Ser mais gentil e carinhoso, demonstrar que gosta mesmo de mim.

– Certo. - ela me abraça animada

– O mais velho lá dentro é seu marido?

– Ex.

– Vocês tem uma química boa. - dou uma risada

Ana ri e sai me deixando sozinha no local. Fiquei mais um pouco ali pensando na minha escolha. "Sebastian mudaria por mim?", pensei, que bobo, acho que ele não faria isso por uma garota como eu. Eu acho que ele nem gosta de mim, está fazendo isso pelo meu corpo. Mas... e se ele mudar?

Levantei e etrei para dentro da casa, vi o mais velho conversando com Sebastian, encostei na parede e fiquei ali os observando. Sebastian nota minha presença e coloca um sorriso no rosto. Eu retribui o sorriso e fui em direção a ele. Sebastian se levantou e me apresentou ao seu pai.

– Jorge, essa é minha... - Sebastian não completou a frase

– Esposa. - digo olhando para Sebastian

Sebastian me olhou pasmo e com um sorriso largo no rosto, encheu o peito e terminou a frase.

– Minha esposa...

Jorge riu e me abraçou forte, como meu pai. Meus olhos estavam lacrimejando e meu coração acelerava. Eu estava emocionada com tudo que estava acontecendo comigo.

– Júnior vai amar a notícia. - disse Jorge

Sebastian franziu a testa para Jorge e ele ficou sério. Eu olhei confusa para Sebastian.

– Quem é Júnior? - digo olhando para Sebastian

– Meu irmão. Você vai conhecê-lo.

Eu olhava para Sebastian e ele parecia nervoso. Se despediu do pai e levou ele até a porta. Fui até a cozinha pegar algo para me comer pois eu estava faminta. Peguei o pote de sorvete que havia na geladeira e uns biscoitos no armário. Sentei-me em frente a TV e procurei um filme para me assistir. Sebastian sentou do meu lado e começou a me encarar, com um sorriso no canto da boca.

– Tá olhando o que? - digo vidrada na TV

– Você aceitou?

– Não necessariamente, mas pode entender como sim.

Sebastian estava com o olhar brilhando, como o de uma criança quando vê seu brinquedo favorito. Eu estava achando fofo até então, ele não parava de me encarar nem um segundo.

– Você ainda quer me matar? - digo olhando para ele

– Acho que sim, mas não do jeito que você tá pensando...

Sebastian deu uma risada de canto de boca e passou a mão em meus cabelos enroscando entre seus dedos. Ele acariciava e beijava meu ombro com sua boca macia, eu estava gostando daquilo. Me afastei dele e fui em direção a cozinha, coloquei o restante do sorvete na geladeira e subi pro quarto. Deitei e mergulhei num sono profundo.

Eu me assustava quase todas as vezes com sonhos perturbadores das noites que vive. Eu estava em um constante pesadelo, imaginava que aquilo iria acontecer comigo novamente. Desci as escadas e fui à cozinha beber água, vi a sombra de Sebastian num cômodo ao lado da sala, seu escritório. Me aproximei e vi que ele estava trabalhando, cheguei mais perto e fiquei encostada na parede ao lado dele.

The masked killerOnde histórias criam vida. Descubra agora