Traições.

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Tudo desmoronou tão rápido que Pedro mal conseguia processar. As palavras de Sara, as provocações de Wilbert... Era como se o chão tivesse sido arrancado debaixo de seus pés, deixando-o em queda livre. Ele caminhava pelas ruas, o barulho ao seu redor se tornando um eco distante, abafado por uma dor que o consumia.

Ele sempre soube que tinha sentimentos por Sara, mas nunca teve coragem de confessar. Desde o início da amizade, Pedro nutria por ela um carinho que, ao longo do tempo, se transformou em algo mais forte, um amor silencioso e constante. Estiveram juntos em tantos momentos, nas risadas, nas dificuldades, nas longas noites de conversas sobre o futuro. Sempre foi ele ao lado dela, como um guardião. Por tanto tempo, acreditou que, eventualmente, ela veria o que ele já sabia: que estavam destinados a ficar juntos.


Mas tudo mudou. E mudou rápido demais.

A chegada de Wilbert transformou Sara, como se ela tivesse sido capturada por um vendaval. Pedro não conseguia entender como alguém como Wilbert, um criminoso que não pertencia ao mundo dela, conseguiu roubar sua atenção tão facilmente. Ele sempre foi um problema ambulante, e agora estava arrastando Sara para esse mesmo caminho obscuro.


A raiva fervia dentro de Pedro, um vulcão prestes a entrar em erupção. Como ela não via isso? Como alguém como Wilbert poderia cuidar de Sara? Pedro sempre foi o amigo presente, o cara que esteve ao seu lado em cada momento difícil. Eu estive com ela em todos os momentos. Onde estava Wilbert? Ele se perguntava, a frustração crescendo. Para Pedro, Wilbert era uma sombra, sugando toda a luz que Sara tinha ao seu redor.


A cena do parque se repetia em sua mente, as palavras de Wilbert ecoando como facadas. Patético. Aquela palavra o cortava mais do que ele gostaria de admitir, pois, no fundo, era ele quem realmente conhecia Sara. seus medos, suas inseguranças e seus sonhos.


Por que ela não enxergava isso? Por que estava escolhendo um cara como Wilbert em vez de mim?


As emoções dentro de Pedro viraram uma tempestade. Ele sentia o sangue ferver nas veias, e a raiva se transformava em determinação. Eu não posso ficar parado e assistir enquanto ela se joga em algo que eu sei que vai acabar em desastre. Se ela não consegue ver o perigo, então eu vou fazer com que alguém veja.


Então, de repente, uma ideia surgiu em sua mente como um relâmpago. Ele iria até a casa de Sara, falar com o pai dela. O governador Fontes sempre foi um homem rígido, alguém que Pedro sabia que não aprovaria o envolvimento da filha com alguém como Wilbert. Se o pai dela souber com quem a filha está se metendo, talvez ele possa pôr um fim nisso antes que seja tarde demais.


Determinando sua decisão, Pedro mudou de direção e começou a caminhar em direção à casa de Sara, seus passos firmes e rápidos. Isso não é ciúmes, ele se repetia, tentando justificar sua escolha. Isso é sobre proteger Sara. Ela precisa de alguém que a proteja, que faça o que é melhor para ela, e claramente não consegue ver isso agora.



Quando chegou em frente à casa dos fontes, seu coração pulsava forte no peito. Ele hesitou por um instante, um golpe de dúvida atravessando sua mente. Ele sabia que Sara o odiaria por isso. Poderia até perder a amizade dela para sempre. Mas, naquele momento, Pedro estava tomado pela certeza de que era o que precisava ser feito.



Ele bateu à porta, e agora era apenas uma questão de tempo até a verdade ser revelada.


A porta se abriu, revelando o governador Fontes, com uma expressão de surpresa.


— Olá, Pedro, está tudo bem? — perguntou o governador. — A Sara ainda não chegou em casa.


— É exatamente sobre isso que eu quero conversar, senhor Fontes, sobre a Sara.


— Aconteceu alguma coisa, Pedro? Ela está bem? O que aconteceu com ela?


— Senhor Fontes, a Sara está se envolvendo com um traficante do Morro do Dendê. — Agora já era; as palavras tinham sido ditas.


O governador hesitou, claramente em choque.


— Como assim, saindo com um traficante? — questionou, incrédulo. — A minha filha está se envolvendo com gente desse meio?



— Ela está saindo com um criminoso, senhor Fontes. Eu tentei ajudar, mas aquele cara está fazendo a cabeça dela. — Ela está correndo perigo se metendo com esse tipo de gente. Se ela não quer me ouvir, pensei que talvez você pudesse fazer alguma coisa.

Impuros - Nossa Liberdade.Onde histórias criam vida. Descubra agora