Yoko (13)

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— NÃO FAYE!!!! POR FAVOR PARA!!!!

Eu já estava cansada de lutar contra ela que continuava em cima de mim, beijando cada parte do meu corpo, agora eu estava sentindo uma vontade enorme de vomitar, mas acho que o nó na minha garganta me impedia de tal coisa.

— Senhora Malisorn.

Ouvir a voz da Irina foi a melhor coisa que poderia ter acontecido naquele momento, pois Faye se distraiu um pouco e eu conseguir empurrar ela para longe e subir correndo as escadas, entrei na primeira porta que vi e me tranquei no quarto de hospedes, mas com certeza ela teria uma chave reserva então achei melhor não arriscar e me trancar no banheiro também.

Toda a cena do abuso veio na minha cabeça, suas mãos tocando meu corpo não me causavam prazer e sim nojo de ser tocada a força, comecei a chorar compulsivamente era inútil tentar enxugar as lágrimas ou evitar os soluços, peguei uma toalha que estava la e enrolei fazendo um pequeno travesseiro, lentamente deitei no chão frio do banheiro e me acomodei ali, pela manhã eu pensaria no que fazer.

Depois de horas tentando dormir eu ouço passadas no quarto e o medo toma conta novamente do meu corpo, ponho minhas costas contra a parede e de olhos fechados começo a rezar para que ela não entre no banheiro, eu já estava prestes a chorar de novo quanto a maçaneta da porta começa a girar.

- Yoko!? Sou eu a Irina - Por um instante meu corpo todo se aliviou - Pode abrir, a senhora Faye já esta dormindo.

Lentamente me levantei e girei a porta ainda desconfiando, apesar de tudo a Irina era funcionara da Faye por muitos anos e lhe devia lealdade, eu cheguei a pouco tempo e não tínhamos muita intimidade assim, olhei ao redor do quarto e a porta estava fechada, não tinha nenhum sinal daquele monstro ali, somente a pequena Irina sentada na cama.

- Relaxa eu tranquei a porta, como você está? - Seu olhar era de pena, com certeza ela desconfiava o que tinha acontecido lá embaixo.

- Estou bem - Me limitei a dizer ainda com vergonha do que tinha acontecido.

- Tem certeza? Ela não te... Você sabe né!? - ela fez os gestos com a mão e desviei o olhar tentando acabar com aquela conversa.

- Não, está tudo bem, ela só estava alterada por causa do álcool.

- Por que não me conta a verdade?

Que verdade? Que eu estou aqui contra a minha vontade? Que eu estou odiando a Faye com todas as minhas forças? Que me pai matou o pai dela e ela resolveu infernizar a minha vida? Infelizmente eu nunca poderia contar a verdade pra ninguém, pois a verdade iria destruir a minha família e eu não estava preparada para isso.

- Porque não tem nada pra contar, mas mesmo assim obrigada por tudo.

- Tudo bem - Ela suspirou passando a mão pelos cabelos - Mas saiba que sempre que precisar estarei aqui Yoko.

- Obrigada - Dei um sorriso sincero pra ela, apesar do pouco tempo deu pra perceber que ela era uma mulher muito boa e gentil.

Depois que ela saiu do quarto eu tranquei a porta novamente e fiquei imaginando como seria amanhã, ela levantaria me trataria friamente ou brigaria comigo e depois me levaria pra escola, o resultado de tantos pensamentos foi uma noite mal dormida e várias olheiras, o sol estava nascendo e com ele eu fui percebendo as marcas roxas no meu corpo por todas as partes e que com certeza não daria pra disfarçar.

Eu tinha que ir pra escola querendo ou não, visto que eu tinha prova no segundo horário, tomei um banho ali mesmo e sai de toalha para o quarto da Faye até porque as minhas roupas estavam la junto com meus materiais, atravessei o corredor na ponta dos pés e se eu estivesse com sorte ela não estaria ali, mas para o meu azar assim que eu abrir a porta ela saiu do closet.

Passei de cabeça baixa me esquivando dela, mas não deixei de perceber seu olhar sobre meu corpo marcado.

- Você tem 20 minutos pra se arrumar e 20 para tomar café, vou te esperar lá embaixo.

Apenas balancei a cabeça e voltei a procurar minhas roupas, ela ia saindo mas parou na porta e ficou pensando em algo que eu não fazia a mínima questão de saber, até ela virar o calcanhar e voltar na minha direção.

- Nunca mais fuja de mim ou eu irei até no inferno te procurar, entendeu? - No momento ela já segurava meu braço com muita força - Você é minha Yoko, entenda isso.

Eu apenas balancei a cabeça e segurei o choro, estava machucada demais pra revidar alguma coisa, se ela queria fazer da minha vida um inferno e me mostrar a sua pior versão, ela finalmente estava conseguindo, porque depois de ontem eu não esperava mais nada dela, então tudo o que eu queria era que aquilo acabasse logo.

O caminho até a escola foi em total silêncio, o dia estava quente e foi difícil colocar uma roupa que conseguisse cobrir tudo, mas a maquiagem ajudou um pouco, quando o carro parou ela saiu e abriu a porta para mim, me encostou no carro e me deu um beijo como sempre só que dessa vez eu não retribui como ela esperava.

- Agora pode ir porque seus amigos estão ali te esperando, e se perguntarem sobre as marcas, diga que tivemos uma noite quente.

Dito isto ela entrou no carro e eu sai em direção aos meus amigos que assim que me olharam abriram a boca em um perfeito O.

- Quem te espancou pequena? - Ling perguntou fechando os punhos e eu até sorriria se eu não estivesse tão quebrada por dentro.

- Isso está mais pra uma boa noite de sexo selvagem - Jakarin comentou com um olhar malicioso.

- E foi isso - Disse fingindo um sorriso e entrei na escola sendo acompanhada por eles.

O dia foi repleto de perguntas, Jakarin acreditando na minha história sexual, Orm como sempre no mundo da lua e Ling não acreditando nem um pouco em tudo o que eu falava.

Possessiva (FayeYoko)Onde histórias criam vida. Descubra agora