Yoko (03)

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Eu estava no meio da sala ainda esperando por uma resposta, minha mãe desabou e começou a chorar com toda a força, corri até ela e a abracei, meu pai veio e nos envolveu em um abraço só, nunca tinha visto ele chorar daquela maneira e naquele momento ele também desabou.

- Me perdoa filha - Foi a primeira coisa que ele disse depois que o choro cessou, seus olhos estavam vermelhos e inchados, a energia daquela sala estava extremamente pesada e alguma coisa lá no fundo me dizia que a nossa vida não seria mais a mesma.

- Pelo que? - Perguntei sentindo o medo e o desespero tomar conta do meu corpo.

Meu pai me puxou pela mão e eu sentei em seu colo, ele me contou toda a história da sua vida e mesmo ouvindo da sua própria boca eu ainda não estava acreditando que ele havia feito isso, o homem que eu mais admirava e que tinha como um exemplo de vida havia matado alguém, tudo bem que era esse tal homem ou a nossa família, mas pra mim isso ainda não justifica devia ter outra saída, não somos ninguém pra tirar a vida de outra pessoa. Era totalmente errado na minha visão de mundo.

- E o que essa moça tem haver na história? - Perguntei ainda séria, eu não queria chorar, mas por dentro eu estava quebrada.

- Ela é a filha dele - Minha mãe disse ainda chorando e eu abrir a boca em estado de choque.

- Ela deve está querendo matar todo mundo aqui então - Eu brinquei ainda assustada com toda essa loucura, sorrir de nervoso.

- Não filha - Meu pai disse suspirando e abaixou a cabeça antes de falar algo que com certeza iria mudar a minha vida - Ela quer você.

Levantei do seu colo e fiquei o encarando achando que aquilo só podia ser alguma brincadeira, tudo aquilo já era loucura demais e agora mais eu na história, não podia ser verdade.

- Isso é brincadeira né?

Meu pai balançou a cabeça e contou o que ela iria fazer conosco caso eu não fosse com ela, realmente ela foi muito esperta e minha vida seria um inferno a partir dali, pagaria por algo que eu não tive culpa, mas para proteger a minha família eu faria qualquer coisa.

- Você não precisa fazer isso filha - Meu pai levantou me segurando pelos ombros, eu sei que ele iria pensar em uma solução, mas viveríamos fugindo até quando?

- Tá tudo bem pai - Respirei fundo sentindo que aquilo com certeza seria mais difícil do que eu pensava - Eu vou lá em cima arrumar minhas coisas.

Eu subi as escadas ouvindo minha mãe chorando e gritando não, meu pai tentava consolar ela, e eu? Bom, eu estava agindo no automático, mas foi só a porta se fechar que eu desabei, sentei no chão de costas pra porta e chorei, chorei soluçando, como de um dia para o outro a minha vida mudaria completamente, não sei quanto tempo passei ali chorando, chorei até não ter mais lágrimas, já estava escurecendo quando levantei e decidir que eu tinha uma vida nova para enfrentar, eu tinha que ser forte por mim e por eles, eu não poderia deixar nada apagar meu brilho.

Peguei uma mala que estava dentro do guarda roupa e comecei a arrumar as minhas roupas dentro dela, alguns minutos meu celular vibrou era mensagem da Ling.

Ling: Hey baixinha ♡

Eu: Oi ♡

Ling: Vamos no cinema daqui a pouco? O Jakarin e meu amor também vão.

Eu: Não vai dá, tenho que terminar algumas coisas aqui.

Ling: aaaah poxa, então tá bom, te vejo amanhã na escola, te amo.

Eu: até mais irmã. Também te amo ♥

Como seria amanhã? Será que eu continuaria na escola? Minha mente começou a me bombardear de perguntas sem respostas, nada mais dependia de mim agora.

A noite foi longa, eu não conseguir dormir nem um pouco, ficava imaginando como seria a casa dela, como ela seria de verdade boa ou má, era até engraçado pensar isso pela situação na qual ela me colocou, com certeza ela não era boa pessoa, mas eu gostava de ver o lado bom das pessoas mesmo elas dizendo que não tem lado bom, todos nós temos.

Assim que a luz do sol invadiu meu quarto levantei e fui até o banheiro, eu estava com olheiras horríveis e meu rosto estava um bagaço, mas era hora de passar uma boa maquiagem e um sorriso no rosto e foi o que eu fiz, desci as escadas e vi meus pais no mesmo estado, não houve conversas e nem risadas, era a primeira vez que eu estava sem vontade de conversar com eles.

- Filha - Meu pai começou a falar com vergonha até de me encarar - Nunca esqueça do que eu falei ontem, nunca deixe ninguém apagar teu brilho, continue sendo essa garota linda e pura que você é, faça sempre o bem sem esperar nada em troca, e saiba que eu me culparei eternamente por estragar sua vida - Nesse momento todos nós já estávamos chorando na mesa - Eu te amo tanto minha pequena, me perdoa.

Corri e o abracei, a mesma coisa aconteceu com a minha mãe, tive que subir e retocar a maquiagem, o dia na escola foi repleto de perguntas o porque das minhas olheiras que não foram bem disfarçadas, apenas respondi que tive pesadelos e não conseguir dormir bem, odiava mentir, mas naquele caso eu não tinha escolha, eu acho.

Quando cheguei em casa vi o mesmo carro na porta, aquela era a hora, respirei fundo antes de entrar e já encontrar minhas malas no chão da sala, a tal da Faye Malisorn com sua posse autoritária estava sentada no sofá da sala e seus dois armários vulgo seguranças no seu lado, meu pai estava no outro sofá.

- Vem filha, vamos tomar um banho - Minha mãe segurou nas minhas mãos e subi sem falar nada e novamente eu estava no automático.

- Eu vou poder ver vocês de novo? - Perguntei sentindo algumas lágrimas rolarem.

- Claro que sim princesa - Minha mãe enxugou - Só não sei quando ainda, Faye não foi muito específica .

Estávamos tentando ser fortes, mas a verdade é que estávamos quebradas por dentro, desci já devidamente vestida e pude ver a mulher me encarar dos pés à cabeça, me despedir dos meus pais demoradamente e tentei segurar as lágrimas ao máximo, eu não poderia demonstrar fraqueza, não na frente dela.

Possessiva (FayeYoko)Onde histórias criam vida. Descubra agora