Nos dias seguintes, Alice não conseguia tirar da cabeça a imagem de Gabriel conversando com aquela garota loira, no corredor da faculdade. Era algo simples, mas a maneira como ele parecia à vontade ao redor dela a incomodava de forma que ela não sabia explicar. Ela tentou se convencer de que não havia motivo para preocupação, mas o sentimento persistia, especialmente quando via os dois juntos em algum lugar da faculdade.
Alice começava a perceber que Gabriel e a garota pareciam estar sempre juntos, e a cada dia, ela ficava mais curiosa sobre quem ela era. Havia algo na forma como Gabriel interagia com ela que a deixava inquieta. Pareciam se conhecer há mais tempo, e ela não conseguia entender como isso não tinha sido mencionado antes.
Foi num café na biblioteca que a oportunidade surgiu. Alice estava ali, sentada, tentando focar nos livros, quando de repente, Gabriel apareceu, acompanhado da tal garota. Alice os viu se aproximando da mesa onde ela estava, e Gabriel sorriu, como se nada estivesse acontecendo.
"Oi, Alice", disse ele, colocando um livro sobre a mesa. "Essa aqui é a Beatriz, uma amiga de uns amigos meus. Estava querendo te apresentar, já que vocês duas são do mesmo curso, né?"
Beatriz sorriu timidamente, seus olhos se fixando em Alice. "Oi, Alice, é um prazer te conhecer."
Alice, um pouco surpresa, forçou um sorriso e estendeu a mão. "Oi, Beatriz. Tudo bem?"
A conversa começou de forma natural, mas Alice percebeu que algo estava diferente. Havia uma energia entre Gabriel e Beatriz que ela não conseguia ignorar. Eles falavam com facilidade, e a forma como se olhavam fazia Alice se sentir deslocada. Não sabia se estava interpretando errado, mas parecia que eles estavam mais próximos do que Gabriel havia deixado transparecer.
A conversa continuou fluindo, mas Alice não conseguia se livrar da sensação de que algo estava acontecendo. Beatriz parecia ser a pessoa com quem Gabriel mais se conectava ali. Ela era simpática, estava sempre sorrindo e, de alguma forma, parecia entender Gabriel de uma maneira que Alice ainda não conseguira.
"Você já leu o último livro do nosso professor de Literatura, Alice?" Beatriz perguntou, interrompendo os pensamentos de Alice. "Gabriel estava me contando que você tem uma visão ótima sobre literatura. Queria ouvir sua opinião sobre esse autor."
Alice tentou manter a compostura, mas estava se sentindo desconfortável. "Ainda não, Beatriz. Mas vou dar uma olhada no próximo fim de semana. A gente pode conversar mais sobre isso."
Gabriel, que parecia não notar a tensão crescente entre as duas, sorriu. "Isso, Alice, você vai gostar. Beatriz é ótima para discutir livros. A gente sempre acaba se empolgando."
Beatriz sorriu, e Alice tentou não deixar transparecer a sensação de insegurança que começava a tomar conta dela. Ela não sabia o que estava acontecendo, mas sentia que Gabriel estava se afastando dela, e não sabia se isso era só coisa da sua cabeça ou se ele realmente estava se conectando com Beatriz de uma forma diferente.
.
Os dias seguintes foram confusos para Alice. Ela não sabia o que estava acontecendo entre Gabriel e Beatriz, mas algo em seu interior dizia que estava perdendo alguma coisa. Gabriel, que ela imaginava conhecer bem, parecia diferente quando estava com Beatriz. Eles eram de cursos diferentes, mas ainda assim, suas conversas e risadas pareciam ser uma constante, e isso a fazia sentir-se desconectada dele.
Depois daquele primeiro encontro, Gabriel continuava a se aproximar de Beatriz, e Alice sentia a distância crescer entre eles, embora nunca tivesse tido uma conversa direta sobre o que estava acontecendo. Eles se encontravam nas aulas ou nas atividades da faculdade, mas a conexão que Alice tinha sentido em outros momentos estava ficando cada vez mais distante.
Numa terça-feira, depois de mais uma aula de Literatura, Gabriel apareceu na biblioteca com Beatriz. Alice estava em uma das mesas, com os olhos fixos em seu livro, tentando fingir que nada estava acontecendo. Quando eles se aproximaram, Gabriel a cumprimentou com um sorriso, mas não havia a mesma proximidade no olhar. Era como se ele tivesse se fechado, como se não quisesse mais aquela interação simples de antes.
"Oi, Alice. Eu e a Beatriz vamos fazer um trabalho juntos sobre o autor que estamos estudando. Você gostaria de se juntar a nós?" Gabriel perguntou, a voz casual, como se nada de estranho estivesse acontecendo.
Alice levantou os olhos do livro, tentando esconder o desconforto. "Ah, obrigada, mas acho que vou fazer o meu sozinha mesmo. Já tenho outros planos."
Ela percebeu que sua resposta soou um pouco mais ríspida do que deveria, mas não conseguiu evitar. Algo estava acontecendo, e ela não sabia lidar com isso. A ideia de se juntar a eles, de ver Gabriel tão à vontade com Beatriz, a deixava desconfortável, como se ela não fosse mais parte daquele mundo.
Beatriz, com seu sorriso sempre doce, tentou amenizar a situação. "Não se preocupe, Alice. Vai ser um trabalho tranquilo. Mas, se você mudar de ideia, só nos chamar."
Alice forçou um sorriso. "Vou pensar sobre isso, Beatriz."
Aquela conversa, tão simples, deixou Alice ainda mais pensativa. Ela não sabia o que Gabriel estava sentindo ou pensando, mas estava claro que ele estava se aproximando de Beatriz de uma forma que nunca tinha feito com ela. E, apesar de serem de cursos diferentes, Alice não conseguia entender o que exatamente estava mudando.
O mais difícil era o silêncio que pairava entre ela e Gabriel. O que antes eram conversas espontâneas, agora parecia uma formalidade, um simples cumprimento de protocolo. Eles ainda se viam nas aulas, nos corredores, mas o brilho nos olhos dele, quando olhava para Beatriz, era algo que Alice não podia ignorar.
Ao chegar em casa, Alice se sentou no sofá, olhando para as paredes do quarto, tentando organizar seus pensamentos. Ela sabia que tinha algo a mais ali, algo que ela não conseguia definir. E isso a deixava desconfortável, quase insegura. O medo de perder Gabriel estava crescendo, e, ao mesmo tempo, ela não sabia como lidar com isso.
No fundo, Alice sabia que talvez estivesse fazendo uma tempestade em copo d'água, que Gabriel era livre para fazer o que quisesse. Mas não era isso que a incomodava. O que a atingia era o fato de ela não ser mais uma prioridade para ele. As coisas estavam mudando, e, sem querer, Alice começava a perceber que a relação que tinha com Gabriel poderia não ser mais a mesma.
VOCÊ ESTÁ LENDO
me ensina a amar
RomancePLÁGIO É CRIME? SIM. A violação dos direitos aurorais é CRIME previsto no artigo 184 do Código Penal3, com punição que vai desde o pagamento de multa até a reclusão de quatro anos, dependendo da extensão e da forma como o direito do autor foi violad...