Dois Corações, Uma Válvula

35. Capitão Arrogante

Aviso: Conteúdo gatilho. Contém descrição de violência física.Conteúdo sexual (Insinuação e Nudez).

Leia por sua conta e risco.

O vasto azul do oceano estava calmo, e o som das ondas se misturava à música ao fundo, fazendo-me fechar os olhos enquanto meus dedos apertavam a borda de Canto de Lyra. Queria guardar aquele momento em minha memória, como um tesouro precioso.

Virei-me para a tripulação, vejo Jev e William discutindo sobre os nós do navio, até que Daiana aparece para intervir, antes que a situação piorasse. Liam estava no timão, guiando o navio em direção a um novo destino, enquanto Hugo se dedicava a preparar sua deliciosa comida, o aroma invadindo o ar. Phil tentava, sem sucesso, ser o primeiro a pegar um pedaço da iguaria que saía da cozinha. Caleb estava em um canto me fitando com uma carranca, o que me faz revirar os olhos.

Meu olhar se voltou para Thomas, que gesticulava de forma desengonçada para uma garota que parecia se divertir com a situação. Noreen observava tudo com um sorriso no rosto, e eu ainda me surpreendia ao pensar que ela fazia parte da nossa tripulação. Finn estava ao lado dela, sempre protetor; mesmo não suportando muitos ali, ele nunca a deixaria sozinha.

Notei algumas pessoas de Winter Nights caminhando pelo convés, mostrando que eram parte da nossa equipe também. Então, sou surpreendida pela visão de Elaine segurando uma garrafa de rum, enquanto Vicente tentava desesperadamente tirá-la das mãos dela. A cena era tão cômica que não consegui evitar uma risada. O que me faz perceber Bill ali presente, também rindo da situação.

Logo depois, avistei Pierre com seu cigarro entre os lábios. Ele me olhou e deu um sorriso de lado, seguido por uma piscadela. Aquele gesto me fez acreditar que ele havia esquecido do nosso último encontro constrangedor, o que me trouxe um alívio inesperado. Era bom ver todos assim, juntos e felizes, navegando em meio a esse mar.

Até que sinto dedos tocarem levemente em meu ombro, me fazendo olhar uma flor de lírio branco em sua mão. Pego a pequena flor, levando para mais perto com a intenção de sentir seu perfume.

— Ainda estou esperando você me encontrar. – A voz suave e brincalhona do rapaz que antes segurava a flor ressoou no ar, e ao erguer o olhar, fui tomada por uma mistura de surpresa e nostalgia. O rapaz usava roupas elegantes em um tom preto, mas o que se destacava era o capuz vermelho vivo que se estendia até o chão. E o que me deixou mais intrigada era os olhos castanhos que se tornavam dourados pela luz do sol, que me lembrava alguém muito especial. Um amigo que sempre me provocava, me desafiando a explorar os sete mares ao nosso redor, criando uma amizade repleta de aventuras e promessas não cumpridas.

— Heitor? – Minha voz saiu baixa, quase falhando, enquanto a esperança brotava em meu coração.

Então, Heitor se virou com aquele sorriso travesso que eu conhecia tão bem e, em seguida, anda pelo convés, se misturando com as pessoas que dançavam ao som da música. Meu coração disparou; não poderia ser ele, mas a semelhança da cor dos olhos era impressionante. A dúvida começou a surgir: seriam as criaturas das profundezas tentando me enganar? Mas não fazia sentido; ainda era dia.

Quando vi Heitor desviando de Thomas e Noreen, que dançavam em perfeita sintonia, decidi ir atrás do meu amigo de infância. Porém, antes que eu pudesse dar um passo, alguém me puxou para dançar. Era Elijah, que começou a me girar com graça ao ritmo da música. Tentei protestar e me afastar dele, mas logo fui envolvida por Jack, que também me conduziu na dança. Olhei para Heitor e percebi que ele estava se afastando cada vez mais.

Tentei escapar de Jack, mas logo Owen apareceu e me girou em direção a Park, que parecia se divertir com toda a situação. Acabei pisando nos pés de Park, que soltou um resmungo engraçado antes de Sammuel me puxar para dançar novamente. Ele me fez rodopiar como uma bailarina até que Casco aparecer e começar a me conduzir em direção à cabine do Capitão de Canto de Lyra.