Discussão com Pedro.

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Depois de um tempo, Sara sabia que era hora de voltar para casa. Wilbert insistiu em arrumar um short jeans para ela, algo simples, mas confortável, já que sua roupa anterior estava completamente amassada e suja.


Quando finalmente se despediu de Wilbert, sentiu o peso do mundo voltando aos seus ombros, mas ela estava determinada a enfrentar o que quer que viesse. Não podia evitar para sempre as complicações de sua vida.


Chegando em casa, a noite já estava silenciosa, e o único som era o farfalhar leve das árvores ao vento. Assim que ela se aproximou da entrada, no entanto, viu uma silhueta parada à frente da porta. Seu coração deu um salto quando reconheceu Pedro, com os braços cruzados e o semblante tenso.


— Onde você estava? — Ele perguntou sem rodeios, com um olhar que misturava preocupação e algo mais profundo, talvez ciúme.

Sara respirou fundo, tentando manter a calma. Ela sabia que essa conversa era inevitável, mas não esperava que acontecesse tão cedo, especialmente quando ainda estava vestida com as roupas de Hermes.

— Estava resolvendo umas coisas — disse ela, sem muita convicção. Ela sabia que Pedro perceberia a hesitação em sua voz.


Os olhos de Pedro caíram imediatamente sobre a camisa folgada que ela usava e, em seguida, no short que claramente não fazia parte de seu guarda-roupa habitual.


— Essas roupas... — Ele arqueou uma sobrancelha. — Não são suas. Onde você esteve realmente, Sara?

Ela sentiu o ar ficar mais denso ao redor deles. O silêncio entre os dois era quase palpável, enquanto Pedro aguardava uma explicação. Ele conhecia Sara bem o suficiente para saber que ela estava escondendo algo, e suas roupas não faziam questão de disfarçar a verdade.


— Pedro... — Ela começou, mas as palavras pareciam não sair. Ela não queria mentir, mas ao mesmo tempo, sabia que contar a verdade naquele momento só complicaria as coisas ainda mais.


— Você estava com ele, não estava? — A voz de Pedro era dura, mas havia uma nota de mágoa. — O tal Wilbert.

O nome dele fez Sara estremecer, não por medo, mas porque a realidade do que ela estava fazendo começava a se cristalizar. Ela havia escolhido estar com Wilbert, e agora, essa escolha tinha consequências.


— Sim, eu estava — ela admitiu finalmente, levantando o olhar para encarar Pedro de frente. — Mas isso não muda nada, Pedro. Eu tenho a minha vida, e você não pode me controlar.


Pedro deu um passo para trás, chocado pela franqueza de Sara. Ele abriu a boca para dizer algo, mas hesitou. Seu olhar desceu novamente para as roupas dela, e ele franziu a testa, claramente incomodado com o fato de que ela havia passado a noite com outro homem.


— Não quero te controlar — ele murmurou, finalmente. — Mas eu... eu me preocupo com você, Sara. Você está entrando em algo que talvez nem entenda completamente. Esse cara não é o tipo de homem que você deveria estar envolvendo sua vida.


— E quem disse que você pode decidir isso por mim? — Sara retrucou, sua voz ficando mais firme. — Eu estou cansada de todo mundo dizendo o que eu devo ou não fazer, como se eu não fosse capaz de tomar minhas próprias decisões. Wilbert foi sincero comigo, algo que poucas pessoas ao meu redor são.


Pedro ficou em silêncio por um momento, sua expressão endurecendo.


— Eu só não quero te ver machucada, Sara.


— E eu não quero viver com medo de ser machucada — ela rebateu, cruzando os braços. — Eu preciso fazer minhas próprias escolhas, Pedro. Mesmo que elas tenham consequências.


Ele balançou a cabeça, claramente frustrado, mas havia algo mais por trás de seu olhar. Algo que Sara não conseguia decifrar completamente. Ciúme? Medo? Não importava. Ela não tinha tempo para decifrar seus sentimentos agora.


— Tudo bem — ele disse, finalmente. — Mas não pense que eu vou ficar de braços cruzados enquanto você se envolve com esse cara. Ele não é de confiança, Sara. E eu vou provar isso.


Sara o encarou, surpresa pela intensidade de suas palavras, mas também sentindo o cansaço tomar conta. Ela não queria discutir mais. Só queria que ele fosse embora, pelo menos por essa noite.


— Isso não é da sua conta, Pedro. — Sua voz era fria agora, determinada. — Se você se preocupa comigo, então respeite minhas escolhas. Só isso.


Pedro olhou para ela por um longo momento antes de finalmente dar um passo para trás, respirando fundo.


— Está bem, Sara. — Ele disse com um tom derrotado. — Mas isso não acaba aqui.


Ele se virou e foi embora, desaparecendo na escuridão. Sara ficou parada na entrada por um momento, sentindo uma mistura de alívio e exaustão. Mas no fundo, sabia que as coisas estavam longe de serem resolvidas.

Ela entrou em casa, fechando a porta atrás de si e se encostando contra ela. O que quer que viesse a seguir, ela estava pronta para enfrentar. Com Wilbert ao seu lado, talvez ela estivesse mais preparada do que jamais estivera.

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