GOD Vol.2 - Quando Deus tem amor

43 - Para o começo

Foi a primeira vez que visitei o quarto de Miriam, onde ela nasceu e foi criada. Tenho que admitir... estava um pouco bagunçado. A garotinha estava de pé, secando meu cabelo enquanto eu estava sentada na cama, cantarolando uma música alegre. Enquanto isso, continuei observando o quarto, até que Miriam, que parecia estar se defendendo, falou.

— Normalmente não é tão bagunçado, não se importe. O que importa é que o quarto em que estamos seja limpo, aberto e habitável.

— Isso é porque você é quem limpa — Eu disse.

— Não brigue comigo! — Ela respondeu.

— Você é tão irritante! — Miriam rosnou e puxou meu cabelo com a toalha, me pedindo para parar de provocar.

Eu ri suavemente e então puxei a garotinha para um abraço, enterrando meu rosto em sua barriga, brincando.

— É tão bom estar com você assim.  Mesmo que seu quarto fosse uma pilha de lixo, eu ainda iria querer ficar com você.

— Uma pilha de lixo? — Perguntei.

— Ok, tudo bem, menos que uma pilha de lixo — Ela admitiu.

— Vamos lá, você realmente não me ama — Provoquei.

Continuei abraçando Miriam, deixando-a secar meu cabelo enquanto conversávamos.

— Então, isso significa que nossa história tem um final feliz? Você encontrou alguém que acha que é bom? — Inclinei minha cabeça, sorrindo para ela. — De agora em diante, não deve haver obstáculos, certo?

— Depois que você se lembrar, que obstáculo poderia haver?

— O que você acha que sua família vai dizer sobre nos casarmos? — Perguntei.

— Eles não vão se importar. Minha mãe tem a mente aberta — Miriam respondeu confiantemente.

— Bobagem! — A mãe de Miriam gritou na mesa de jantar, onde todos estavam reunidos: a mãe, a irmã Renu, o irmão mais novo Ong, a Jao-Jom, Miriam e eu.  — Só aceitar que vocês duas se amam já é difícil o suficiente. Agora você quer se casar? Quem vai aceitar isso?

— O que você quer dizer, mãe? Pessoas que se amam devem se casar. Eu quero me casar com Got. Hoje em dia, casamentos entre pessoas do mesmo sexo são bem comuns — Disse Miriam.

— Essa é a família de outra pessoa. Temos uma reputação a zelar. Sua irmã mais velha também tem uma namorada... — A mãe hesitou um pouco, sentindo que estava pisando com cuidado com a Sr. Renu, e abaixou a voz para não soar muito chocada. — Agora a segunda filha também tem uma namorada. Não vamos ter filhos ou netos para essa família? Devemos ter herdeiros?

— Bem, Ong ainda está aqui! — Miriam rapidamente transferiu o fardo para seu irmão mais novo. — Ong, vá fazer alguns bebês agora!

— Você está louca, mana? Quantos anos eu tenho? Além disso... Acabei de terminar com minha namorada.

— O quê? Você terminou? Por quê? — Sr. Renu olhou para ele, aparentemente confusa, enquanto a mãe olhou para seu filho, também inseguro, mas não perguntou mais nada.

— Não me diga que você tem namorado também — A Mãe disse desconfiada.

— Eu não tenho! — Ong respondeu firmemente, levantando as mãos em defesa.

A Mãe estreitou os olhos. — Sério? Tem certeza?

— Eu realmente não tenho namorado! Eu tive relacionamentos, e eles terminaram. Vou conhecer alguém novo. Mas, falando sério, mesmo se eu tentar, não sei se será tão bom quanto o que vocês, garotas, têm. O que há de errado com o mundo? Vocês, garotas bonitas, não conseguem fazer isso funcionar, e nós, rapazes?