Ficamos em Greenville por mais um dia, antes de pegarmos um voo noturno de volta à Nova York. A primeira coisa que fazemos na manhã do sábado é passar pela soleira da porta e entrar no nosso
apartamento juntas. Dou uma olhada na sala de estar, enquanto Lisa coloca nossas
malas no canto. O apartamento parece ter acabado de ser limpo, está brilhando, e tem cheiro de lustra-móveis de limão. Está
exatamente do mesmo jeito que deixei há uma semana. Nada mudou.Como se estivesse lendo minha mente, Lisa diz:
– O pessoal da limpeza deu uma passada.
Olho pelo corredor em direção ao banheiro:
– E a fogueira?
Já tínhamos conversado sobre o ataque de piromania da Lisa. Ela disse que queimou algumas fotos, mas ainda tem algumas
cópias. Tudo o que foi perdido pode ser substituído.Não acham meio poético?
Falo, séria:
– Lisa, precisamos conversar.
Ela me responde com cautela.
– Nenhuma conversa na história da humanidade que começou com esta frase terminou bem. Vamos nos sentar.
Sento no sofá. Ela pega a cadeira reclinável e a vira para me ver. Vou direto ao ponto:
– Quero me mudar.
Ela tenta entender o que eu disse, enquanto me preparo para a discussão prestes a começar.
No entanto, ela apenas acena levemente:
– Você está certa.
– Estou?
– Claro, é lógico – ela olha pela sala – Devia ter pensado nisso antes. Foi aqui que seu maior pesadelo se tornou realidade. Igual
àquela casa de Horror em Amityville, quem seria o idiota que gostaria de continuar vivendo lá?Ela está reagindo melhor do que esperava. Até que continua:
– Minha irmã conhece um ótimo corretor de imóveis. Vou ligar para ela. Podemos ficar no Waldorf se quiser, até encontrarmos uma nova casa. Neste mercado, acho que não deve demorar muito.
– Não, Lisa, eu disse que eu quero me mudar. Sozinha. Quero ter meu próprio apartamento.
Sua sobrancelha se enruga.
– Por que você gostaria de fazer isso?
Provavelmente, você deve estar se perguntando a mesma coisa. Estive pensando nisso, planejando tudo na minha mente, desde que decidi que queria ficar com o bebê, com ou sem a Lisa. Porque há
tipos diferentes de dependência. Sempre quis ter segurança financeira, e agora tenho. Mas nunca fui independente no sentido emocional. Por conta própria. E, nesta época da minha vida, é algo que quero.Mesmo que seja apenas para provar a mim mesma que consigo fazer isso.
– Nunca vivi sozinha, sabia?
Ainda confusa, ela diz:
– Tá certo?
– No primeiro ano da faculdade, morei em residência. Em seguida, eu, a Dee, o Billy e outras pessoas alugamos um lugar fora
do campus. Aí depois, eu e o Billy ou eu, a Dee e o Billy sempre dividíamos uma casa ou um apartamento. Mais tarde, me mudei
para cá com você.Lisa se curva para frente, encostando seus cotovelos nos joelhos:
– Aonde quer chegar, Jennie?
– O que estou querendo dizer é que eu nunca voltei pra casa e não tive alguém me esperando. Eu nunca decorei ou comprei algum móvel sem consultar uma pessoa. Tenho 27 anos e, praticamente, nunca dormi sozinha.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Atraída 2 (JenLisa)
FanfictionÀs vezes, apaixonar-se pode se tornar algo um pouco... Enroscado. Jennie Kim era o tipo de pessoa planejada e cautelosa. Até conhecer Lalisa Manoban, sua namorada persistente e segura de si. Juntas, elas formam um casal que se joga no trabalho sem d...