E se a gente fingir que hoje é segunda? rsrs Antes de mais nada, peço que desconsiderem qualquer erro tosco. Não tive tempo para revisar, mas quero entregar logo pois sei que alguns estão esperando. Beijinhos e boa leitura!
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Você. Não, nós.
O vento assobiou pelas persianas, um conjunto veneziano de madeira comprado numa viagem de negócios para a Indonésia. Para ela, o tom amarelado do cipreste conferia um aspecto mais leve e natural ao ambiente, embora o caos de Tóquio nunca estivesse tão distante daqueles metros quadrados do escritório.
Tzuyu se inclinou na cadeira executiva com pesar, alongando as costas rígidas. O quão mais duro ela precisaria trabalhar para garantir um futuro seguro para sua família? Não fazia ideia, mas estava se esforçando como nunca, preocupada demais com cenários ruins que não pareciam nada perto de acontecer. Quanto mais pensava sobre, mais incerta se sentia; o medo falava mais alto do que a lógica.
No relógio, um número redondo e grande a encarava de volta. Já se tornou um costume ficar ali por mais tempo que deveria, sozinha, envolta por uma capital que nunca dormia. Não que estivesse menosprezando sua conquista. O escritório era bom, espaçoso e equipado como ela bem gostava, mas aquela não era a sua casa.
Naquele momento, tudo o que podia fazer era mergulhar em memórias doces para arranjar forças e continuar o que devia ser feito. Ah… quem dera pudesse estar presa no engarrafamento entre Montpellier e Marselha de novo, aproveitando-se do enorme rebanho de ovelhas atravessando a pista para encher a esposa de beijos.
Riu ao se lembrar da lua de mel, um fragmento especial da vida que se desenrolou entre vinhedos, chalés e galerias de artes. Visitaram muitos museus e pontos históricos, também, mas nenhum espaço foi mais aproveitado do que a cama — elas simplesmente não conseguiam sair de lá antes das oito.
Foi quando descobriu o apetite voraz de Sana ao amanhecer, uma hora antes do café da manhã ser servido. E que mal fazia atender aos desejos da sua esposa tão cedo? O tempo estava meio gelado naquele horário, esquentando apenas quando o sol se aproximava do seu auge no céu. Era a desculpa perfeita para chocolates quentes com croissant, abraços apertados e lugares fechados. Além disso, elas podiam fazer amor por horas ao lado da lareira até Sana se dar por satisfeita e pedir por um banho.
Um suspiro vagou pelo ambiente, tão silencioso quanto a saudade pode ser. E enquanto os dedos batucavam na mesa, o cansaço do dia vinha à tona para consumir mais uma parte do seu corpo e mente. Tudo o que queria era estar em casa, mimando a sua esposa e a filha, mas Tzuyu preferia um futuro seguro para suas meninas à satisfação das próprias vontades.
E assim, distante em pensamento, despertou surpresa quando a porta da sala foi aberta e uma figura familiar entrou sem grande alarde. A discrição estava presente até na alma daquela mulher, fruto de um treinamento árduo e muita experiência.
— Você não devia estar com os olhos sobre a minha esposa?
Momo bufou, cruzando a sala sem se deixar afetar pelo comentário. Os olhos dela estavam em Sana, mais especificamente, os olhos da sua equipe, mas Tzuyu sabia muito bem disso, só estava provocando.
— Ensinando o padre a rezar?
— Só dizendo que o padre deveria estar na igreja. — devolveu, sem esperar por uma resposta ao oferecer um copo d’água do pequeno frigobar. Normalmente, Tzuyu pegava do bebedouro no fim do corredor — afinal, água era água —, mas a dedicação aos clientes exigia certos caprichos por parte da empresa.
— Faz tempo desde que bebi água de uma garrafa de vidro. Uma Svalbardi então? Parece que os negócios vão bem. — Tzuyu negou com a cabeça, voltando a se sentar na cadeira executiva enquanto pensava nos prováveis motivos da visita.
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Orfeu
FanfictionSe Tzuyu pudesse definir sua vida em poucas palavras, ela a chamaria de previsível, fácil e segura. Gostava disso, era confortável. Então, quando aceitou de última hora o convite do melhor amigo para um intercâmbio na Coréia do Sul, achou que tivess...