VOLTEI >-<
Espero que gostem do capítulo e obrigada por cada favorito e comentário nos caps anteriores!!
Até mais, bbs <3
____________________________"Nós nos reunimos aqui, fazemos fila, choramos em uma sala iluminada pelo Sol
E se eu estiver em chamas, você também se transformará em cinzas
Mesmo no meu pior dia, será que eu mereci, querida
Todo o inferno que você me fez passar?"— My Tears Ricochet, Taylor Swift.
Ava colocou o capuz preto e saiu de casa com o corvo voando acima da cabeça dela. Já era noite e o vilarejo parecia estar pegando fogo, a luz quente de cada fogueira acesa iluminava os troncos das árvores e todo lugar com o vermelhidão perigoso. Os homens gritavam em plenos pulmões e as mulheres faziam a prece em voz alta. Cada grito e incômodo causado era um pedido desesperado por uma paz que não duraria mais que alguns poucos meses e, uma que nunca viria para as famílias que teriam seus filhos escolhidos e nunca receberiam uma resposta para acalmar seus corações.
Ava sentou ao lado de Elena e Luiza, as três com cabeças baixas para não encarar a cena à frente. Os animais estavam sendo pendurados em cordas até que ficassem na mesma altura que o teto da igreja, pendurados com o sangue escorrendo no chão. O bode havia sido colocado na caixa de oferenda de Mãe Miranda.— A lua da meia-noite se ergue em asas negras, nós aguardamos a luz no fim. Na vida e na morte, glória à Mãe Miranda.— Um fiel grita no final e todos ficam em silêncio.
Quase não dava para ouvir as respirações das pessoas ao redor, todas temendo que o menor som atraísse perigo e morte para os desobedientes. E então, começou. Começou a cair penas negras do céu, cada uma que caia sobre a cabeça deles parecia queimar sobre as vestes. Ava tocou no chão, buscando a textura da terra e das pedras para se lembrar que era o presente e não alguns anos atrás.
Os responsáveis por cada casa apareceram primeiro. Não dava para ver nada além de suas sombras. Ava quis vomitar. Elena agarrou a mão dela sobre a terra e apertou com força, trazendo um pouco de dor para lembrá-la que ainda estava ali, mas dessa vez, não sozinha.
Os corvos começaram a gritar no seu e quando desceram para o vilarejo, formaram uma espécie de muro que tampava as imagens dos Lordes e cada um dos animais oferecidos para sacrifício. Quando ergueram voo novamente, os animais haviam desaparecido. Uma mensagem clara que o sacrifício foi aceito.
Gale, o padre que comandava os cultos de Mãe Miranda se levantou e ficou de frente para a igreja e de costas para os Lordes. Os sinais da idade que pioravam cada vez mais rápido mostrando que ele também já estava exausto disso.
— Cada família que possui mais de um filho, terá que abrir mão de sua primogênita em sinal claro de respeito e devoção à Mãe Miranda. — Ele disse em voz alta e clara, com a voz raspando como se doesse dizer isso mais uma vez. Em breve, tudo pioraria, era claro. As pessoas estavam evitando ter mais filhos para não perder os que já tiveram. — Familia Lincoln, Jacobs, Kerned e Durval ofereceram suas filhas mais velhas em gratidão a nossa Mãe e resgatar a lealdade e bondade divina do Deus Negro para suas famílias e todo vilarejo. Seremos eternamente gratos por sua devoção. Glória a Mãe Miranda!
— Glória, Mãe Miranda!
As pessoas em volta gritaram enquanto Ava permaneceu em silêncio, com os olhos arregalados enquanto encarava as próprias mãos. Por um deslize, ela começou a ver sangue escorrendo delas, até Elena a apertar novamente. Não quis olhar quando as meninas andaram em direção à igreja e foram trancadas lá até serem resgatadas mais tarde. Também não olhou para as pessoas que seriam escaladas para o trabalho dos Lordes.

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Crowsong
RomansAo acordar em um chão gélido no meio da floresta, tudo o que sobra para Ava é se reerguer e pensar em que fazer para reconhecer o presente e também a si mesma. Perdendo tudo o que conhecia e amava, tudo o que lhe resta é a amizade e companheirismo d...