14. Um novo broto nasce.

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| Narração :

Alain havia quase terminado de recolher as crianças de dentro da Casa dos Anjos, tendo que protegê-las das irmãs corrompidas pela substância criada por alguém que ele preferiria não se lembrar. Desde que Morgan o trouxe ali, o apresentou jovem ao pesquisador que disseram ser de confiança, os pesadelos que se seguiram, os tubos em si, as palavras de Gregorius e da imperatriz tentando lhe convencer que tudo aquilo era necessário, era algo que ele levaria anos para conseguir se esquecer, ou talvez, este fato nunca mais fosse desaparecer de sua memória. O pior estava começando a chegar, ainda: logo, toda a cidade, que bebera da fonte do Graal ficaria do mesmo jeito. O rapaz fez uma breve súplica em frente ao símbolo sagrado, para que a deusa lhe abençoasse em sua missão.

— Tio Leone, pra onde a gente tá indo? — Um garoto questionou, segurando firme no antebraço do rapaz. — Os demônios estão aqui? Eu tô com medo!

O ex-templário abaixou-se, firme, segurou as pequenas mãos do menino.

— Nada irá acontecer contigo, Jaime. A criadora confia em mim para cuidar de ti, e ela com certeza vai ter uma ótima surpresa pra você também. Que tal um novo conjunto de blocos de montar quando tivermos expulsado todos os caras malvados daqui? Não seria uma ótima comemoração?

Os olhos do pequeno brilharam, ele logo voltou a se animar. E assim, do outro lado, estava Claire. Ela as ajudou a entrarem na carroça, de onde Jack deu partida para fora de Coronne, aproveitando a brecha deixada pelo foco da comoção em outra cidade. Os dois restantes ali entreolharam-se, antes de seguirem seu caminho para a verdadeira tempestade.

— Eu nunca reparei em nada daquilo antes. Me perdoe por ter te ferido naquele dia em que batalhamos. — A fada começou, um braço segurando o outro, seus passos um pouco mais monótonos que os do cavaleiro.

Leone abriu um sorriso, por alguns segundos.

— Sem problemas, senhora Le Fay. Estamos todos juntos nessa. Agora, só nos resta lutar até que estejamos enfim livres disso tudo.

A torre falsa em Draconis era quase um perfeito espelho do estado em que a árvore sagrada começou a ficar logo depois da volta do grupo, seus galhos começaram a se corromperem, acelerando a chegada dos talvez heróis. Makena e Sun lutavam juntos na linha de frente, contra cada cidadão transformado em criaturas. Enquanto isso, Asha e Jack ofereciam seu suporte mais atrás, dando conta dos alvos mais distantes. A dupla que acabara de chegar começou a recitar um cântico que começou a curar os galhos, porém, este deixou os moradores ainda mais agressivos.

— Que droga! A gente vai matar eles se continuarem nesse ritmo! — A guerreira bradou, enquanto se recusava a usar ataques elementais contra os ágeis  afetados, que avançavam contra todos eles um por um.

Assim que mais ramos foram recuperados, acima de toda a cristalina cidade, uma figura majestosa apareceu: portando uma harpa decorada de gemas verdes, flores e folhas, o elfo a tocou, enquanto cantava para seu povo, uma forte aura emanando de si. Foi neste momento, que, todos ali pararam, maravilhados pela vista. Sem perceber, Claire estava agora flutuando, a luz brilhante emanando de todo o seu corpo, seus trajes mudaram para um grande vestido similar às pétalas de um lírio.

— Fenris! — Um rápido supiro escapou de seus lábios, neste momento, a garota não era mais feita de pedra. Podia sentir o sangue correr por suas veias, seus dedos, antes rígidos, agora eram mais macios. — Eu lhe agradeço imensamente por tudo. Deveria ter-lhe reconhecido antes, me perdoe.

Serena, a figura segura o rosto de sua criação sem nenhum rancor, então a abraça.

— Eu estou feliz por tudo o que fez até aqui. Como uma árvore jovem, todos ainda irão ter seus momentos de crescimento. Eu estou aqui para auxiliar cada passo, caso queiram. Prefiro dar a liberdade aos vivos, para que sigam seus próprios caminhos. Mesmo que alguns possam se sentir perdidos, ou estarem, eu nunca recusarei fazer o mesmo de agora, não importa quanto tempo passe. Além de que, alguns de vocês não estão realmente sem rumo, já que viver... engloba diversos momentos. Apenas peço que não se esqueçam de ajudar uns aos outros, já que toda a vida precisa de suas condições propícias para existir.

E assim, ao ouvirem o discurso do ser, um grande sentimento de compaixão se apossou dos corações dos cidadãos, que, aos poucos, retornaram a suas formas originais. Eles ergueram suas mãos para a árvore, instintivamente, assim, retornando-a a seu estado original. Após tudo ser restaurado, os aventureiros comemoraram, agradecendo, correndo ao redor pela alegria e alívio. Asha olhou de relance para a divina e a fada, antes de tudo sumir de vista. Teria esse sido um sonho apenas?

| Ponto de Vista: Asha

Estranho, ninguém mais está comentando sobre o que ocorreu antes. Tudo parece em seus conformes, ainda, eu não ouvi alguém sequer mencionar os acontecimentos de hoje mais cedo. A Sophie ainda não apareceu, isso não é comum. Tudo o que ela precisaria saber teria sido esclarecido, caso, não tenha sido apenas algo que vi em meu sono. Mas, quem sabe não a encontro por aí.

— Você enfim acordou! — Trajada como eu me recordo, está a nova imperatriz, Claire Le Fay. Então, foi tudo mesmo real. — Estávamos preocupados depois de você ter sido ferida durante o confronto anterior e não despertar por nada. Mas, graças à criadora, está aqui conosco, desperta.

— Claire.

— Sim?

— Você ainda é... feita de diamante?

Ela fez um gesto de silêncio, então piscou para mim. Irei manter isso em sigilo, talvez seja melhor que não seja realmente relembrado pelo povo daqui. As comemorações foram extensas, dentro da Catedral, os coros e união permeavam o ambiente, agora sem mais nenhum líder controlador para ameaçar essas pessoas, utilizando-se de manipulações para mantê-las temerosas.

Eu pensei comigo mesma qual seria o próximo passo, já que eu não mais vi o responsável pela neurotoxina, nem mesmo Daisuke ou Sophie. Isso me preocupa mais do que deveria, já que me faz sentir que ainda há problemas maiores vindo. Um antigo plano de se tornar maior que os deuses e remodelar a existência deste mundo, parece se encaixar bem com a tragédia que a deusa da vida e este país acabaram de enfrentar. Nada disso deu certo, mas, nada garante que outra nação não irá sofrer da mesma forma. Por agora, só resta observar, e descobrir o que está acontecendo por trás de todo esse véu de  mistérios.











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