𝐑𝐚𝐢𝐧𝐲 𝐍𝐢𝐠𝐡𝐭 | 𝙶!𝙿

4 |Promessa de silêncio.

Sentia o peso do vestido sobre meus ombros, o tecido pesado como uma nuvem escura que pairava sobre ela. Eu nunca imaginei que o amor o verdadeiro amor pudesse ser algo tão distante, tão inalcançável. Mas aqui estava eu, prestes a me casar com alguém que mal conhecia, em uma cerimônia fria e calculada, uma união forjada por uma promessa que não era minha.

Eu olhei para o altar. A sala estava iluminada por velas, e o silêncio denso no ar parecia pressionar seu peito. O som dos passos no corredor ecoava em minha mente, misturado ao batimento acelerado de meu coração. Ao meu lado, Billie estava impecável como sempre, com um olhar distante, como se o casamento fosse apenas mais um jogo em sua longa lista de conquistas. Billie, a mulher que eu odiava e temia, parecia à vontade naquela sala de opulência, como se tudo ali fosse exatamente o que ela queria.

forcei um sorriso, tentando esconder a ansiedade que me consumia por dentro. Eu tinha sido arrastada para esse casamento não por amor, mas por uma necessidade que nunca entenderia completamente. A máfia de Billie estava em jogo, e com ela, eu também se tornava parte desse mundo sombrio.

— Você está linda, Merikh. — a voz de Billie soou baixa, quase em um sussurro, enquanto ela se aproximava para ajeitar um fio do meu cabelo. Eu podia sentir o toque frio, quase mecânico, de Billie em minha pele, e isso a fez arrepiar. Era uma afeição sem emoção, um toque que servia mais para manter as aparências do que para mostrar algum tipo de carinho genuíno.

O sacerdote começou a falar, palavras que eu mal conseguia ouvir, como se tudo ao meu redor fosse uma neblina impenetrável. Eu não estava ali por escolha, mas por necessidade. A aliança de sombras que se formava entre nós seria mais forte do que qualquer sentimento que eu pudesse ter, mais dura do que qualquer laço de amor. Tudo isso era parte do jogo.

Quando a cerimônia chegou ao final, as palavras finais ecoaram: "Agora, vocês são unidas, para sempre." As palavras soaram como uma sentença, não uma benção.

Eu não sabia se sentia alívio ou terror. O beijo que selou a união foi rápido, um toque breve nos lábios de Billie, sem calor, sem emoção. Apenas uma formalidade. Não era amor. Não era paixão. Era um compromisso, uma prisão silenciosa que ela teria que aceitar.

Enquanto as pessoas aplaudiam, eu senti uma onda de desespero. Como eu poderia amar alguém assim? Como poderia me entregar a uma mulher cuja frieza transbordava em cada movimento, em cada palavra? E, no entanto, ali estava eu, presa em uma teia invisível, minha alma cativa pelo que Billie representava.

Quando o jantar começou, sentei ao lado de Billie, a mesa decorada com pratos sofisticados, mas nenhum de sabor real, nenhum de sentimento verdadeiro. Os olhares ao redor estavam cheios de curiosidade e sussurros, mas eu só conseguia se concentrar na mulher ao meu lado, em como ela parecia intocável, como se fosse impossível alcançá-la.

— Eu não preciso que me ame, Merikh. Só precisa me obedecer — Billie disse, quebrando o silêncio entre nós, enquanto levantava o copo de vinho, me observando com um sorriso enigmático. — O resto vem com o tempo."

Eu não sabia se o que eu sentia era ódio ou apenas a necessidade de entender quem era Billie, o que fazia dela uma mulher tão fria e impenetrável. O que eu não sabia é que o maior desafio estava apenas começando. E, talvez, em algum lugar entre os jogos de poder e as mentiras, o desejo também tomaria o seu lugar.

Não escolhemos os padrinhos, Billie disse que não quer ninguém se intrometendo em nosso casamento, ela é uma pessoa de opinião formada, ter padrinhos iria estressar ela ainda mais.

— Finalmente acabou, quando chegar em casa vou ir para o meu quarto e maratona minha franquia de filmes. — Digo tirando o véu do meu cabelo, cansada, hoje o dia foi muito corrido para mim.