Amor oculto

Ela vai saber

~ Henrique.

— E então? O que pretende fazer agora? -Larissa perguntou, se aconchegando em meu peito.
— Eu não sei. -suspirei, ela ergueu um pouco a cabeça para me olhar.
— O que foi? Não vai assinar o divorcio?
— Eu... -respirei fundo.- Eu não quero, Larissa. -ela se levantou bruscamente, sentando na cama.
— Como não, Henrique?
— Não sei explicar, só não sinto que tenho que fazer isso.
— Você ta maluco? Você nem gosta dela, não tem nada de bom no relacionamento de vocês, se é que podemos chamar isto de relacionamento. Henrique, não estou te entendendo!
— Nem eu. -me sentei na cama, passando a mão no rosto.- Hoje nós discutimos e eu beijei ela.
— Beijou? O que ela fez?
— Claro que brigou né?! -revirei os olhos.- Depois mandei um buquê em seu serviço.
— Eu só acho que você vai é machucar ela mais ainda, ela não merece isso.
— Logo você falando sobre merecimento.
— Henrique, não fode! Eu nem sei porque ainda to aqui, eu deveria ir embora.
— Larissa, não força a barra! Não temos nada e nem vamos ter, isso é apenas...
— Diversão? -ela me interrompeu.
— Distração! -corrigi.
— Mesma coisa. -ela bufou, levantando da cama e colocando um roupão.- De uma coisa eu sei: ela nunca vai ficar com você.
— Eu vou tentar mudar essa história.
— A troco de quê? -ela se irritou.- De ego?
— Não Larissa, eu só acho que vale a pena tentar, a Bruna é incrível.
— Eu vejo o quanto você ta tentando bem aqui na minha cama. -ela riu, sendo irônica.
— Verdade. -suspirei, sentinod raiva de mim.
— Que vontade de contar tudo pra ela.
— Nem brinca com isso. -a encarei.
— Um dia ela vai saber.
— Larissa! -chamei sua atenção.
— Boa sorte com seu futuro. -ela saiu do quarto, rindo.

De uma coisa Larissa estava certa: eu dizia querer Bruna mas não estava fazendo absolutamente nada para mudar aquilo, nem homem eu era pra isso tudo. Estava na sua cama, transando com a melhor amiga de Bruna e jurando que iria reconquistar a mesma, logo ela que decidiu ver a vida com outro olhar, logo ela que encontrou uma nova pessoa para dar sentido a sua vida.

Bruna abdicou de toda sua vida pra viver a minha, sempre se fez fiel a uma pessoa que se quer pensava nela. Isso me dava uma sensação de desconforto e um sentimento de culpa, estava crescendo em mim essa dor. Acho que a sensação de perder nos torna fragil diante das pessoas. Ainda mais que eu sabia que o divorcio estava prestes a acontecer.

~ Bruna.

~ Uma semana depois.

— Ansiosa? -Rafael me perguntou assim que paramos em frente ao tribunal.
— Bastante. -suspirei, senti meu coração bater mais rapido.
— Hoje é a primeira audiência, se tudo der certo, na proxima ja assinaremos o divorcio. -ele tocou minha mão, me fazendo voltar o olhar para o mesmo.- Estou com você, vai dar tudo certo. -sorri sem animação.
— É bem estranho entrar neste lugar para assinar minha liberdade.
— Literalmente. -ele deu uma breve risada.- Tantos anos presa sem estar presa. -respirei fundo e olhei novamente para fora do carro, encarando aquele lugar.
— Vamos?
— Vamos. -disse após uns minutos, tomando coragem.

Descemos do carro e Rafael foi formal ao meu lado, me acompanhando. Não vi o carro de Henrique por ali, certamente ele deve ter entrado por outro acesso para não ser visto por jornalistas.

Ao entrar no tribunal, avistamos o advogado dele, parecia nervoso com algo. Ficamos um pouco distante e durante todo esse tempo que ficamos esperando, Henrique se quer apareceu, ele não deu as caras.

— Eu vou ali conversar com ele. -Rafael me disse, apontando para o Dr. Caio.

Apenas assenti e o vi sair em direção ao mesmo, eles trocaram algumas palavras, vi Rafael passar a mão pelo cabelo um pouco tenso. Os dois se retiraram dali e foram pra outro lugar. Peguei meu celular e liguei para Henrique, alguma coisa estava acontecendo. O mesmo não atendia, todas as incontáveis vezes que liguei. Por fim, liguei para Juliano.