Capítulo 14 - "À Beira do Delírio"

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Já estávamos fora do prédio, e a rua estava silenciosa, com apenas alguns carros passando de vez em quando. O vento leve balançava as folhas das árvores ao redor, criando um ambiente calmo, quase hipnótico.

- Fique aqui - disse Jungkook, com a voz baixa e segura.

Eu acenei com a cabeça, observando-o enquanto ele caminhava para o lado do prédio. O que ele estaria fazendo? A escuridão da noite envolvia seus passos. Alguns minutos depois, ele reapareceu... em cima de uma moto preta, brilhando sob a luz fraca do poste mais próximo. Meu queixo caiu de surpresa.

- Desde quando você tem moto? - perguntei, incapaz de esconder o choque. Nunca tinha visto ele subir em uma moto, e isso era algo interessante para eu adicionar ao meu personagem Jung Jiwon.

- Desde sempre, querida. Só que eu moro perto do meu trabalho, então não preciso ir de moto até lá. Sobe aí - respondeu ele com um sorriso travesso, enquanto me entregava um capacete preto.

Eu hesitei por um momento, ainda assimilando a novidade, mas logo coloquei o capacete, o material rígido e frio contra minha pele. Subi na moto, sentindo o couro gelado do assento entre minhas pernas e o leve tremor do motor que já estava ligado.

- Se segura - disse Jungkook, ajustando o próprio capacete e se preparando para partir.

Envolvi minha cintura ao redor dele, sentindo o calor de seu corpo contrastar com a frieza da noite. Ele acelerou a moto, e logo o rugido do motor quebrou o silêncio ao nosso redor. A sensação era libertadora e ao mesmo tempo intimidante, o vento cortante soprando contra meu corpo enquanto cruzávamos as ruas quase desertas. As luzes dos postes passavam por nós como rastros, e as árvores nas laterais se tornavam sombras indistintas enquanto a moto ganhava velocidade.

A viagem foi mais longa do que eu esperava, e comecei a me perguntar onde ele estava me levando. Quando finalmente chegamos ao destino, estávamos em um lugar que parecia um parque. No entanto, a área onde ele parou estava envolta em escuridão quase total, exceto por alguns pontos de luz ao longe. Meu coração acelerou, uma mistura de excitação e apreensão.

Descemos da moto, e Jungkook desligou o motor. O som do silêncio voltou a nos envolver, exceto pelos passos suaves que fazíamos sobre a grama úmida. Jungkook se aproximou e, com delicadeza, tirou meu capacete. Seus dedos roçaram de leve em minha pele, e o toque quase imperceptível me fez estremecer.

- Trouxe a venda? - ele perguntou, sua voz um sussurro que parecia carregar uma promessa.

Eu enfiei a mão no bolso do casaco e puxei a venda que ele havia me dado antes. Com um sorriso nervoso, a entreguei a ele.

- Fecha os olhos, ok? - pediu Jungkook, com o tom autoritário, mas ainda suave.

Fiz o que ele disse, e logo senti o tecido macio da venda encostar em meu rosto, bloqueando completamente a visão. Minha respiração ficou um pouco mais pesada, enquanto o desconhecido começava a tomar conta dos meus sentidos. Estava vulnerável, à mercê dele e da situação.

- Agora vamos caminhar para o nosso delírio - sussurrou Jungkook em meu ouvido, sua respiração quente contra minha pele, enviando arrepios pela minha espinha.

Ele segurou minha mão com firmeza, e eu deixei que ele me guiasse. O chão sob meus pés parecia macio e irregular, como se estivéssemos andando em uma área coberta de grama alta, que acariciava levemente meus tornozelos. A escuridão era total atrás da venda, e a única coisa que eu podia sentir era a mão de Jungkook me puxando, segura e decidida.

- Jungkook... eu tô ficando com medo - disse, a voz saindo trêmula, traindo o nervosismo crescente dentro de mim.

- Confie em mim - respondeu ele suavemente, apertando minha mão um pouco mais forte. - Você vai gostar do que eu preparei.

Minha mente estava uma confusão de pensamentos e palpites, sem saber o que esperar, mas havia algo no tom dele que me dava uma estranha sensação de segurança.

Cada passo que eu dava ao lado de Jungkook parecia me levar mais fundo na escuridão, e o som suave de nossos pés contra a grama era o único indício de que ainda estávamos em movimento. Minha respiração ficava cada vez mais tensa, e a única âncora à realidade era o toque firme da mão dele segurando a minha. A venda apertada em meus olhos criava um vácuo de escuridão que fazia todos os outros sentidos parecerem mais vivos. O cheiro da grama molhada, o som distante do vento entre as árvores e o toque quente de Jungkook eram tudo o que me conectava ao momento.

De repente, senti que a grama sob meus pés havia mudado para um terreno mais duro, talvez uma superfície de pedra ou concreto. Jungkook parou e, por um momento, o silêncio se instalou entre nós.

- Não se mexa - ele sussurrou, com a voz baixa, quase como uma ordem carinhosa.

Eu balancei a cabeça levemente, sentindo meu coração acelerar, o medo misturado com uma estranha sensação de antecipação. Ouvi o farfalhar de suas roupas enquanto ele se movia ao meu redor, e logo senti seus dedos tocarem meu rosto de forma delicada. Ele começou a soltar a venda lentamente, deixando a luz entrar aos poucos em minha visão até que eu pudesse enxergar novamente.

Com a visão ainda embaçada, olhei ao redor e percebi que estávamos debaixo de uma ponte. O som suave da água correndo abaixo de nós misturava-se com o sussurrar do vento, criando uma atmosfera surreal. Voltei meu olhar para Jungkook, que mantinha um sorriso travesso no rosto.

- Mas que porra é essa? - perguntei, tentando entender a situação estranha em que me encontrava.

Ele apenas sorriu de forma enigmática e disse: - Você está olhando para o lado errado.

Intrigada, me virei para o outro lado e fiquei estupefata. Diante de mim, havia uma cama improvisada feita de lençóis brancos amontoados, com dois travesseiros fofos em cada extremidade. Ao lado, uma bolsa que provavelmente pertencia a Jungkook estava encostada em uma das colunas da ponte. O cenário era incomum e, ao mesmo tempo, provocante, com a luz suave da lua filtrando-se por entre as vigas da ponte, iluminando o espaço de maneira suave.

- Ainda não entendi o que você quer com isso tudo, me fazendo usar uma lingerie e me trazer até aqui - disse, olhando para ele com uma mistura de confusão e curiosidade.

- Para alguém que desenha pessoas transando, você está bem inocente, Yuna - Jungkook falou em um tom sarcástico, sentando-se na cama improvisada, como se aquele fosse um local comum para encontros românticos.

Ele gesticulou para a vista ao nosso redor, e eu não pude deixar de notar a beleza do lugar. A água corria suavemente sob a ponte, refletindo a luz da lua e criando um brilho etéreo. As sombras dançavam nas paredes de pedra ao nosso redor, e o ar estava carregado de uma eletricidade palpável.

- A gente vai foder com essa vista maravilhosa - continuou Jungkook, sua voz cheia de confiança e um toque provocante. O jeito como ele falou fazia meu coração disparar, e eu percebi que estava prestes a embarcar em algo muito mais intenso do que eu imaginara.

 O jeito como ele falou fazia meu coração disparar, e eu percebi que estava prestes a embarcar em algo muito mais intenso do que eu imaginara

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My Inspiration: Desejos Realizados ( Jungkook Imagine )Onde histórias criam vida. Descubra agora