A Golden Gate sempre foi um símbolo de grandiosidade e esperança, uma ponte que ligava não apenas cidades, mas sonhos e promessas de um amanhã melhor. Agora, porém, ela se erguia sob o céu tingido de cinza e vermelho, parecendo menos um marco de progresso e mais uma barricada de desespero. O tráfego, que outrora fluía como um rio de vida, estava agora estagnado, uma massa de metal, fumaça e medo, bloqueando qualquer saída da cidade condenada.
Albert estacionou a viatura muito antes de chegar à entrada da ponte. A fila de carros se estendia por quilômetros, um engarrafamento interminável de veículos abandonados, motores superaquecidos e buzinas desesperadas. Ele saiu do carro, ajeitou o cinto e respirou fundo, preparando-se para atravessar aquele mar de caos a pé. Conforme caminhava, desviava-se de pessoas que corriam em direções opostas, algumas carregando malas inúteis, outras segurando crianças chorando nos braços. Rostos sujos e desesperados se misturavam ao som dos gritos, dos motores que ainda funcionavam e das buzinas incessantes que preenchiam o ar como um grito coletivo de desespero.
Os tiros ecoavam ao longe, mas ninguém parecia se importar mais com eles. Era como se fossem parte do cotidiano, um som tão comum quanto o próprio respirar. Albert empurrava pessoas que se esbarravam nele, esgueirando-se entre os veículos parados, sentindo o cheiro de gasolina, suor e medo impregnado no ar. O céu, agora iluminado pelo amanhecer, parecia indiferente ao caos que se desenrolava abaixo.
Quando finalmente chegou à entrada da ponte, viu um grupo de policiais se organizando apressadamente. Entre eles, um rosto familiar se destacou — cabelo grisalho, olhos cansados, mas ainda firmes, a postura de um homem que já vira muita coisa na vida. Albert reconheceu de imediato o sargento Ray Holden, um velho conhecido dos tempos da Segunda Divisão. Holden estava ao lado de outros oficiais, dando ordens rápidas antes de começar a avançar.
— Holden! — chamou Albert, acelerando o passo em meio à multidão.
O sargento se virou, os olhos se arregalando por um breve momento antes de se abrirem em um sorriso cansado, mas genuíno.
— Albert, seu desgraçado! — disse Holden, apertando a mão dele com força. — Nunca pensei que ficaria feliz em ver sua cara de novo, mas não temos tempo pra papo furado.
Albert assentiu, lançando um olhar ao redor.
— Qual a situação?
Holden limpou o suor da testa e bufou.
— Péssima. Sou o único sobrevivente da minha divisão, mas conseguimos nos juntar com o pessoal das outras divisões que restaram. Estamos tentando manter o controle do tráfego e fuzilando qualquer desgraçado morto que se aproxime das pessoas.
— Quantos vocês têm? — perguntou Albert, avaliando os rostos exaustos ao redor.
— Uns vinte policiais — respondeu Holden, olhando por cima do ombro. — Mas temos alguns bombeiros dando uma força também. O problema é que estamos ficando sem tempo.
— O que quer dizer com isso?
Holden suspirou profundamente, olhando para a imensidão da ponte congestionada.
— De acordo com um bombeiro que veio de South of Market, tem uma horda enorme vindo na nossa direção. Devem nos alcançar em pouco mais de uma hora. E se isso acontecer... — Ele fez uma pausa, olhando para a multidão de civis indefesos. — Vai ser uma chacina, Albert.
Albert passou a mão pelo rosto, absorvendo a gravidade da situação.
— E o exército?
Holden soltou uma risada amarga.
— Já tentamos conversar. Eles não cedem. O último policial que foi falar com aquele maldito comandante tomou um tiro antes de terminar a frase.
Albert franziu a testa.
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Zombie World: A Origem (Versão Estendida) - Livro 1
HorrorOs moradores do agradável bairro Laurel Heights se preparavam para uma das comemorações mais esperada do ano, o halloween. Quando monstros invadiram as ruas por doces ou travessuras, se depararam com algo mais real e assustador. Os mortos estavam de...