10. Lugar Desconhecido

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- Daqui uns dias os piratas terão que partir. Bom, foi o que eu ouvir meu pai falar com minha mãe e meu irmão. – Heitor revela para mim então logo jogando uma pequena pedra no mar.

Heitor irá partir e eu não vou poder ir com ele, meus olhos começam encher de lágrimas. Ele logo percebe se aproximando de mim.

- Ei, Ellie. – Sussurra enquanto eu apenas abaixo minha cabeça.

- Então você... você vai partir. – Digo com uma voz carregada de choro.

Heitor segura em meus ombros fazendo eu olhar em seus olhos castanho-claros preenchidos de sonhos e uma grande vida de aventuras.

- Nós iremos partir, Ellie! Fiz uma promessa, lembra? – Heitor me lança um pequeno sorriso. – Alguma vez já descumprir alguma promessa?

Balanço a cabeça negando então ele continua:

- Você vai comigo e será parte da minha família. Vai poder se juntar a tripulação. – Acabo sorrindo com as palavras de Heitor. – E quem sabe futuramente pegar o cargo de capitã que um dia pertencerá ao meu irmão. – Heitor rir baixo me fazendo rir também.

- Eu seria uma grande capitã dos mares. – Pego o chapéu de Heitor colocando em minha cabeça.

Heitor rir.

- Não duvido. – Heitor diz ainda sorrindo.

Sorrio para meu melhor amigo.

- Eu serei uma filha do mar.

Olho na direção do mar começando a contar os minutos para um dia, eu e o mar nos tornarmos um só.

Sinto meu corpo se balançar, por um momento imaginei que eu estivesse morta mas assim que abro os olhos vejo um teto feito de madeira escura.

Tudo estava em um absoluto silêncio. Não me recordo de como cheguei nesse lugar.

Eu sentia meu corpo fraco, meus dedos aos pouco se movem tocando em um tecido grosso e gastado. Eu havia sonhado com uma lembrança com Heitor.

Tento me levantar mas acabo caindo diretamente para chão, fazendo eu soltar um gritinho pela queda e logo em seguida um gemido de dor por bater meu corpo contra o chão.

Levanto com um pouco de dificuldade, uma pequena luz refletia sobre aquele lugar estranho no qual eu me encontrava. Olho ao redor vendo algumas redes penduradas e logo várias armas e garrafas de bebidas espalhadas pelo chão.

Por Deus, em que lugar eu me encontrava?

Tudo que me lembro é de fugir da vida que eu não desejava mais e cavalgar em Blanc até encontrar tudo o que eu mais amo.

Mas o mar não foi nada gentil comigo, quebrando a ponte para que eu possa ser devorada por suas ondas de ira para que em seguida seja tomada pela escuridão para sempre.

Mas agora eu me via em um lugar bem diferente do que eu estava acostumada.

Toco nas minhas veste, vejo que meu vestido não estava mais a mesma formosura e elegância como na festa do meu aniversário e sim o tecido se encontrava desgastado e com algumas partes rasgadas pelo mar que me atacou.

Escuto algumas vozes e passos, mas não sinto medo. Cresci por toda minha vida próximo de um monstro que no qual chamo de pai, tive que enfrentar muitos olhares julgadores em minha volta, quase fui morta por uma pirata - que acabei a matando no final -, e só de lembrar dela fazia meu sangue gelar por eu ter cometido algo tão impiedoso. Fugir de piratas maldosos – e principalmente dos guardas do meu terrível pai -. Enfrentei um mar que jogava suas ondas de ira contra mim, que entretanto fez vê que tudo o que eu mais amo pode também me matar.

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