Kim Yuna, uma jovem escritora de web comics de apenas 20 anos, nunca imaginou que sua inspiração viria do atendente de um mercado local, Jeon Jungkook. Depois de transformá-lo no protagonista de sua história "Seven Days", Yuna fica surpresa quando J...
Terminei o banho, desliguei o chuveiro e me enrolei em uma toalha. O vapor quente envolvia o banheiro, criando um ambiente abafado e carregado, que refletia exatamente como eu me sentia por dentro. Olhei mais uma vez para o meu reflexo no espelho, tentando me reconhecer depois de tudo o que havia acontecido. A sensação de estar vivendo algo fora do normal ainda pairava no ar.
Caminhei até o quarto e me joguei na cama, o barulho das gotas de chuva ainda ecoando lá fora. Meu corpo estava limpo, mas minha mente estava uma bagunça. Peguei meu celular, hesitando por um momento antes de desbloqueá-lo. Não sabia se queria ver se Jungkook havia mandado alguma mensagem. Parte de mim desejava que ele simplesmente desaparecesse, mas outra parte — uma parte muito mais perigosa — ansiava por mais.
Suspirei, rolando para o lado e encarando o teto, o som da chuva se misturando ao meu coração acelerado. Fechei os olhos por um segundo, mas a imagem de Jungkook, sua expressão provocativa, seu toque, voltavam a me assombrar. Era impossível não reviver cada detalhe. Como ele havia cruzado a linha de uma maneira tão intensa e sem esforço? E por que, mesmo com o desconforto de tudo aquilo, parte de mim ainda queria mais?
Peguei o celular e desbloqueei a tela. Nenhuma mensagem nova. Mas era como se sua presença ainda estivesse ali, no ar ao meu redor, impregnada nas minhas roupas, nos meus pensamentos. Eu precisava de distância. Precisava entender o que estava acontecendo comigo antes de me afundar ainda mais naquela confusão.
Virei para o lado na cama, tentando afastar os pensamentos, mas a sensação de Jungkook continuava presente, como se sua presença fosse uma sombra em meu quarto. Eu precisava me distrair, afastar aquelas memórias que insistiam em voltar. Peguei o laptop e o coloquei no colo. Talvez escrever me ajudasse a organizar minha mente.
Abri o arquivo da minha web comic, "Seven Days". O cursor piscava na tela, esperando que eu continuasse de onde havia parado. A ironia de toda aquela situação não passou despercebida. A minha própria vida estava começando a se parecer com a história que eu havia criado. Mas agora, não era só ficção. Eu estava vivendo aquilo de uma forma que jamais imaginei.
Olhei para o texto da última cena que havia escrito. Jiwon, o personagem inspirado em Jungkook, estava no mercado, provocando a protagonista. Aquela mesma provocação que Jungkook havia feito comigo horas atrás. Mordi o lábio inferior, hesitante. Será que eu deveria continuar escrevendo? Ou deveria apagar tudo e recomeçar? Eu estava perdida em meus pensamentos quando uma notificação apareceu na tela. Uma nova mensagem.
Era dele.
"Está pensando em mim?"
Minha respiração falhou por um instante. Aquelas poucas palavras carregavam tanto peso. Eu não sabia o que responder. Era óbvio que eu estava pensando nele, mas admitir isso só daria mais poder a ele, mais controle sobre essa situação. Hesitei por um momento, os dedos pairando sobre o teclado.
"Você se divertiu hoje?", ele mandou outra mensagem, antes mesmo que eu pudesse responder a primeira. O tom provocativo era claro. Ele sabia que havia me deixado em um estado de confusão, e parecia se deliciar com isso.
Fechei o laptop de repente, sem responder. Precisava de espaço, precisava de tempo para entender o que estava acontecendo comigo. Me levantei da cama e fui até a janela. A chuva ainda caía, densa e constante, como se o mundo lá fora estivesse tão turbulento quanto o meu interior.
Eu estava presa em uma teia de desejo e curiosidade, tecida por ele. E, de alguma forma, não conseguia enxergar uma saída.
Encostei minha testa contra o vidro frio da janela, tentando esfriar os pensamentos fervilhando em minha mente. O som rítmico da chuva deveria ser relaxante, mas parecia apenas amplificar a inquietação dentro de mim. Jungkook tinha conseguido se infiltrar em meus pensamentos de uma forma que eu não sabia como lidar.
Dei alguns passos pelo quarto, sentindo o piso gelado sob os pés. Cada movimento parecia ecoar a tensão crescente entre nós. As lembranças da noite anterior vieram à tona de novo — sua proximidade, o toque inesperado, e a maneira como ele tinha se imposto em meu espaço, física e emocionalmente.
Sentei na beira da cama, as mãos tremendo levemente enquanto as descansava no colo. O celular estava ali, na mesinha ao lado, e eu sabia que ele poderia mandar outra mensagem a qualquer momento. Meu corpo respondia a essa expectativa com uma mistura confusa de antecipação e ansiedade.
Por que ele mexia tanto comigo?
Voltei a pegar o celular, incapaz de resistir. Abri a tela e vi a última mensagem ainda aberta. “Você se divertiu hoje?” Olhei para a frase por um momento, com o dedo flutuando sobre o teclado. As palavras dele pareciam ter um peso extra, como se quisessem me puxar para algum lugar que eu não sabia se estava pronta para ir.
Antes que pudesse pensar demais, minhas mãos começaram a digitar:
“Você sempre provoca assim ou é só comigo?”
Enviei antes que pudesse reconsiderar. O silêncio que se seguiu, enquanto esperava uma resposta, parecia interminável. Cada segundo que passava me deixava mais nervosa, mais presa naquela teia que ele havia criado.
O celular vibrou. Ele tinha respondido.
“Você me inspira, Kim Yuna. Não consigo evitar.”
Aquelas palavras me atingiram em cheio. Havia algo por trás da provocação, algo mais profundo que me deixava ainda mais confusa. Inspirei fundo, sentindo a pressão no peito aumentar. Eu queria saber mais, queria entender o que ele realmente queria de mim.
"Por que eu?", digitei e apertei enviar.
Houve uma pausa, mais longa dessa vez. Quando a resposta veio, ela trouxe uma nova onda de arrepios.
"Porque você é a única que me enxerga de verdade."
Fechei os olhos por um momento, tentando processar o que ele havia dito. Essa simples frase despertou algo dentro de mim que eu não conseguia ignorar.
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