Faye (10)

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Eu precisava de álcool, nada mais do que álcool e cigarros, eu realmente perdi a cabeça com a Yoko, mas que se foda ela mereceu, ela merece o pior de mim, a minha vingança nunca seria completa se eu não fizesse ela sofrer, chorar e pedir pra morrer todos os dias, e eu vou fazer questão de dar com todo prazer a pior parte que existe dentro de mim para ela.
Abrir uma das minhas garrafas de bebida que trouxe da Europa e sentei na mesa do escritório derramando tudo de uma vez na boca, eu queria sentir algo que não fosse aquele vazio.


A bebida desceu rasgando em minha garganta e fechei os olhos esperando que aquilo me acalmasse um pouco, acendi um dos meus cigarros mais caros e fitei o quadro do meu pai que estava na minha frente, lembrei de quando eu tinha apenas doze anos e ele me ensinou a atirar, eu estava tão ansiosa que saí atirando para todos os lados, porém ele disse que eu seria melhor se eu parasse, pensasse e planejasse, pois quem fazia as coisas sem pensar, nunca alcançava o seu alvo.

O primeiro sorriso que eu dei foi para ele, a primeira palavra que aprendi foi "Papa", o primeiro passo eu dei foi com ele, e foi ele quem me ensinou a andar de bicicleta, moto e carro, perder ele foi como perder a maior parte de mim, e eu iria acabar com essa porra toda um dia.

- Porra - Derrubei tudo de cima da mesa, peguei um jarro que estava ali como decoração e o atirei na parede fazendo um barulho estrondoso, comecei a chutar e jogar na parede tudo o que eu via pela frente, era tanto ódio que não cabia em mim.

- Senhorita Malisorn, está tudo bem? - Meu segurança pessoal bateu na porta do escritório, me despertando do surto.

Respirei fundo e me sentei no chão com a cabeça encostada na parede, olhei para a garrafa de whisky que estava ao meu lado e derramei mais uma vez na minha boca, mais uma vez fechei os olhos sentindo o álcool subir a cabeça.

- Estou bem e não quero ser incomodada.

Olhei para a minha mão e estava sangrando, com certeza me cortei com algum caco de vidro, porém com a adrenalina e o álcool no sangue não senti tanto, bebi mais um pouco e levantei lentamente até o quadro da minha mãe que estava em cima da estante perto dos livros e o atirei na parede juntamente com as outras coisas sem valor.

- ISSO TUDO É CULPA SUA! - Falei sentindo a raiva novamente no meu corpo, minha cabeça estava uma confusão e mais uma vez eu não estava conseguindo manter a calma e me controlar, comecei a quebrar tudo novamente sentando no chão e chorando.

- Ei, calma - Alguém me abraçou por trás e não preciso de muito esforço para eu perceber de quem se tratava - Vai ficar tudo bem tá.

Não! Não podia ser!

- O que você faz aqui Yoko? - Perguntei me soltando dos seus braços - Eu disse que não queria ser incomodada.

- Eu escutei o barulho e vim correndo, SUA MÃO ESTÁ SANGRANDO - Ela olhou espantada para a minha mão que agora estava sangrando o dobro - Não sai daí!

Vi ela correndo pra fora do escritório, no meu pensamento aquela maluca só podia ter ido ligar pra ambulância ou algo assim, e que porra ela veio fazer aqui se preocupando comigo depois do que eu fiz?

Levantei e andei até meu quarto com a mão pingando sangue durante todo o percurso, depois eles dariam um jeito de limpar aquilo, quando cheguei no quarto ouvir um barulho vindo do banheiro e logo depois Yoko saiu com uma maleta branca de primeiros socorros.

- Nem morta eu vou deixar você me costurar - Disse logo me esquivando das suas mãos.

- Não vai doer Faye - Ela tentou me puxar pra dentro do banheiro - Não seja medrosa.

- Eu não sou medrosa, eu apenas não confio em você.

Vi seu rosto entristecer, mas ela rapidamente tratou de disfarçar.

- Então vamos no hospital - Ela disse sentando na cama e me olhando com preocupação.

- Yoko você é normal? - Minha pergunta saiu da forma mais curiosa possível.

- Acho que sim, por quê ?

- Porque você está querendo me ajudar depois do que eu te fiz hoje.

- E o que tem? - Sem sombra de dúvidas essa garota não era normal.

- Yoko qualquer pessoa em sã consciência me deixaria sangrar até a morte, eu deixaria você sangrar até a morte - Disse segurando a mão pois no momento já estava doendo, talvez pelos cortes ou pelo tanto de sangue que eu já havia perdido.

- E você vai sangrar até a morte se não deixar eu fazer os curativos, ou então tem que ir ao hospital comigo, mas respondendo sua pergunta eu não sou qualquer pessoa e eu não deixaria você sangrar até a morte.

- Droga! - Minha mão estava latejando mais do que eu podia suportar no momento - Faz logo essa merda de curativo, mas se fizer algo errado eu te mato.

- OK, vem senta aqui - Ela me levou até o banheiro e pediu que eu sentasse na cadeira que havia ali, se ajoelhou entre minhas pernas e eu estava começando a gostar daquela posição, se minha mão não estivesse toda fodida era a Yoko quem estaria.

- Bem que a gente podia aproveitar pra....

- Podia nada - Ela disse concentrada na minha mão, fazendo a limpeza e retirando os pequenos cacos de vidros com uma pinça - Fica quietinha.

- Pra você eu fico - Disse sorrindo maliciosamente - Ai porra Yoko!

- Mandei ficar quieta.

Ela fez tudo perfeitamente como uma profissional e eu fiquei curiosa pra saber onde ela aprendeu aquilo tudo, depois de colocar o remédio e me obrigar a tomar um anti-inflamatório, ela levantou e foi guardar as coisas.

- Onde aprendeu tudo isso? - Levantei e caminhei para a cama, tudo o que eu queria agora era deitar e descansar.

- Fiz um curso - Ela me seguiu respondendo a minha pergunta.

- Mas você não é muito nova pra isso - Na verdade Yoko era muito nova pra muita coisa, principalmente pra toda a paz e auto controle que ela tinha.

- Nunca se é nova demais quando se quer ajudar alguém - Ela respondeu sorrindo, e aquele papo de namastê estava me dando náuseas.

Possessiva (FayeYoko)Onde histórias criam vida. Descubra agora