Os dias que seguiram a conversa na quadra foram mais tranquilos, pelo menos na superfície. Minho se esforçava para conter seus ciúmes e dar mais espaço para Jisung, enquanto Jisung fazia questão de incluir Minho em suas interações com Yunho, tentando equilibrar os dois lados. Apesar disso, uma tensão sutil permanecia, especialmente quando Yunho parecia, involuntariamente ou não, ultrapassar os limites que Minho considerava aceitáveis.
Certa tarde, os três estavam juntos na biblioteca, trabalhando em um projeto de grupo. Yunho estava inclinado sobre a mesa, explicando algo a Jisung, que parecia prestando muita atenção, enquanto Minho folheava um livro de referência sem realmente ler.
"Entendeu, Jisung?" Yunho perguntou, sorrindo.
"Entendi! Você explica bem melhor que o professor," Jisung respondeu com uma risada.
Minho bufou alto, fechando o livro com força. "Claro, o Yunho é um gênio agora."
Yunho levantou o olhar para Minho, surpreso. "Eu só estava ajudando..."
"E eu só estou aqui de figurante, pelo visto," Minho rebateu, jogando o livro de lado e se levantando.
"Minho!" Jisung chamou, visivelmente desconfortável.
"Eu vou pegar um ar. Divirtam-se," Minho disse antes de sair da biblioteca.
Jisung suspirou, passando a mão pelos cabelos. Ele sabia que precisava lidar com aquilo antes que piorasse.
"Desculpa por isso, Yunho," Jisung disse, se levantando. "Vou atrás dele."
"Tá tudo bem. Vocês precisam conversar," Yunho respondeu com um sorriso compreensivo.
Jisung encontrou Minho do lado de fora da escola, encostado em uma das árvores, com os braços cruzados e a expressão fechada.
"Você não precisa agir assim toda vez que ele fala comigo," Jisung começou, parando na frente de Minho.
"Eu não gosto do jeito que ele age, Jisung," Minho respondeu, olhando para longe. "Ele tá sempre tentando se aproximar de você, como se eu não existisse."
"Minho, ele não tá tentando nada. Ele é só amigável," Jisung retrucou, tentando manter a calma.
"Amigável demais," Minho resmungou.
Jisung suspirou, sentando-se no chão ao lado dele. "Escuta, eu entendo que você se sinta inseguro. Mas você precisa confiar em mim. Não importa o que o Yunho faça ou diga, não vai mudar o que eu sinto por você."
Minho olhou para Jisung, a expressão suavizando. "E o que você sente por mim?"
Jisung sorriu, meio tímido. "Sério que você ainda tem dúvidas? Eu te amo, Minho. Mesmo quando você faz essas cenas dramáticas."
Minho ficou em silêncio por um momento, processando as palavras. Ele então se sentou ao lado de Jisung, encostando a cabeça no ombro dele.
"Eu também te amo," Minho disse baixinho.
"Ótimo. Agora vamos voltar pra biblioteca e terminar o projeto. Sem drama, por favor," Jisung brincou, levantando-se e puxando Minho junto.
Minho sorriu, segurando a mão de Jisung. Apesar de tudo, ele sabia que estava no lugar certo.
[...]
Depois de voltarem à biblioteca, Minho tentou manter a calma. Ele sabia que precisava melhorar, mas ver Yunho rindo e conversando com Jisung ainda fazia algo revirar dentro dele. Dessa vez, no entanto, ele decidiu não reagir.
Jisung percebeu o esforço de Minho e ficou orgulhoso. Sempre que Yunho falava, Jisung fazia questão de incluir Minho no assunto, perguntando a opinião dele ou lançando pequenos olhares cúmplices. Isso parecia funcionar, pois Minho gradualmente relaxou.
Quando o sinal tocou anunciando o fim do dia, os três começaram a arrumar suas coisas.
"Bom, foi legal trabalhar com vocês," Yunho disse, colocando a mochila nas costas. "Podemos terminar o resto amanhã?"
