13. Perguntas

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Depois dos terríveis poucos minutos com aquele capitão arrogante, eu seguia Liam pelo navio sentindo muito olhares sobre mim que me deixava agoniada.

Mesmo que eu tenha fugido de Tidal Bridge, eu não podia escapar dos olhares que sempre caiam sobre mim, olhares que esperavam eu cometer qualquer passo em falso.

Olho na direção do mar, vendo que está calmo ao contrário daquela noite quando me derrubou com sua ira. Essas lembranças fez meu corpo estremecer. Eu não podia acreditar que o meu amor pelo mar poderia me levar a minha destruição. Admirei e amei o mar, mas quase fui morta pelo mesmo se não fosse pela misteriosa pessoa que me salvou.

Eu poderia até pensar na hipótese de ter sido o capitão Jason ter me salvado, mas pelo jeito que ele me trata acredito que me preferia morta.

Meus passos são travados por alguém que quer me vê em pedaços pela expressão que no qual me encarava. Daiana parecia ser o tipo de pessoa que não desiste enquanto não acabar  com você.

Ergo a cabeça para encarar seus olhos afiados me olhando debaixo para cima com sua expressão carregada de sarcasmo. Novamente estou em sua mira.

- Daiana, por favor. – Liam diz em um tom de repreensão.

Esperei que ela retrucasse algo com ele, mas ao contrário disso, ela apenas me lança um sorriso maldoso e logo sai do nosso caminho. Liam respira fundo parecendo aborrecido com as atitudes da garota de perfeitos cabelos cacheados.

Liam volta me guiar para onde eu havia acordado algumas horas atrás, vejo que as redes não estavam mais nos mesmo lugares. Parecendo mais organizados.

- Fique aqui, trarei algo para se alimentar. – Ele diz com sua mesma expressão carrancuda. Esse homem não sorria nenhuma uma vez?

Apenas balanço a cabeça, prefiro não direcionar se quer uma palavra a qualquer um deles.

Liam logo sai me deixando completamente sozinha. Não que isso seja ruim, na verdade me sinto aliviada por finalmente está a sós em partes, pois precisava respirar um pouco.

Eu preferia ficar aqui sozinha do que juntar com aqueles piratas que me olham ira como se eu tivesse feito algo a todos eles.

Observo cada parte daquele lugar, vendo objetos e acessórios espalhados, a única parte arrumada era onde se encontrava três livros empilhados em cima um do outro.

Me aproximo me ajoelhando e tocando em cada obra, havia um dos livros que era grosso e de capa dura azul, parecia ser o mais antigo dos outros dois - que um é verde e outro vermelho.

- É um romance. – Escuto alguém dizer me fazendo se assustar e se levantar rapidamente.

Olho para o garoto de cabelos escuros e pele tão branca como a neve, aparentando ter 18 anos de idade. Thomas foi o único gentil comigo nesse lugar então eu deveria ser o mesmo com ele.

- Me desculpa, não queria ser enxerida. – Digo com as bochechas quentes de vergonha por ter sido pega mexendo em algo que não me pertence.

Thomas acaba esboçando um belo sorriso.

- Tudo bem, eu não me importo com isso. Ao contrário fico feliz que encontrei alguém que aprecia livros assim como eu.

Acabo sorrindo com aquilo. Em tampouco aquele garoto gentil já me conquistou com seu jeito encantador.

Thomas se aproxima com uma bandeja, preenchida por um prato de sopa, duas maçãs e um prato com vários biscoito parecendo saborosos. Isso só aumenta mais ainda minha fome.

- Uau! Isso é tudo é para mim mesmo? – Brinco fazendo Thomas sorrir.

- Liam não seria  tão caprichoso assim então me ofereci, ou na verdade implorei para trazer – Fala rindo baixo. – Vossa alteza merece muita mais que isso. – Diz colocando a bandeja sobre um pequeno banco que havia então me sento no chão ao lado de Thomas que pegava os livros.

- Obrigado por ser tão gentil comigo. – Digo pegando um biscoito e logo provando, vendo o quanto era mesmo saboroso.

- É que na verdade eu trato as pessoas como eu gostaria que me tratassem. – Diz me olhando pegar a colher de sopa.

Então eu o olho.

- E você só tem a ganhar com isso, meu caro. – Sorrio piscando para ele que sorrir novamente.

Começo tomar da sopa que faltava um pouco de gosto, mas não me importo, eu sentia muita fome e não reclamo, pois sei que muitos dariam de tudo para ter esse pequeno prato de sopa.

- Fiquei sabendo que ficará conosco. – Thomas fala revirando algumas páginas do seu livro de capa dura azul.

- Não por muito tempo. Assim que esse navio ter sua primeira parada, vou embora. – Digo voltando dá atenção a minha sopa.

- Embora? Duvido que o capitão Jason permita isso. - Revela fazendo eu o encarar.

- Por que ele não permitiria?

Thomas me olha se sentindo perdido e aquilo faz minha desconfiança se aumentar.

- Hum agora que lembrei tenho que fazer alguns serviços antes que Liam possam vim pegar no meu pé como sempre. – Se levanta deixando os livros de volta no mesmo lugar. – Assim que terminar estarei te esperando no convés para explicar tudo de como as coisas são por aqui.

Sem esperar por minha resposta, Thomas sai e fico sozinha como antes.

Lembro de quando Heitor foi embora da minha vida, foi anos difíceis, pois mesmo rodeada de pessoas eu ainda me sentia sozinha. Isso foi até conhecer Audrey que preencheu minha vida com suas loucuras e diversões.

Agora nem mais ela eu tinha aqui comigo. Sinto uma vontade de chorar. Será que fui errada em deixar tudo para trás?

E se eu tivesse ficado no estábulo como Jordan sugeriu quando estávamos sendo atacados por piratas? Eu estaria viva e com eles?

E Jordan será que esta vivo? E Audrey como está também? E Sra. Pullman estava lá quando houve o ataque, o que será que aconteceu a ela? A rainha Louise e o rei Michel mortos ou vivos? E minha mãe conseguiu sobreviver aquele ataque? E o temido rei Carl Bridge fugiu ou está morto como muitos naquela noite?

E também penso em Blanc, meu cavalo e melhor companheiro de fuga, que no qual me perdi dele no meio do mar, conseguiu escapar?

São tantas perguntas que talvez nunca terei as repostas.

Assim que termino minha refeição, depois de desligar de todos meus pensamentos que vem me perturbando. Pego os últimos biscoitos que faltava e logo como.

Ajeito meu penteado que sem dúvidas não estava nada elegante. Assim como minha roupa que está arruinada.

Deve ser por isso que o capitão Jason Fletcher não me achou nada atraente.

Mas e daí que ele não te achou atraente, Ellie? Pouco importa o que ele acha.

Não me importo – mesmo que ele causa sensações estranhas em mim – a opinião dele é a que menos me interessa pois o capitão Jason mostrou ser um homem arrogante e estúpido me humilhando daquele jeito.

Sei que em partes ele tem razão sobre eu julgar antes de conhecer, mas ele também não me conhece para ter me julgado.

Sigo em passos firmes em direção a escada que levava ao convés. Não sei o que será dos meus dias daqui para frente mas de uma coisa estou certa, ninguém mais ousaria escolher meu próprio destino a não ser eu.

Dois Corações, Uma Válvula Onde histórias criam vida. Descubra agora