Às Estrelas E Ao Abismo

19. Início do torneio

| Narração :

O estádio perto do porto estava quase lotado em suas arquibancadas, diversos habitantes de Ziyou e e outras regiões compareceram ao Festival Anual de Jade, uma competição que geralmente envolveria movimentação para a economia local por suas recompensas, porém, esta edição seria especial: uma vaga de mestre também seria oferecida, bem como uma recompensa ainda maior. Cada um dos lutadores já em seus postos tinham razões diferentes. Para Chyou, seria impressionar seu querido, Lan Wang, com seu poder de combate, para Lian, seria uma forma de guardar o posto de qualquer potencial pessoa mal-intencionada que poderia tomá-lo pelas razões erradas, e, finalmente, para Daiyu, seria recuperar o fragmento de jade para curar sua doença pulmonar, esta que ela possui desde seu nascimento. Os competidores de fora também possuíam seus motivos, porém, Siegfried era o mais focado no prêmio dentre eles.

— Boa tarde à plateia de hoje, — Começou o imperador. — Recebam nosso patrocinador, sem ele não poderíamos trazer o torneio deste ano à magnitude que teve. Palmas para o senhor Wang.

A maioria ali aplaudiu a chegada do distinto indivíduo, ele tinha consigo um extenso casaco felpudo escuro, por cima de seu cheongsam preto e dourado nos detalhes. Tinha um monóculo dourado e um cabelo longo, escuro e trançado, seu sorriso usual denotava uma aura pacífica.

— Eu agradeço sua recepção calorosa, bem como a hospitalidade oferecida por vossa majestade. É com um grande prazer que dôo fundos para minha região natal, para que assim escolham um protetor digno dela. Que o melhor vença!

O brilho no olhar da mestre cabra não poderia ser maior, ela lembrou-se do dia em que ele se impressionou por sua grande força física e esforço para manter sua família, ela sendo a única cuidadora de dois irmãos menores. Muita responsabilidade estava nos ombros de Bai, e, ele queria ajudar a aliviá-la, até mesmo os pequenos tinham o achado um homem gentil e generoso. E para a moça, também muito bonito.

— Tá babando no carinha dos negócios, né? — Reconheceu Daiyu, mãos na cintura e um sorriso de lado como o de seu irmão. — Olha, mana, eu não sou de torcer pro azar, mas, você sabe que essa gente podre de rica tende a tratar pessoas mais simples como se fossem um bicho de estimação.

Os olhos de Chyou lacrimejaram.

— Você acha...? Ele só está comigo porque me achou fácil, é isso?

Um sentimento ruim veio à consciência da lutadora da cobra:

— Não, não! Desculpe! Não chora, por favor. Eu posso estar errada, você conhece ele melhor do que eu. — Deu uns tapinhas de leve no ombro da amiga. — Dá uma chance, isso foi só uma preocupação boba minha. E se concentra, okay? Você consegue!

A cabrita sentiu sua convicção voltar, respirou fundo, encarando a extensa arena determinada em pelo menos chegar às finais.

Nas arquibancadas, Makena batia seu pé de leve na madeira carmesim, enquanto esperava por Asha e Jack, estavam ambos atrasados. Sun já se encontrava cumprimentando meio mundo, mas aqueles dois, sabe-se lá onde estavam naquele momento.

— Será que eles foram embora do nada? Puta merda, já tô cansada de esperar. — Ela decidiu ir atrás de algum vendedor ambulante de petiscos, pelo menos isso tornaria a espera menos angustiante.

Asha acordou um pouco mais tarde, a janela aberta trouxe uma brisa refrescante para seu rosto e ombros. Ela percebeu, seus batimentos mais acelerados, que outra vez, não foi apenas um sonho ou algo da sua imaginação, ele esteve ali, e, agora ela teria que vestir-se o mais rápido possível para chegar a tempo. Olhou-se no espelho pra ver se algo mais denunciava seu segredo, porém, o ar saiu sem rodeios de seus pulmões ao perceber que não havia nenhuma marca em si. Daisuke a havia feito dizer algumas palavras que não sairiam de sua mente, o cretino realmente a via como um item próprio, e, ela mais uma vez o deixou ter o que queria.

