PRÓLOGO

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Acordei ao som suave de um piano ao fundo, enquanto os primeiros raios de sol filtravam-se pelas grandes janelas da minha mansão, The One, a mais cara do mundo

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Acordei ao som suave de um piano ao fundo, enquanto os primeiros raios de sol filtravam-se pelas grandes janelas da minha mansão, The One, a mais cara do mundo. Olhando ao meu redor, tudo era exatamente como eu deixara na noite anterior: as paredes brancas e elegantes refletiam uma luz dourada, e a decoração luxuosa — cada detalhe pensado e escolhido com carinho — me lembrava que, apesar de todo o brilho, eu ainda era, em essência, uma pessoa comum, lidando com inseguranças que poucos poderiam entender.

Moro sozinha em uma casa que poderia muito bem ser um museu, mas a solidão não dura muito tempo. Minhas irmãs estão sempre invadindo meu espaço, usando a desculpa de que querem me ver. Na verdade, acredito que elas só estão interessadas na grande coleção de carros na garagem. Cada vez que estacionam um dos seus SUVs extravagantes na minha entrada, não posso deixar de revirar os olhos.

— Você realmente não precisa de mais um carro, Katrina! — Kourtney costumava dizer, enquanto tentava empurrar um dos meus tesouros sobre rodas. Para ela, cada carro era um símbolo de ostentação, mas para mim, era a liberdade. O ronco dos motores dos meus Lamborghinis e Ferraris era música para os meus ouvidos, um lembrete de que o mundo pode ser tão intenso e poderoso quanto eu quisesse que fosse.

Eu sou Katrina Madson Jenner, a única modelo intersexual do mundo e, ao mesmo tempo, a mais bem paga. Todos sabem que nasci com um pênis, e isso sempre foi parte do meu charme e da minha marca registrada. A maioria das pessoas mal consegue olhar para mim sem pensar em meu corpo; uma estrutura alta, cintura fina, seios médios e um rosto que a sociedade considera perfeito. Contudo, a marca que realmente me define é o volume que se revela nas cuecas que uso durante os desfiles da Victoria's Secret. A marca, aliás, começou a criar peças especiais para mim quando comecei a trabalhar com elas aos dezoito anos, desenvolvendo cuecas que eram verdadeiras obras de arte, com asas enormes que eu ostentava como uma verdadeira Angel.

— Você ainda não fez sexo? — Kim me provocava, rindo junto com Kourtney.

Era uma pergunta comum em nossas conversas. Elas não entendiam, e eu não sabia explicar. Não era que eu não tivesse atração; a verdade é que eu sempre me senti tímida, e o riso e os olhares curiosos me faziam sentir-me como um espetáculo — um fenômeno. Sim, já beijei algumas modelos, e houve algumas trocas de carícias, mas nada que chegasse mais longe do que isso. Para ser honesta, eu sempre hesitava. Ser virgem aos 24 anos parecia uma piada na boca de minhas irmãs, mas para mim era uma questão de lidar com a complexidade da minha identidade. O que poderia ser um momento de paixão acabava virando mais um motivo de risadas.

A verdade é que, mesmo sendo a segunda pessoa mais rica do mundo, com um patrimônio líquido de 240 bilhões de dólares, havia momentos em que me sentia vulnerável. Quando estou sozinha, no silêncio da minha casa, as inseguranças surgem como sombras nas paredes. O luxo me rodeava, mas eu não estava tão segura em mim mesma quanto os outros poderiam imaginar.

Às vezes, durante os jantares em família, eu me sentia como um projeto de experimentação. Kris sempre se preocupou em me proteger, talvez porque eu fosse a caçula, e isso a fazia querer me tratar como uma criança.

𝐋𝐔𝐙, 𝐅𝐀𝐌𝐀 𝐄 𝐀𝐌𝐎𝐑 | 𝑹𝑬𝑩𝑬𝑪𝑨 𝑨𝑵𝑫𝑹𝑨𝑫𝑬Onde histórias criam vida. Descubra agora