Dois Corações, Uma Válvula

32. Péssimo Mentiroso - Parte 2

Aviso: Conteúdo gatilho. Violência.

Linguagem inapropriada.
Machismo.
Conteúdo sexual (Insinuação e Nudez)

Leia por sua conta e risco.

Alerta Vermelho: Violência Infantil.

A última vez que o medo me devorou por dentro, foi quando eu estava andando por um longo corredor, em um tapete azul turquesa com bordados dourados em linhas trançadas, as paredes eram feitas de um mármore em um azul tão escuro que se não fosse pela luz dos castiçais prateados, podia ser confundido com o preto. Com tudo, algo me chama atenção, me fazendo observar os desenhos que formavam iguais às ondas de um mar violento, meu corpo começa a estremecer, pois por alguma razão sinto como se o oceano estivesse prestes a invadir o lugar e me afogar nas suas profundezas mais obscuras sem me restar mais nada, além do título de "pior irmão do mundo" por ter deixado o caçula sozinho na despensa da cozinha.

Já se passaram dez anos, mas seus gritos ainda aterrorizam a minha mente e me culpam pelo que aconteceu, aquela velha sensação de sentir um coração batendo forte em meu peito ainda me persegue só para me lembrar que fui o único responsável por aquele trágico dia. E olhando para Thomas a minha frente que gritava pela dor que sentia quando Pierre pressiona sobre a ferida ao pé da barriga, causada por aqueles miseráveis que o encheram de chutes e pancadas, me fez ter lembranças indesejáveis que faz meu maxilar contrair, pois enxergava um pouco de Tony nele.

Sinto um olhar de repressão sobre mim, mas apenas a ignoro, já que não estava com vontade de ter tão cedo uma discussão com Elaine Castellani. Nossas brigas nunca terminam bem. Então para evitar que isso aconteça, foco em Pierre que enfaixava ao redor da barriga de Thomas para que evite que o machucado possa piorar.

- Caso esteja muito apertado, me avise. - Pierre fala a Thomas finalizando o curativo, dando um aperto. - Não sou especializado em medicina como Caleb, mas acredito que você iria preferir mais a mim para evitar as reclamações dele. - Pierre brinca e Thomas faz uma careta.

- Não, está ótimo. - Thomas responde com a voz um pouco fraca - E realmente, não estou com cabeça de ouvir as grosserias de Caleb em meu ouvido. - Revira os olhos dando um meio sorriso, me fazendo olhar para o pequeno corte na bochecha esquerda.

-E como está sua mão? - Pierre olha para mão enfaixado de Thomas.

- Só sinto um pouco de dor, devo admitir que sou péssimo em briga.

- Definitivamente você não serve para brigas, meu amigo. - Pierre cruza os braços encarando Thomas com a sobrancelha erguida.

Elaine bufa:

- Teve sorte, garoto. - Elaine se aproxima de Thomas jogando o casaco em seu rosto.

- Elaine! - Thomas protesta, mas Elaine é mais rápida nas palavras:

- Como teve a coragem de mentir para mim sobre a garota?! Achou que perambulando com ela por Winter Nights era uma boa ideia?

Thomas engole em seco, até que seus olhos amedrontados é direcionados a mim, sabendo que não era só a bronca de Elaine que receberia. Então suspira, tentando reunir palavras que possa ajudar em defesa sua e da amiga que os colocou nessa situação. Visto que Ellie Bridge é como uma fonte de discórdia, pronta para me fazer perder um pouco da sanidade que me resta.

- Não era minha intenção mentir, Elaine. - Olha ela. - Mas quando você acreditou naquela história de que o nome dela era Elena, sendo a nova tripulante de Canto de Lyra, vi que tinha chance de ninguém da cidade perceber que se tratava da princesa de Tidal Bridge, pois você nunca deixa nada passar despercebido.