"Claro," Jisung respondeu, sorrindo.
Minho apenas assentiu, sem dizer muito. Ele esperou Yunho sair antes de finalmente soltar o ar que nem sabia que estava prendendo.
"Tá vendo? Foi tranquilo," Jisung disse, colocando o braço ao redor de Minho enquanto caminhavam para fora da escola.
"Você fala isso porque não tem que lidar com a vontade de socar alguém o tempo todo," Minho brincou, mas havia um tom genuíno em sua voz.
"Você não precisa se preocupar com o Yunho," Jisung garantiu. "Ele é só meu amigo. E, se eu for honesto, ele tá mais interessado em se enturmar do que em qualquer outra coisa."
Minho olhou para Jisung, estreitando os olhos. "Você tem certeza disso?"
"Tenho," Jisung disse, rindo. "E, de qualquer forma, se ele tentasse algo, você seria a primeira pessoa a saber."
Na semana seguinte, a relação entre os três começou a se estabilizar. Yunho parecia entender os limites e, mesmo que ainda fosse próximo de Jisung, fazia questão de não deixar Minho de fora. Ele até começou a puxar assunto com Minho, tentando criar um clima mais amigável.
Uma tarde, enquanto estavam na sala de aula esperando o professor, Yunho virou-se para Minho de repente.
"Você joga futebol, né?" Yunho perguntou, um sorriso curioso no rosto.
"Jogo. Por quê?" Minho respondeu, levantando uma sobrancelha.
"Eu tava pensando em entrar no time. Talvez você pudesse me ajudar com isso?" Yunho sugeriu.
Minho hesitou, mas Jisung, que estava sentado ao lado, cutucou Minho com o cotovelo. "Vai, ajuda o garoto. Ele é bom em fazer amigos, mas não sabe por onde começar."
Minho suspirou, olhando para Yunho. "Tá, eu posso te apresentar pro treinador. Mas não espere que eu vá pegar leve no campo."
"Nem espero," Yunho respondeu, rindo.
Mais tarde, Jisung comentou sobre a interação enquanto caminhavam para casa.
"Você tá melhorando," ele disse, dando um sorriso caloroso para Minho.
"Eu só não quero mais brigar por besteira," Minho admitiu. "E, se isso significa tentar me dar bem com o Yunho, então... que seja."
Jisung parou de andar, segurando a mão de Minho e olhando diretamente para ele. "Eu sei que isso é difícil pra você, e eu aprecio o esforço. Mas não esquece: você não precisa mudar quem você é por ninguém. Eu gosto de você exatamente assim."
Minho sorriu, puxando Jisung para mais perto. "E eu gosto de você por me fazer querer ser melhor."
Eles continuaram caminhando, lado a lado, sabendo que, mesmo com desafios, estavam construindo algo sólido juntos.
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Olhos nos Olhos.
Romance𝐇𝐚𝐧 𝐉𝐢𝐬𝐮𝐧𝐠 𝐞𝐫𝐚 𝐮𝐦 𝐠𝐚𝐫𝐨𝐭𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐭𝐢𝐧𝐡𝐚 𝐝𝐞𝐩𝐫𝐞𝐬𝐬𝐚̃𝐨, 𝐞𝐥𝐞 𝐬𝐨𝐟𝐫𝐢𝐚 𝐦𝐮𝐢𝐭𝐨 𝐛𝐮𝐥𝐥𝐲𝐢𝐧𝐠 𝐧𝐚 𝐬𝐮𝐚 𝐞𝐬𝐜𝐨𝐥𝐚 𝐚𝐧𝐭𝐢𝐠𝐚 𝐞 𝐦𝐮𝐝𝐨𝐮 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐩𝐫𝐨𝐜𝐮𝐫𝐚𝐫 𝐮𝐦 𝐬𝐞𝐧𝐭𝐢𝐝𝐨 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐬𝐮𝐚 𝐯�...