Possessiva (FayeYoko)

Yoko (15)

Voltei para a turma sob os olhares de muitos que provavelmente viram a Faye do lado de fora, guardei a sacolinha dentro da bolsa com os remédios, o que não passou despercebido pelos meus amigos que não sabiam disfarçar nada, logo a professora começou a aula e alguns minutos depois sentir meus músculos relaxarem devido ao efeito do remédio.

Durante todas as aulas eu fiquei pensando o porquê da Faye ter vindo aqui tão de repente me trazer os remédios, já que pela manhã ainda em casa e durante todo o caminho ela não parecia arrependida com o que fez, mas eu sabia que lá no fundo ela não era tão má assim, apesar de que ontem eu realmente havia ficado apavorada com o que ela quase chegou a fazer, a verdade é quase todos nós temos algo de bom e ruim a oferecer, a não ser os psicopatas, mas eu não acho que Faye seja uma.

— Então, vai levantar ou tá difícil? — Ling e suas mudanças de humor.

— Oi?

—  A aula já acabou, os meninos já saíram porque a Orm estava quase fazendo xixi nas calças e o Jakarin não perde uma oportunidade de ir no banheiro feminino pra se sentir mulher um pouco.

— Isso é verdade — Sorri um pouco levantando e arrumando meus materiais.

— Está melhor? — Eu ia responder só que ela me interrompeu — E não venha me dizer que estava bem, porque todo mundo reparou que você só ficou melhor depois que aquele projeto de mulher perfeita veio aqui.

— Vocês também não deixam passar nada, hein.

Nós já estávamos saindo, quando encontramos com Orm e Jakarin no corredor, que logo começaram a me bombardear de perguntas querendo saber o que Faye havia vindo fazer na escola no meio da aula.

— Ela só veio me trazer remédios e saber se eu estava bem, porque apesar da noite maravilhosa de ontem que vocês já repararam, eu não acordei muito bem.

— Também né, olha o tamanho daquela mulher pra você Yoko, ela te quebra todinha se for rebolar em cima de você — Orm disse fazendo todo mundo sorrir e eu não pude deixar de gargalhar imaginando a cena porque realmente seria hilário.

— Oi amor — Nem percebi que já estávamos do lado de fora da escola e muito menos que Faye estava perto.

Me virei dando de cara com ela em uma calça jeans escura, botas pretas e uma jaqueta de couro preta com um capacete na mão, se eu fiquei assim boquiaberta, imagina só a escola toda que ficou babando naquela mulher, que por sinal me olhava com um sorriso cínico na cara.

— Oi amor — Disse ainda olhando para a beleza exuberante da Faye que agora era minha namorada e futura noiva.

— Não vai me apresentar para os seus amigos? — Me deu um beijo na testa e me abraçou pelas costas ficando com as mãos na minha cintura.

— Faye Malisorn Peraya a bilionária que tem uma das maiores redes de tecnologia do país — Jakarin disse estendendo a mão para ela, que estava surpresa assim como nós.

— Como você sabia? — Orm fez a pergunta que todas nós queríamos fazer.

— Wikipédia tá ai pra isso baby — Ele disse jogando os cabelos para o lado.

— Tão viado que me enjoa — Ling revirou os olhos e estendeu a mão para Faye — Prazer eu sou a Ling, e se machucar a nossa baixinha eu te mato.

A risada da Faye foi alta e eu sorri também para não deixar o clima tenso, afinal por mais rebelde que Ling fosse, ela não era nem capaz de imaginar o que Faye poderia fazer apenas com um estalar de dedos.

— Desculpe por isso — O tom de ironia na voz da mais velha foi visível pelo menos para mim — Eu jamais machucaria a mulher que eu amo, não é amor?

Ah claro, você quase abusou de mim ontem a noite e agora vem com esse papinho, tive que respirar fundo colocar a cara mais cínica que eu pude fazer e dizer — Claro amor.

— Eu não sei se ela já falou, mas vocês estão todos convidados para passar o dia lá em casa, vamos fazer um churrasco e tem uma piscina gigante, acho que vocês vão gostar — Mais uma vez Faye sendo Faye e me pegando de surpresa.

É claro que elas toparam logo de cara e o Jakarin ficou todo animado, afinal quem não gostaria de ir pra casa de uma bilionária passar o dia inteiro, nos despedimos deles e fomos para a moto que era nada mais, nada menos do que uma Harley Davidson preta que chamava atenção por onde passava, ela me deu um dos capacetes e colocou o outro, me segurei em sua cintura morrendo de medo, o caminho até em casa foi mais rápido do que pude imaginar.

— Você está melhor? — Ela perguntou assim que entramos no quarto.

Joguei minha bolsa no chão e deitei na cama fechando os olhos e sentindo meus músculos relaxarem mais uma vez, o dia anterior foi horrível e hoje o dia não estava sendo diferente, minha cabeça estava a mil então eu só queria relaxar e entender a mulher que me maltrata e depois se preocupa comigo.

— Eu não vou morrer, relaxa tá.

Senti o colchão afundar do meu lado e uma pequena carícia nos meus cabelos, não ousei abrir os olhos eu só poderia estar sonhando que um dia Faye iria fazer carinho em mim, sem ser de fachada na frente de outras pessoas para mostrar o casal apaixonado mais fake que existe.

— Eu perguntei se está melhor? — Sua voz era calma e baixa, seus lábios tocaram o meu rosto em um beijo leve e suave, seu nariz percorreu todo o meu rosto aspirando o meu cheiro até chegar na testa onde ela deu mais um beijo.

Eu só poderia estar sonhando com aquilo, mas não estava, era tudo verdade e esse era um dos motivos que deixavam a minha cabeça louca, porque Faye me deixava maluca com essas mudanças de humor repentinas, então apenas admitir que estava melhor.

— Então tome um banho e desça para almoçar comigo, pois tenho uma surpresa para você.

Dito isto ela se levantou e me deixou ali sozinha imaginando o que diabos ela iria aprontar desta vez.