Dona Rosa

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Naquela mesma noite, eu estava na sala de estar modesta da casa da Rebeca, sentada na beirada do sofá enquanto seus olhos me observavam, fixos e tensos

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Naquela mesma noite, eu estava na sala de estar modesta da casa da Rebeca, sentada na beirada do sofá enquanto seus olhos me observavam, fixos e tensos. E, no canto, sua mãe, Dona Rosa, uma mulher de expressão severa e semblante carregado. Sentia o peso do julgamento a cada olhar que ela lançava. Por mais que eu tentasse parecer casual, cada palavra dela era uma navalha.

— Então, Katrina, né? — a voz de Dona Rosa soou firme, quase como uma ordem. — E me diz, você faz o quê da vida mesmo?

Respirei fundo, tentando manter o tom calmo e educado que sempre era exigido em jantares de negócios. — Sou sócia de algumas empresas... Invisto em tecnologia, moda, carros. Sou modelo também.

Dona Rosa estreitou os olhos, soltando uma risada amarga. — Ah, modelo. Isso explica o visual todo chique, né? Quanto custa esse colarzinho que você tá usando?

Senti minha face esquentar, mas mantive o tom. — Não sei ao certo. Foi um presente da minha irmã, Kim, mas… acho que vale em torno de trinta milhões de dólares.

A expressão dela quase foi de choque, mas logo se transformou em algo entre desgosto e desconfiança. — Trinta milhões num colar? Isso é dinheiro pra comprar umas três casas de gente honesta, sabia? — ela se virou para Rebeca, que assistia, desconfortável, mas sem interromper. — E sua casa, moça rica, custa quanto? A de Beverly Hills lá?

Suspirei, tentando manter o controle. — Bom, minha residência principal é a The One. Foi adquirida por cerca de quinhentos milhões de dólares.

O olhar de Dona Rosa era quase assassino. — Meio bilhão? Só pra morar? Minha filha, você nem sabe o que é ganhar dinheiro, né? Nasceu rica, vive aí ostentando, mas não sabe o que é ralar de verdade.

— Mãe... — Rebeca murmurou baixinho, tentando aliviar a tensão.

Mas Dona Rosa não estava disposta a dar trégua. — E você, Rebeca! Conheceu essa garota faz duas semanas, e agora me aparece com ela aqui? Sabe quem é essa gente, não? Bilionária, Kardashian, esses trecos aí. Eu tô vendo só o abismo que você tá se metendo.

Rebeca trocou olhares comigo, parecia hesitante, mas, de repente, soltou, quase num sussurro: — Mãe, eu... Eu tô grávida. Da Katrina.

Por um segundo, o silêncio tomou a sala, e eu senti meu coração parar. Dona Rosa arregalou os olhos, e seu rosto se contorceu em fúria. — O quê? Grávida? — ela gritou, a voz carregada de uma raiva que eu nunca havia sentido tão perto.

— Mãe, eu... — Rebeca começou, mas Dona Rosa a interrompeu.

— Grávida de uma riquinha mimada que você mal conhece? Meu Deus, onde foi que eu errei? Sete filhos, criei sete sozinha, comendo o pão que o diabo amassou, e você vai e se enfia com alguém que acha que dinheiro é solução pra tudo!

Eu senti a necessidade de intervir, tentando segurar a situação. — Dona Rosa, eu sei que parece um passo grande, mas...

— Grande? — ela gargalhou, mas era uma gargalhada amarga, quase cruel. — Você não sabe o que é grande, moça! Tudo o que você sabe é gastar milhões e milhões! Você acha que a vida é isso? Joga dinheiro, resolve tudo! Mas filho, minha filha, filho não se compra!

𝐋𝐔𝐙, 𝐅𝐀𝐌𝐀 𝐄 𝐀𝐌𝐎𝐑 | 𝑹𝑬𝑩𝑬𝑪𝑨 𝑨𝑵𝑫𝑹𝑨𝑫𝑬Onde histórias criam vida. Descubra agora