— Sophie, eu sei que você estaria furiosa agora...

"E eu estou. Vou retornar pra amassar você e todos que eu tiver que quebrar a cara. Te vejo mais tarde, otária!"

A mensagem mental deixada por ela através da conexão que tinham foi alta e clara. Moreau retornaria! Mas não da forma esperada. Algo havia acontecido com ela também, isso era óbvio. Ela trajou-se de forma desleixada e correu até chegar no ponto de encontro.

— Larsen! Oi. — Acenou breve para a companheira de viagem, ainda com a cabeça cheia de memórias. Temia que alguém soubesse sem que ela percebesse, o motivo de seu atraso.

— Por que raios você demorou tanto?

— Bem, eu...

Tossindo, o pistoleiro por fim apareceu.

— Bonjour, damas. — Retirou seu chapéu, então vez tossiu. — Não se preocupem, é só uma alergia.

A garota estelar também notou que ele escondia algo, vindo da hesitação que ela pôde perceber nele.

— Alergia? Então você deve ter perdido seu antebraço e o substituiu por uma prótese. Céus, Jacques, como não me avisou sobre isso por carta...?

O mercenário escondeu seu braço, tarde demais, agora todos tinham notado.

— Você pode explicar a razão de uma parte do seu corpo aparecer metálica sem uma razão aparente?

Questionou sua velha inimizade, o ex-templário Alain. Ele iria escoltar a imperatriz Le Fay por onde ela fosse e isso o irritava à beça. Salvo pelo gongo, os participantes compareceram ao local central das lutas, trazendo uma grande agitação e foco em si.

— Aqui estão os nossos convidados! — Anunciou o mestre cachorro. — Siegfried Draconis, um andarilho parte de um reino devastado-

Ele quase não recebeu palmas, mas manteve-se firme em sua motivação para vencer.

— Kai Kamalani, um prodígio da tribo Kamalani, povo descendente de uma besta dos oceanos-

Palmas irromperam por parte do estádio, ele era conhecido por ser um lutador formidável vindo do continente em forma de arquipélago, sua função como navegador o permitiu viajar e expandir ainda mais seus conhecimentos de combate.

— Por último e não menos importante: Sophie Moreau!

A garota apareceu diante da arquibancada, saindo de uma cortina de fumaça. A maioria ali aprovou seu pequeno truque, ela fez uma reverência dramática como resposta. O grupo estava confuso: ela desaparece sem aviso prévio, e agora, estava bem à frente deles, outra vez, sem se comunicar com ninguém!

— Eu gostaria de agradecer ao meu grande amigo, o pesquisador, por ter me ajudado a aprimorar minha magia para eu estar aqui competindo! — Por mais que sua voz expressasse gratitude, a moça lunar podia perceber o ódio e o sarcasmo por trás delas.

Sentiu um certo frio na barriga ao perceber um homem trajado com um jaleco excêntrico e uma máscara parecida com um visor, ou, um olho de robô. Ele tinha cabelos ciano e pouco do seu rosto podia ser visto. Observava de longe a artista, parecia interessado em sua performance nas lutas que viriam. Ele acenou para Asha, sorrindo de forma sutil ao vê-la olhar pra ele, o que a fez virar o rosto quase no mesmo momento.

Em seu assento mais proeminente entre os demais, o dragão soberano anunciou o início da competição:

— E os primeiros são: Sun Jin vs Lian Yang.

O mestre canino e o aventureiro símio cumprimentaram-se com uma saudação, antes de um show de fogo e ventos tomar conta do solo terroso. Um clima de antecipação contagiava os corações de quase todos ali presentes, exceto os que tinham consciência de que algo não estava certo com a organização daquele evento.