Capítulo XIV

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" Uma nova jornada!? Que maravilha! Isso significa um novo começo, não é?"

. . .


- Sim... - Avaliou Margaret, com incerteza. - Quer dizer... mais ou menos.

Margaret engoliu com dificuldade, mas tentou disfarçar. Henry tomou o garfo da mão dela.

- Deixo eu ver. - Levou o garfo até a panqueca que tinha acabado de ser feito por ele. - Não pode ter ficado tão ruim assim.

Experimentou, não durou nem dois segundos para Henry admitir.

- Uau. - Engoliu amarguradamente. - A panqueca ficou tão bom que nem eu e você merecemos comer, vou jogar até no lixo para garantir de ninguém comê-la.

- Também acho. - Margaret pegou a panqueca e jogou fora, pela terceira vez. - Deixa comigo agora, você precisa ir trabalhar daqui a pouco.

Henry suspirou se lamentando, pelo menos não acabei com a cozinha como na última vez, tentou ser otimista.

- Vou acordar Beth. - Disse Henry. - Se não acordar, ela fica amanhã toda dormindo.

Margaret riu.

- Como naquela última vez. - Lembrou ela. - Parecia uma ursinha hibernando.

Henry subiu as escadas e foi até a porta. Abriu com delicadeza e olhou para dentro do quarto. Beth não estava na cama. O quê?

Henry entrou no quarto, mas foi logo surpreendido por um peso ter se jogado nas suas costas de repente.

Ele ia pegar a pessoa e arremessa-lá para o chão, só então percebeu bem na hora que o peso ficou leve e começou a ouvir risadas.

Henry parou bruscamente para não derrubá-lá.

- Te peguei! - Exclamou Beth vitoriosa, agarrada nas costas do pai.

- Tem certeza disso? - Desafiou Henry. Começou a levá-la até a cama dela, se preparando para arremessa-lá lá.

Beth se perdia em risadas enquanto tentava sair da armadilha do seu pai.

- Não é justo! - Protestou Beth, já querendo ceder. - Nããoo!

Henry a pegou de suas costas e a jogou para frente de maneira bem direcionada para o colchão. Beth gritou rindo e aterrissou confortavelmente na cama.

Henry se sentou ao lado dela.

- Como foi o voo? - Quis saber Henry. - Beth?

Beth permaneceu deitada com o rosto enterrado no edredom da cama. Henry riu, tocou no seu ombro, mas nenhum sinal.

- Beth? - Balançou o seu ombro, um pouco preocupado. Nada.

Chegou mais perto dela e a virou. Na hora que ele virou ela, não deu nem chance de tempo para reagir do pulo que Beth deu em cima dele, fazendo ele cair do chão junto com ela.

- Agora te peguei! - Bradou Beth, finalmente vitoriosa do seu feito. - Agora se rende, né?

- Ai... - Gemeu Henry de dor ao se levantar. - Claro, quase desmontou as costas do seu pai agora.

Beth olhou para ele e fez um sorriso sapeca.

- Papai já tá ficando igual a vovô Hank!? - Riu sem conseguir se segurar.

Henry ficou de boca aberta, indignado.

- Hora sua pestin...

Sem aviso, Beth correu logo para o corredor , sem esperar que seu pai começasse a perseguir por ela.

- Ei! - Exclamou Henry, indo apressadamente para o corredor.

- Vovô não me pega! - Provocou Beth, caindo em gargalhadas.

Henry acelerou os seus passos, mas mesmo assim não conseguiu acompanhar ela. Caramba, ela puxou quem?

Beth seguiu escada abaixo rindo e provocando o seu pai ainda, e Henry tentando alcançá-la.

Margaret se estranhou quando começou a ouvir o estrondo de passos vindo nas escadas rapidamente, mas entendeu o que estava acontecendo quando ouviu Beth rindo.

- Cuidado para não tropeçar no degrau! - Advertiu Margaret, mas Beth não pareceu ouvir.

Passou rapidamente de sua mãe e foi direto para a cozinha. Logo em seguida, Henry apareceu.

- Para onde ela foi? - Perguntou, tentando disfarçar que não estava cansado.

Margaret mirou com os olhos para a cozinha.

- Em baixo da mesa. - Sussurrou Margaret.

Henry assentiu. Foi indo até a cozinha sutilmente e assobiando, fingindo não ligar mais para Beth.

Ficou andando pela cozinha distraidamente, andou lá e cá. Em seguida, foi finalmente para a mesa, pegou a cadeira e se sentou.

- Humm. - Encenou Henry ao ver a torta em sua frente. - Hoje o café da manhã é torta de... - Henry olhou para Margaret. - De que mesmo, querida?

- De framboesa! - Encenou Margaret também.

- Torta de framboesa! - Continuou Henry. - Pena que Beth não está aqui... - Pegou a torta e se levantou. - Eu acho que vou comer a maior parte sozinho então...

No mesmo instante, Beth surgiu atrás dele e conseguiu capturar a torta de suas mãos, mas dessa vez Henry não a deixou escapar. Conseguiu pegar o seu braço e a puxou para si e a levantou.

Beth fez uma cara feia para Henry e abraçou a torta firmemente.

- É minha. - Avisou Beth.

Henry e Margaret não conseguiram se segurar, se perderam em risadas.

. . .

- Chegamos. - Disse Henry, em meio às vozes das crianças.

Beth bocejou e coçou os olhos, pegou um sono no meio do caminho de repente.

- Acordou tão animada hoje. - Disse Henry, sem entender. - E agora tá com sono?

Beth bocejou de novo e abriu a porta com destreza.

- É porque a escola dá sono em mim... - Disse Beth, desanimada. - Mas quando eu encontrar Christina e Sophia elas vão tirar o sono de mim.

Henry saiu do carro e foi acompanhar Beth até a escola dessa vez, com as mãos dadas. Ao chegar no portão da escola, viu um exército de pirralhos, uns mais novos do que os outros e outros mais velhos, mas o comportamento de todos era o mesmo.

- Pai. - Chamou Beth, puxando a sua mão.

- Sim, querida? - Henry percebeu a sua cara deprimida, mas não era por causa do sono. Henry se agachou e olhou para ela compreensivo. - O que houve minha rosa?

Beth contraiu os lábios e olhou para ele com tristeza.

- Agora que você é detetive... - Exitou Beth ao dizer, mas prosseguiu. - Agora vai trabalhar mais... não é?

- Sim... - Henry entendeu no que Beth queria dizer. - Mas parece que finalmente as autoridades dessa cidade tá começando a surgir de verdade novamente. - Henry levantou Beth e a abraçou. - Aí vou ter mais dias de folga para ver a minha rosa linda e... - Henry chegou mais perto dela, se aproximou no lado do seu cabelo e deu um cheiro, fazendo ela sentir cócegas e rir. - E cheirosa.

Henry colocou ela de volta no chão e se despediu dela.

Nem precisou de suas amigas para tirar o seu sono hoje, pensou Henry, enquanto via a sua filha sorrindo indo até as suas amigas.

Erguendo o pulso para frente de sua visão, viu o relógio.

Dessa vez vou chegar na hora certa no trabalho... Isso tá certo?

. . .

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