O xerife Albert estava sentado sozinho em seu escritório, o som distante do caos lá fora abafado pelas paredes grossas da delegacia. Sua cadeira inclinava levemente para trás enquanto ele fixava os olhos no mapa de San Francisco preso à sua mesa. Havia vários círculos desenhados à mão em diferentes áreas do mapa, destacando bairros como Japantown, Soma e North Beach. Ele segurava uma caneta firme na mão, analisando cada marca como se pudesse encontrar respostas escondidas entre as linhas.
O olhar dele se estreitou em direção à seção de Laurel Heights, onde havia feito um círculo maior. Era como se o padrão que ele buscava estivesse ali, mas algo ainda não fazia sentido. Ele esfregou os olhos, cansado, tentando juntar as peças em sua mente. O silêncio do momento foi interrompido de repente pelo som da porta se abrindo rapidamente.
— Xerife! — A voz urgente de Rachel chamou sua atenção.
Albert levantou os olhos para vê-la parada na porta. Rachel era uma mulher de porte firme, de pele negra e cabelos cacheados que caíam até os ombros, presos em uma bandana desgastada. Seus olhos estavam arregalados, refletindo a urgência da situação.
— A patrulha de Japantown acabou de chegar — anunciou ela.
Albert levantou-se de imediato, deixando a caneta cair sobre o mapa. Sem perder tempo, ele passou por Rachel, que o seguia pelo corredor até a recepção. O som de passos apressados ecoava nas paredes da delegacia, e ao entrar no saguão, a cena que o aguardava o fez parar por um momento.
Três policiais estavam lá, visivelmente exaustos, as roupas rasgadas e manchas de sangue por todo lado. Um deles estava com um corte profundo no braço, enquanto o outro mancava, segurando o ombro. Mas o que realmente chamou a atenção de Albert foi a figura de Emannuel, deitado no chão. Ele tinha uma ferida grotesca no pescoço, da qual o sangue escorria de forma descontrolada. Seus olhos estavam arregalados, mas a respiração era entrecortada e desesperada, como se cada segundo fosse uma luta para manter-se vivo.
Albert imediatamente ajoelhou-se ao lado de Emannuel, segurando a cabeça dele com cuidado.
— Ei, Emannuel, sou eu, Albert. Fica comigo, ok? — disse ele, sua voz firme, mas carregada de preocupação.
O policial agonizante tentou falar, mas apenas gemidos roucos escapavam de seus lábios. Albert pressionou uma das mãos sobre a ferida para conter o sangramento.
— Tragam um kit de curativos! Agora! — ordenou, olhando para trás rapidamente.
Ralph, o líder da patrulha de Japantown, estava parado, o olhar fixo em Albert, mas não se moveu. Ele parecia hesitar, trocando olhares com Rachel, que estava logo atrás do xerife.
— Eu disse, tragam um kit de curativos! — repetiu Albert, com mais força desta vez, dirigindo-se diretamente a Rachel.
Rachel continuou imóvel, uma expressão grave e pesada no rosto. Ela abriu a boca para dizer algo, mas hesitou.
— Xerife...
— Agora, Rachel! Não temos tempo! — Albert cortou-a, sem sequer levantar o olhar.
Rachel engoliu em seco e deu um passo à frente.
— Ele está infectado, Albert... — disse ela, a voz carregada de pesar.
As palavras atingiram Albert como um golpe. Ele ficou imóvel por um momento, ainda pressionando a ferida no pescoço de Emannuel. O policial em seus braços soltou um gemido baixo, mas Albert sentiu o peso da realidade se acomodando em seus ombros. Seus dedos tremeram por um instante, mas ele não soltou a cabeça de Emannuel.
— Não... ainda podemos salvá-lo — murmurou ele, a voz teimosa, quase como se estivesse tentando convencer a si mesmo.
Rachel balançou a cabeça lentamente.
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Zombie World: A Origem (Versão Estendida) - Livro 1
TerrorOs moradores do agradável bairro Laurel Heights se preparavam para uma das comemorações mais esperada do ano, o halloween. Quando monstros invadiram as ruas por doces ou travessuras, se depararam com algo mais real e assustador. Os mortos estavam de...