dias atuais

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Pov: Billie

O avião pousou em Los Angeles no final da tarde, e o peso da cidade caiu sobre meus ombros assim que as rodas tocaram a pista. Não era como voltar para casa. Era como voltar para uma guerra.

Alyssa ao meu lado estava tensa, os dedos entrelaçados no colo, e os olhos fixos na janela. Eu sabia que ela estava preocupada, e com razão. Mas, ao contrário dela, que tinha escolhido essa luta, eu ainda não estava certa se voltar era o melhor.

Quando descemos do avião e entramos na área de desembarque, não demorou para vermos Finneas e meu pai esperando. Meu irmão vestia seu habitual suéter azul e jeans, com os braços cruzados e uma expressão séria no rosto. Já meu pai, vestido impecavelmente de preto, parecia um rei esperando o retorno de um soldado que havia desertado.

— Olha só quem decidiu voltar — Finneas disse, o tom leve, mas os olhos carregados de preocupação.

— É bom ver você, Finn — falei, tentando sorrir.

— Não posso dizer o mesmo — murmurou ele, mas, no segundo seguinte, me puxou para um abraço apertado.

Meu pai, por outro lado, não se moveu. Apenas nos observou com os olhos afiados.

— Eu sabia que isso ia acontecer — ele disse, finalmente. — A fuga foi bonita, Billie. Mas não podemos fugir do que somos.

Eu segurei a mão de Alyssa, um lembrete silencioso de que eu estava ali por ela, por nós.

— Não estamos aqui para discutir isso agora — Alyssa disse, firme.

Meu pai arqueou uma sobrancelha, mas não disse mais nada. Apenas virou-se e começou a caminhar para a saída do aeroporto, esperando que o seguíssemos.

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Na casa dos meus pais, tomei um banho quente e finalmente me senti um pouco mais humana. Depois de tanto tempo fugindo, estar ali, cercada por familiaridade, era estranho. A comida, os móveis, o cheiro… tudo me lembrava de quem eu fui, mas não de quem eu sou agora.

Fui para a cozinha, encontrei Alyssa sentada à mesa com um sanduíche intocado à sua frente. Meu pai estava no escritório, e Finneas cochilava no sofá.

— Você está bem? — perguntei, sentando ao lado dela.

Ela demorou um pouco para responder.

— Vou para casa.

Meu estômago afundou.

— Sozinha?

— Preciso falar com meu pai, Billie. Eu não posso simplesmente aparecer em LA e esperar que ele aceite tudo.

Eu sabia que ela estava certa, mas odiava a ideia de deixá-la ir sozinha.

— Tem certeza?

— Sim.

Suspirei, passando a mão no rosto.

— Se algo acontecer, me liga. Eu vou até o inferno te buscar.

Ela sorriu de leve e segurou minha mão por um segundo antes de sair.

Pov: Alyssa

Chegar na minha casa foi como atravessar um portal para um mundo que eu queria esquecer.

Os homens do meu pai estavam por toda parte, armados como se estivessem esperando um ataque a qualquer momento. Assim que entrei na mansão, vi que todos estavam tensos. Algo estava errado.

Meu pai estava no centro da sala, de pé, o rosto rígido como pedra. Assim que me viu, seus olhos brilharam com um misto de raiva e alívio.

— Você finalmente teve o bom senso de voltar.

— Eu voltei para conversar — corrigi, mantendo a voz firme.

Ele deu um passo à frente, os punhos cerrados.

— Você me fez passar vergonha. Me desrespeitou. Se meteu com a inimiga. E ainda tem a ousadia de dizer que quer conversar?

Antes que eu pudesse responder, um grito de dor ecoou pela casa. Todos se viraram para ver minha madrasta, Dayla, segurando a barriga, o rosto pálido.

— Dayla! — Meu pai correu até ela.

O pânico se espalhou pela sala enquanto alguns dos seguranças chamavam por um carro. Eu me esqueci da discussão e corri até ela.

— Está doendo… — ela gemeu, suando frio.

— Vai ficar tudo bem — garanti, segurando sua mão.

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O hospital estava um caos. Médicos entravam e saíam, e meu pai andava de um lado para o outro, parecendo mais vulnerável do que eu já tinha visto.

Eu estava sentada ao lado dele na sala de espera quando decidi que aquele era o momento certo para falar.

— Pai… Eu quero ser feliz com a Billie.

Ele parou de andar e me encarou.

— O quê?

— Eu não quero casar com o Capo de Nova York. Nunca quis. Eu quero estar com a Billie.

Seu rosto se contorceu em fúria.

— Isso nunca vai acontecer.

Eu respirei fundo, me preparando para a tempestade.

— Eu não quero perder minha família, pai. Mas eu não vou abrir mão da Billie.

Ele ficou em silêncio, os olhos cheios de algo que eu não soube interpretar.

Antes que ele pudesse responder, uma enfermeira apareceu.

— Dayla está bem. Mas ela precisa ficar em observação.

Meu pai correu para o quarto, e eu fui atrás.

Dayla estava pálida, mas sorria.

— Foi só um susto — ela disse, acariciando a barriga.

Eu toquei sua mão e sorri.

— Que bom que está bem.

Meu pai se sentou ao lado dela, pegando sua mão. Era raro ver ele assim, tão humano.

Mandei uma mensagem para Billie:

"Vou passar a noite aqui. Te vejo amanhã."

A resposta veio rápido:

"Se precisar de mim, me liga. Eu te amo."

Sorri, sentindo um peso no peito. Eu também a amava. Mas o que aconteceria agora, eu ainda não sabia.

Separated by blood Onde histórias criam vida. Descubra agora