Alice se levantou cedo, como de costume, mas havia algo diferente naquela manhã. Ela sentia um peso no peito, um desconforto que não conseguia explicar. Ao olhar para o celular, mais uma vez, viu a mensagem de Gabriel. “Oi, Alice, tudo bem?” Era simples, mas o suficiente para ela se sentir desconcertada. Ela havia respondido a ele de maneira cordial nos últimos dias, mas algo dentro de si dizia que deveria parar. Que precisava parar de se envolver, antes que fosse tarde demais. Antes que a dor de se importar tomasse conta de sua vida novamente.
"Eu não posso me entregar a isso...", pensou ela, sentindo uma leve angústia. Não seria justo, não para ela, não para ele. Gabriel era diferente, mas ela não podia arriscar. Não novamente. A dor da perda de seus pais ainda a perseguia, e o que ela sentia por ele parecia um risco. Algo que ela não estava disposta a correr.
Alice decidiu que precisava de um tempo sozinha, longe de qualquer distração. Queria afastar esses sentimentos confusos. Então, ignorou a mensagem de Gabriel e decidiu sair para espairecer. Quando o dia começou a cair, ela tomou uma decisão que a faria se sentir mais próxima de sua mãe e de seu pai, como uma forma de buscar alguma paz interior. Ela iria ao cemitério. Uma visita que, embora dolorosa, sempre a ajudava a colocar seus sentimentos em perspectiva.
A cidade estava tranquila, com o som distante de carros ao fundo, mas Alice sentia o peso de seus próprios pensamentos enquanto caminhava até o cemitério. A brisa fria tocava sua pele, mas ela não se importava. Seus olhos estavam fixos no caminho à frente, buscando alguma resposta que, por mais que não soubesse, sentia que seria revelada ali.
Chegando ao túmulo de seu pai, Alice se ajoelhou, tocando a pedra fria com os dedos, como sempre fazia. Ela sempre sentiu que o túmulo dele era o único lugar onde podia encontrar alguma paz. A dor da saudade era insuportável, mas ao menos ali, ela ainda sentia uma conexão com ele, um fio invisível que a mantinha mais próxima do que jamais estivera.
"Papai, eu sinto tanto a sua falta", ela sussurrou, sem conter as lágrimas. A saudade, a dor de ter perdido os dois, ainda estava tão viva dentro dela.
Mas, naquela tarde, uma dúvida velha ressurgiu, algo que ela sempre tentou ignorar. Algo que não conseguia entender até hoje. Por que, depois do acidente, sua mãe não fora enterrada ao lado de seu pai? Por que o túmulo de sua mãe estava em outro local, distante, enquanto o de seu pai permanecia solitário, mas próximo daquilo que ela precisava?
Ela olhou para o túmulo vazio ao lado do de seu pai e, com a mente cheia de perguntas não respondidas, sussurrou: "Por que não está com ele, mamãe?" O vento parecia responder, mas suas dúvidas continuavam a martelar em sua mente.
E havia mais. A decisão da cremação de sua mãe nunca fizera sentido para Alice. Por que a haviam cremado? Não houve explicação clara, ninguém se sentou com ela para explicar as razões por trás daquela escolha. Nunca soubera o motivo real, e a falta de resposta sempre a atormentara. O que havia de errado? Ela não queria ficar obcecada por essas perguntas, mas a ausência de respostas a consumia de uma forma que ela não sabia lidar.
“Por que fizeram isso? Por que tudo foi tão abrupto?” Alice pensava, enquanto olhava o espaço vazio ao lado do túmulo de seu pai. As perguntas sobre o que realmente aconteceu com sua mãe, o porquê de sua ausência naquele lugar... eram questões que ela guardava dentro de si mesma, sem coragem de revelar para ninguém.
Ela sabia que, desde que tudo aconteceu, sua vida havia mudado de forma irreversível. O acidente, a perda de seus pais, as perguntas sem respostas... Eram coisas que ela precisava engolir a seco, esconder bem fundo, sem permitir que a afetassem. Mas havia algo mais sobre sua mãe que nunca conseguira compreender: sua mãe sempre foi uma mulher forte, mas naqueles últimos meses, ela parecia diferente. Parecia algo tão... distante. Como se a realidade dela fosse outra. E, mesmo depois de tudo o que aconteceu, Alice não conseguia deixar de se perguntar: Onde está a minha mãe? Por que nunca tive a chance de entender o que realmente aconteceu com ela?
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me ensina a amar
RomancePLÁGIO É CRIME? SIM. A violação dos direitos aurorais é CRIME previsto no artigo 184 do Código Penal3, com punição que vai desde o pagamento de multa até a reclusão de quatro anos, dependendo da extensão e da forma como o direito do autor foi violad...